LIVRO PÃO NOSSO - CHICO XAVIER POR EMMANUEL
COMBATE INTERIOR
“Tendo o mesmo combate que já em mim
tendes visto e agora ouvis estar em mim.” — Paulo. (FILIPENSES, CAPÍTULO 1, VERSÍCULO 30.)
Em plena juventude, Paulo terçou armas
contra as circunstâncias comuns, de modo a consolidar posição para impor-se no
futuro da raça. Pelejou por sobrepujar a inteligência de muitos jovens que lhe
foram contemporâneos, deixou colegas e companheiros distanciados. Discutiu com
doutores da Lei e venceu-os. Entregou-se à conquista de situação material
invejável e conseguiu-a.
Combateu por evidenciar-se no tribunal
mais alto de Jerusalém e sobrepôs-se a velhos orientadores do povo escolhido.
Resolveu perseguir aqueles que interpretava por inimigos da ordem estabelecida
e multiplicou adversários em toda parte. Feriu, atormentou, complicou situações
de amigos respeitáveis, sentenciou pessoas inocentes a inquietações
inomináveis, guerreou pecadores e santos, justos e injustos...
Surgiu,
contudo, um momento em que o Senhor lhe convoca o espírito a outro gênero de
batalha — o combate consigo mesmo.
Chegada
essa hora, Paulo de Tarso cala-se e escuta...
Quebra-se-lhe
a espada nas mãos para sempre.
Não tem
braços para hostilizar e sim para ajudar e servir.
Caminha,
modificado, em sentido inverso. Ao invés de humilhar os outros, dobra a
própria cerviz.
Sofre e
aperfeiçoa-se no silêncio, com a mesma disposição de trabalho que o
caracterizava nos tempos de cegueira.
É
apedrejado, açoitado, preso, incompreendido muitas vezes, mas prossegue sempre,
ao encontro da Divina Renovação.
Se ainda
não combates contigo mesmo, dia virá em que serás chamado a semelhante serviço.
Ora e
vigia, prepara-te e afeiçoa o coração à humildade e à paciência. Lembra-te, meu
irmão, de que nem mesmo Paulo, agraciado pela visita pessoal de Jesus,
conseguiu escapar.
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