quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013


SERIA INÚTIL

       “Respondeu-lhes: Já vo-lo disse e não ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir?” — (JOÃO, CAPÍTULO 9, VERSÍCULO 27.)

É muito freqüente a preocupação de muitos religiosos, no sentido de transformarem os amigos compulsoriamente, conclamando-os às suas convicções particularistas. Quase sempre se empenham em longas e fastidiosas discussões, em contínuos jogos de palavras, sem uma realização sadia ou edificante.
O coração sinceramente renovado na fé, entretanto, jamais procede assim.
É indispensável diluir o prurido de superioridade que infesta o sentimento de grande parte dos aprendizes, tão logo se deixam conduzir a novos portos de conhecimento, nas revelações gradativas da sabedoria divina, porque os discutidores de más inclinações se incumbem de interceptar-lhes a marcha.
A resposta do cego de nascença aos judeus argutos e inquiridores é padrão ativo para os discípulos sinceros.
Lógico que o seguidor de Jesus não negará um esclarecimento acerca do Mestre, mas se já explicou o assunto, se já tentou beneficiar o irmão mais próximo com os valores que o felicitam, sem atingir o alheio entendimento, para que discutir? Se um homem ouviu a verdade e não a compreendeu, fornece evidentes sinais de paralisia espiritual. Ser-lhe-á inútil, portanto, escutar repetições imediatas, porque ninguém enganará o tempo, e o sábio que desafiasse o ignorante rebaixar-se-ia ao título de insensato.
Não percas, pois, as tuas horas através de elucidações minuciosas e repetidas para quem não as pode entender, antes que lhe sobrevenham no caminho o sol e a chuva, o fogo e a água da experiência.
Tens mil recursos de trabalhar em favor de teu amigo, sem provocá-lo ao teu modo de ser e à tua fé.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


ATÉ AO FIM

       “Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.” — Jesus. (MATEUS, CAPÍTULO 24, VERSÍCULO 13.)

Aqui não vemos Jesus referir-se a um fim que simbolize término e, sim, à finalidade, ao alvo, ao objetivo.
O Evangelho será pregado aos povos para que as criaturas compreendam e alcancem os fins superiores da vida.
Eis por que apenas conseguem quebrar o casulo da condição de animalidade aqueles Espíritos encarnados que sabem perseverar.
Quando o Mestre louvou a persistência, evidenciava a tarefa árdua dos que procuram as excelências do caminho espiritual.
É necessário apagar as falsas noções de favores gratuitos da Divindade.
Ninguém se furtará, impune, à percentagem de esforço que lhe cabe na obra de aperfeiçoamento próprio.
As portas do Céu permanecem abertas. Nunca foram cerradas. Todavia, para que o homem se eleve até lá, precisa asas de amor e sabedoria. Para isto, concede o Supremo Senhor extensa cópia do material de misericórdia a todas as criaturas, conferindo, entretanto, a cada um o dever de talhá-las. Semelhante tarefa, porém, demanda enorme esforço. A fim de concluí-la, recruta-se a contribuição dos dias e das existências. Muita gente se desanima e prefere estacionar, séculos a fio, nos labirintos da inferioridade; todavia, os bons trabalhadores sabem perseverar, até atingirem as finalidades divinas do caminho terrestre, continuando em trajetória sublime para a perfeição.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


O CRISTO OPERANTE

       “Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios.” — Paulo. (GÁLATAS, CAPÍTULO 2, VERSÍCULO 8.)

A vaidade humana sempre guardou a pretensão de manter o Cristo nos círculos do sectarismo religioso, mas Jesus prossegue operando em toda parte onde medre o princípio do bem.
Dentro de todas as linhas de evolução terrestre, entre santuários e academias, movimentam-se os adventícios inquietos, os falsos crentes e os fanáticos infelizes que acendem a fogueira da opinião e sustentam-na. Entre eles, todavia, surgem os homens da fé viva, que se convertem nos sagrados veículos do Cristo operante.
Simão Pedro centralizou todos os trabalhos do Evangelho nascente, reajustando aspirações do povo escolhido.
Paulo de Tarso foi poderoso ímã para a renovação da gentilidade.
Através de ambos expressava-se o mesmo Mestre, com um só objetivo — o aperfeiçoamento do homem para o Reino Divino.
É tempo de reconhecer-se a luz dessas eternas verdades.
Jesus permanece trabalhando e sua bondade infinita se revela em todos os setores em que o amor esteja erguido à conta de supremo ideal.
Ninguém se prenda ao domínio das queixas injustas, encarando os discípulos sinceros e devotados por detentores de privilégios divinos. Cada aprendiz se esforce por criar no coração a atmosfera propícia às manifestações do Senhor e de seus emissários. Trabalha, estuda, serve e ajuda sempre, em busca das esferas superiores, e sentirás o Cristo operante ao teu lado, nas relações de cada dia.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


LUGAR DESERTO

       “E ele lhes disse: Vinde vós aqui, à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco.” — (MARCOS, CAPÍTULO 6, VERSÍCULO 31.)

A exortação de Jesus aos companheiros reveste-se de singular importância para os discípulos do Evangelho em todos os tempos.
Indispensável se torna aprender o caminho do “lugar à parte” em que o Mestre aguarda os aprendizes para o repouso construtivo em seu amor.
No precioso símbolo, temos o santuário íntimo do coração sequioso de luz divina.
De modo algum se referia o Senhor tão-somente à soledade dos sítios que favorecem a meditação, onde sempre encontramos sugestões vivas da natureza humana. Reportava-se à câmara silenciosa, situada dentro de nós mesmos.
Além disso, não podemos esquecer que o Espírito sedento de união divina, desde o momento em que se imerge nas correntes do idealismo superior, passa a sentir-se desajustado, em profundo insulamento no mundo, embora servindo-o, diariamente, consoante os indefectíveis desígnios do Alto.
No templo secreto da alma, o Cristo espera por nós, a fim de revigorar-nos as forças exaustas.
Os homens iniciaram a procura do “lugar deserto”, recolhendo-se aos mosteiros ou às paisagens agrestes; todavia, o ensinamento do Salvador não se fixa no mundo externo.
Prepara-te para servir ao Reino Divino, na cidade ou no campo, em qualquer estação, e não procures descanso impensadamente, convicto de que, muita vez, a imobilidade do corpo é tortura da alma. Antes de tudo, busca descobrir, em ti mesmo, o “lugar à parte” onde repousarás em companhia do Mestre.

domingo, 24 de fevereiro de 2013


TRABALHEMOS TAMBÉM

       “E dizendo: Varões, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões.” — (ATOS, CAPÍTULO 14, VERSÍCULO 15.)

O grito de Paulo e Barnabé ainda repercute entre os aprendizes fiéis.
A família cristã muita vez há desejado perpetuar a ilusão dos habitantes de Listra.
Os missionários da Revelação não possuem privilégios ante o espírito de testemunho pessoal no serviço. As realizações que poderíamos apontar por graça ou prerrogativa especial, nada mais exprimem senão o profundo esforço deles mesmos, no sentido de aprender e aplicar com Jesus.
O Cristo não fundou com a sua doutrina um sistema de deuses e devotos, separados entre si; criou vigoroso organismo de transformação espiritual para o bem supremo, destinado a todos os corações sedentos de luz, amor e verdade.
No Evangelho, vemos Madalena arrastando dolorosos enganos, Paulo perseguindo ideais salvadores, Pedro negando o Divino Amigo, Marcos em luta com as próprias hesitações; entretanto, ainda aí, contemplamos a filha de Magdala, renovada no caminho redentor, o grande perseguidor convertido em arauto da Boa Nova, o discípulo frágil conduzido à glória espiritual e o companheiro vacilante transformado em evangelista da Humanidade inteira.
O Cristianismo é fonte bendita de restauração da alma para Deus.
O mal de muitos aprendizes procede da idolatria a que se entregam, em derredor dos valorosos expoentes da fé viva, que aceitam no sacrifício a verdadeira fórmula de elevação; imaginam-nos em tronos de fantasia e rojam-se-lhes aos pés, sentindo-se confundidos, inaptos e miseráveis, esquecendo que o Pai concede a todos os filhos as energias necessárias à vitória.
Naturalmente, todos devemos amor e respeito aos grandes vultos do caminho cristão; todavia, por isto mesmo, não podemos olvidar que Paulo e Pedro, como tantos outros, saíram das fraquezas humanas para os dons celestiais e que o Planeta Terreno é uma escola de iluminação, poder e triunfo, sempre que buscamos entender-lhe a grandiosa missão.

sábado, 23 de fevereiro de 2013


CADÁVERES

       “Pois onde estiver o cadáver, ai se ajuntarão as águias.” — (MATEUS, CAPÍTULO 24, VERSÍCULO 28.)

Apresentando a imagem do cadáver e das águias, referia-se o Mestre à necessidade dos homens penitentes, que precisam recursos de combate à extinção das sombras em que se mergulham.
Não se elimina o pântano, atirando-lhe flores.
Os corpos apodrecidos no campo atraem corvos que os devoram.
Essa figura, de alta significação simbológica, é dos mais fortes apelos do Senhor, conclamando os servidores do Evangelho aos movimentos do trabalho santificante.
Em vários círculos do Cristianismo renascente surgem os que se queixam, desalentados, da ação de perseguidores, obsessores e verdugos visíveis e invisíveis. Alguns aprendizes se declaram atados à influência deles e confessam-se incapazes de atender aos desígnios de Jesus.
Conviria, porém, muita ponderação, antes de afirmativas desse jaez, que apenas acusam os próprios autores.
É imprescindível lembrar sempre que as aves impiedosas se ajuntarão em torno de cadáveres ao abandono.
Os corvos se aninham noutras regiões, quando se alimpa o campo em que permaneciam.
Um homem que se afirma invariavelmente infeliz fornece a impressão de que respira num sepulcro; todavia, quando procura renovar o próprio caminho, as aves escuras da tristeza negativa se afastam para mais longe.
Luta contra os cadáveres de qualquer natureza que se abriguem em teu mundo interior. Deixa que o divino sol da espiritualidade te penetre, pois, enquanto fores ataúde de coisas mortas, serás seguido, de perto, pelas águias da destruição.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013


COM CARIDADE

       “Todas as vossas coisas sejam feitas com caridade.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, CAPÍTULO 16, VERSÍCULO 14.)

Ainda existe muita gente que não entende outra caridade, além daquela que se veste de trajes humildes aos sábados ou domingos para repartir algum pão com os desfavorecidos da sorte, que aguarda calamidades públicas para manifestar-se ou que lança apelos comovedores nos cartazes da imprensa.
Não podemos discutir as intenções louváveis desse ou daquele grupo de pessoas; contudo, cabe-nos reconhecer que o dom sublime é de sublime extensão.
Paulo indica que a caridade, expressando amor cristão, deve abranger todas as manifestações de nossa vida.
Estender a mão e distribuir reconforto é iniciar a execução da virtude excelsa. Todas as potências do espírito, no entanto, devem ajustar-se ao preceito divino, porque há caridade em falar e ouvir, impedir e favorecer, esquecer e recordar. Tempo virá em que a boca, os ouvidos e os pés serão aliados das mãos fraternas nos serviços do bem supremo.
Cada pessoa, como cada coisa, necessita da contribuição da bondade, de modo particular.
Homens que dirigem ou que obedecem reclamam-lhe o concurso santo, a fim de que sejam esclarecidos no departamento da Casa de Deus, em que se encontram. Sem amor sublimado, haverá sempre obscuridade, gerando complicações.
Desempenha tuas mínimas tarefas com caridade, desde agora. Se não encontras retribuição espiritual, no domínio do entendimento, em sentido imediato, sabes que o Pai acompanha todos os filhos devotadamente.
Há pedras e espinheiros? Fixa-te em Jesus e passa.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


CONVENÇÕES

       “E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.” — (MARCOS, CAPÍTULO 2, VERSÍCULO 27.)

O sábado, nesta passagem evangélica, simboliza as convenções organizadas para o serviço humano. Há criaturas que por elas sacrificam todas as possibilidades de elevação espiritual. Quais certos encarregados dos serviços públicos que adiam indefinidamente determinadas providências de interesse coletivo, em virtude da ausência de um selo minúsculo, pessoas existem que, por bagatelas, abandonam grandes oportunidades de união com a esfera superior.
Ninguém ignora o lado útil das convenções. Se fossem totalmente imprestáveis, o Pai não lhes permitiria a existência no jogo das circunstâncias. São tabelas para a classificação dos esforços de cada um, tábuas que designam o tempo adequado a esse ou àquele mister; todavia, transformá-las em preceito inexpugnável ou em obstáculo intransponível, constitui grave dano à tranqüilidade comum.
A maioria das pessoas atende-as, antes da própria obediência a Deus; entretanto, o Altíssimo dispôs todas as organizações da vida para que ajudem a evolução e o aprimoramento dos filhos.
O próprio Planeta foi edificado por causa do homem.
Se o Criador foi a esse extremo de solicitude em favor das criaturas, por que deixarmos de satisfazer-lhe os divinos desígnios, prendendo-nos às preocupações inferiores da atividade terrestre?
As convenções definem, catalogam, especificam e enumeram, mas não devem tiranizar a existência. Lembra-te de que foram dispostas no caminho a fim de te servirem. Respeita-as, na feição justa e construtiva; contudo, não as convertas em cárcere.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013


A VINHA

“E disse-lhes: Ide vós também para a vinha e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram.” — (MATEUS, CAPÍTULO 20, VERSÍCULO 4.)

Ninguém poderá pensar numa Terra cheia de beleza e possibilidades, mas vogando ao léu na imensidade universal.
O Planeta não é um barco desgovernado. As coletividades humanas costumam cair em desordem, mas as leis que presidem aos destinos da Casa Terrestre se expressam com absoluta harmonia. Essa verificação nos ajuda a compreender que a Terra é a vinha de Jesus. Aí, vêmo-lo trabalhando desde a aurora dos séculos e aí assistimos à transformação das criaturas, que, de experiência a experiência, se lhe integram no divino amor.
A formosa parábola dos servidores envolve conceitos profundos. Em essência, designa o local dos serviços humanos e refere-se ao volume de obrigações que os aprendizes receberam do Mestre Divino.
Por enquanto, os homens guardam a ilusão de que o orbe pode ser o tablado de hegemonias raciais ou políticas, mas perceberão em tempo o clamoroso engano, porque todos os filhos da razão, corporificados na Crosta da Terra, trazem consigo a tarefa de contribuir para que se efetue um padrão de vida mais elevado no recanto em que agem transitoriamente.
Onde quer que estejas, recorda que te encontras na Vinha do Cristo.
Vives sitiado pela dificuldade e pelo infortúnio?
Trabalha para o bem geral, mesmo assim, porque o Senhor concedeu a cada cooperador o material conveniente e justo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013


E OS FINS?

       “Mas nem todas as coisas edificam.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, CAPÍTULO 10, VERSÍCULO 23.)

Sempre existiram homens indefiníveis que, se não fizeram mal a ninguém, igualmente não beneficiaram a pessoa alguma.
Examinadas nesse mesmo prisma, as coisas do caminho precisam interpretação sensata, para que se não percam na inutilidade.
É lícito ao homem dedicar-se à literatura ou aos negócios honestos do mundo e ninguém poderá contestar o caráter louvável dos que escolhem conscientemente a linha de ação individual no serviço útil. Entretanto, será justo conhecer os fins daquele que escreve ou os propósitos de quem negocia. De que valerá ao primeiro a produção de longas obras, cheias de lavores verbais e de arroubos teóricos, se as suas palavras permanecem vazias de pensamento construtivo para o plano eterno da alma? em que aproveitará ao comerciante a fortuna imensa, conquistada através da operosidade e do cálculo, quando vive estagnada nos cofres, aguardando os desvarios dos descendentes? Em ambas as situações, não se poderia dizer que tais homens cogitavam de realizações ilícitas; todavia, perderam tempo precioso, esquecendo que as menores coisas trazem finalidade edificante.
O trabalhador cônscio das responsabilidades que lhe competem não se desvia dos caminhos retos.
Há muita aflição e amargura nas oficinas do aperfeiçoamento terrestre, porque os seus servidores cuidam, antes de tudo, dos ganhos de ordem material, olvidando os fins a que se destinam. Enquanto isso ocorre, intensificam-se projetos e experimentos, mas falta sempre a edificação justa e necessária.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013


ESMAGAMENTO DO MAL

       “E o Deus de paz esmagará em breve a Satanás debaixo dos vossos pés.” — Paulo. (ROMANOS, CAPÍTULO 16, VERSÍCULO 20.)

Em toda parte do Planeta se poderá reconhecer a luta sem tréguas, entre o bem e o mal.
Manifesta-se o grande conflito, sob as mais diversas formas, e, no turbilhão de seus movimentos, muitas almas sensíveis, de modo invariável, conservam-se na atitude de invocação aos gênios tutelares para que estes venham à arena combater os inimigos que as atordoam, prostrando-os de vez.
Solicitar auxílio ou recorrer à lei da cooperação representam atos louváveis do Espírito que identifica a própria fraqueza, contudo, insistir para que outrem nos substitua no esforço, que somente a nós outros cabe despender, demonstra falsa posição, suscetível de acentuar-nos as necessidades.
Satanás, representando o poder do mal, na vida humana, será esmagado por Deus; todavia, Paulo de Tarso define, com bastante clareza, o local da vitória divina. O triunfo supremo verificar-se-á sob os pés do homem.
Quando a criatura, pela própria dedicação ao trabalho iluminativo, se entregar ao Pai, sem reservas, efetuando-lhe a vontade sacrossanta, com esquecimento do velho egoísmo animal, apreendendo a grandeza de sua posição de espírito eterno, atingirá a vitória sublime.
O Senhor Todo-Paternal já se entregou aos filhos terrestres, mas raros filhos se entregaram a Ele. Indispensável, pois, não esquecer que o mal não será eliminado, a esmo, e sim debaixo dos pés de cada um de nós.

sábado, 16 de fevereiro de 2013


TRABALHOS IMEDIATOS

       “Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas espontaneamente, segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto.” — (1ª EPÍSTOLA A PEDRO, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 2.)

Naturalmente, na pauta das possibilidades justas, ninguém deverá negar amparo ou assistência aos companheiros que acenam de longe com solicitações razoáveis; entretanto, constitui-nos obrigação atender ao ensinamento de Pedro, quanto aos nossos trabalhos imediatos.
Há criaturas que se entregam gostosamente à volúpia da inquietação por acontecimentos nefastos, planejados pela mente enfermiça dos outros e que, provavelmente, nunca sobrevirão.
Perdem longo tempo receitando fórmulas de ação ou desferindo lamentos inúteis.
A lavoura alheia e as ocorrências futuras, para serem examinadas, exigem sempre grandes qualidades de ponderação.
Além do mais, é imprescindível reconhecer que o problema difícil, ao nosso lado ou a distância de nós, tem a finalidade de enriquecer-nos a experiência própria, habilitando-nos à solução dos mais intrincados enigmas do caminho.
Eis a razão pela qual a nota de Simão Pedro é profunda e oportuna, para todos os tempos e situações.
Atendamos aos imperativos do serviço divino que se localiza em nossa paisagem individual, não através de constrangimento, mas pela boa vontade espontânea, fugindo cada vez mais aos nossos interesses particularistas e de ânimo firme e pronto para servir ao bem, tanto quanto nos seja possível.
As vezes, é razoável preocupar-se o homem com a situação mundial, com a regeneração das coletividades, com as posições e responsabilidades dos outros, mas não é justo esquecermo-nos daquele “rebanho de Deus que está entre nós”.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013


NAS ESTRADAS

       “E os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que neles foi semeada.” — Jesus. (MARCOS, CAPÍTULO 4, VERSÍCULO 15.)

Jesus é o nosso caminho permanente para o Divino Amor.
Junto dele seguem, esperançosos, todos os espíritos de boa-vontade, aderentes sinceros ao roteiro santificador.
Dessa via bendita e eterna procedem as sementes da Luz Celestial para os homens comuns.
Faz-se imprescindível muita observação das criaturas, para que o tesouro não lhes passe despercebido.
A semente santificante virá sempre, entre as mais variadas circunstâncias.
Qual ocorre ao vento generoso que espalha, entre as plantas, os princípios de vida, espontaneamente, a bondade invisível distribui com todos os corações a oportunidade de acesso à senda do amor.
Quase sempre a centelha divina aparece nos acontecimentos vulgares de cada dia, num livro, numa particularidade insignificante do trabalho, na prestimosa observação de um amigo.
Se o terreno de teu coração vive ocupado por ervas daninhas e se já recebeste o princípio celeste, cultiva-o, com devotamento, abrigando-o nas leiras de tua alma. O verbo humano pode falhar, mas a Palavra do Senhor é imperecível. Aceita-a e cumpre-a, porque, se te furtas ao imperativo da vida eterna, cedo ou tarde o anjo da angústia te visitará o espírito, indicando-te novos rumos.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013


FILHOS PRÓDIGOS

       “E caindo em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!” — (LUCAS, CAPÍTULO 15, VERSÍCULO 17.)

Examinando-se a figura do filho pródigo, toda gente idealiza um homem rico, dissipando possibilidades materiais nos festins do mundo.
O quadro, todavia, deve ser ampliado, abrangendo as modalidades diferentes.
Os filhos pródigos não respiram somente onde se encontra o dinheiro em abundância.
Acomodam-se em todos os campos da atividade humana, resvalando de posições diversas.
Grandes cientistas da Terra são perdulários da inteligência, destilando venenos intelectuais, indignos das concessões de que foram aquinhoados. Artistas preciosos gastam, por vezes, inutilmente, a imaginação e a sensibilidade, através de aventuras mesquinhas, caindo, afinal, nos desvãos do relaxamento e do crime.
Em toda parte, vemos os dissipadores de bens, de saber, de tempo, de saúde, de oportunidades...
São eles que, contemplando os corações simples e humildes, em marcha para Deus, possuídos de verdadeira confiança, experimentam a enorme angústia da inutilidade e, distantes da paz Intima, exclamam desalentados:  
— “Quantos trabalhadores pequeninos guardam o pão da tranqüilidade, enquanto a fome de paz me tortura o espírito!”
O mundo permanece repleto de filhos pródigos e, de hora a hora, milhares de vozes proferem aflitivas exclamações iguais a esta.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


NÃO É DE TODOS

       “E para que sejamos livres de homens dissolutos e maus, porque a fé não é de todos.” — Paulo. (2ª EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES, CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 2.)

Dirigindo-se aos irmãos de Tessalônica, o apóstolo dos gentios rogou-lhes concurso em favor dos trabalhos evangélicos, para que o serviço do Senhor estivesse isento dos homens maus e dissolutos, justificando apelo com a declaração de que a fé não é de todos.
Através das palavras de Paulo, percebe-se-lhe a certeza de que as criaturas perversas se aproxima¬riam dos núcleos de trabalho cristianizante, que a malícia delas poderia causar-lhes prejuízos e que era necessário mobilizar os recursos do espírito contra semelhante influência.
O grande convertido, em poucas palavras, gravou advertência de valor infinito, porque, em verdade, a cor religiosa caracterizará a vestimenta exterior de comunidades inteiras, mas a fé será patrimônio somente daqueles que trabalham sem medir sacrifícios, por instalá-la no santuário do próprio mundo intimo. A rotulagem de cristianismo será exibida por qualquer pessoa, todavia, a fé cristã revelar-se-á pura, incondicional e sublime em raros corações. Muita gente deseja assenhorear-se dela, como se fora mera letra de câmbio, enquanto que inúmeros aprendizes do Evangelho a invocam, precipitados, qual se fora borboleta erradia. Esquecem-se, porém, de que se as necessidades materiais do corpo reclamam esforço pessoal diário, as necessidades essenciais do espírito nunca serão solucionadas pela expectação inoperante.
Admitir a verdade, procurá-la e acreditar nela são atitudes para todos; contudo, reter a fé viva constitui a realização divina dos que trabalharam, porfiaram e sofreram pela adquirir.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


INCONSTANTES

       “Porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte.” — (TIAGO, CAPÍTULO 1, VERSÍCULO 6.)

Inegavelmente existe uma dúvida científica e filosófica no mundo que, alojada em corações leais, constitui precioso estímulo à posse de grandes e elevadas convicções; entretanto, Tiago refere-se aqui à inconstância do homem que, procurando receber os benefícios divinos, na esfera das vantagens particularistas, costuma perseguir variadas situações no terreno da pesquisa intelectual sem qualquer propósito de confiar nos valores substanciais da vida.
Quem se preocupa em transpor diversas portas, em movimento simultâneo, acaba sem atravessar porta alguma.
A leviandade prejudica as criaturas em todos os caminhos, mormente nas posições de trabalho, nas enfermidades do corpo e nas relações afetivas.
Para que alguém ajuíze com acerto, com respeito a determinada experiência, precisa enumerar quantos anos gastou dentro dela, vivendo-lhe as características.
Necessitamos, acima de tudo, confiar sinceramente na Sabedoria e na Bondade do Altíssimo, compreendendo que é indispensável perseverar com alguém ou com alguma causa que nos ajude e edifique.
Os inconstantes permanecem figurados na onda do mar, absorvida pelo vento e atirada de uma para outra parte.
Quando servires ou quando aguardares as bênçãos do Alto, não te deixes conduzir pela inquietude doentia. O Pai dispõe de inumeráveis instrumentos para administrar o bem e é sempre o mesmo Senhor Paternal, através de todos eles. A dádiva chegará, mas depende de ti, da maneira de procederes na luta construtiva, persistindo ou não na confiança, sem a qual o Divino Poder encontra obstáculos naturais para exprimir-se em teu caminho.

sábado, 9 de fevereiro de 2013


MAR ALTO

       “E, quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar.” — (LUCAS, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 4.)

Este versículo nos leva a meditar nos companheiros de luta que se sentem abandonados na experiência humana.
Inquietante sensação de soledade lhes corta o coração.
Choram de saudade, de dor, renovando as amarguras próprias.
Acreditam que o destino lhes reservou a taça da infinita amargura.
Rememoram, compungidos, os dias da infância, da juventude, das esperanças crestadas nos conflitos do mundo.
No íntimo, experimentam, a cada instante, o vago tropel das reminiscências que lhes dilatam as impressões de vazio.
Entretanto, essas horas amargas pertencem a todas as criaturas mortais.
Se alguém as não viveu em determinada região do caminho, espere a sua oportunidade, porquanto, de modo geral, quase todo Espírito se retira da carne, quando os frios sinais de inverno se multiplicam em torno.
Em surgindo, pois, a tua época de dificuldade, convence-te de que chegaram para tua alma os dias de serviço em “mar alto”, o tempo de procurar os valores justos, sem o incentivo de certas ilusões da experiência material. Se te encontras sozinho, se te sentes ao abandono, lembra-te de que, além do túmulo, há companheiros que te assistem e esperam carinhosamente.
O Pai nunca deixa os filhos desamparados, assim, se te vês presentemente sem laços domésticos, sem amigos certos na paisagem transitória do Planeta, é que Jesus te enviou a pleno mar da experiência, a fim de provares tuas conquistas em supremas lições.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013


A MARCHA

       “Importa, porém, caminhar hoje, amanhã e no dia seguinte.” — Jesus. (LUCAS, CAPÍTULO 13, VERSÍCULO 33.)

Importa seguir sempre, em busca da edificação espiritual definitiva. Indispensável caminhar, vencendo obstáculos e sombras, transformando todas as dores e dificuldades em degraus de ascensão.
Traçando o seu programa, referia-se Jesus à marcha na direção de Jerusalém, onde o esperava a derradeira glorificação pelo martírio. Podemos aplicar, porém, o ensinamento às nossas experiências incessantes no roteiro da Jerusalém de nossos testemunhos redentores.
É imprescindível, todavia, esclarecer a característica dessa jornada para a aquisição dos bens eternos.
Acreditam muitos que caminhar é invadir as situações de evidência no mundo, conquistando posições de destaque transitório ou trazendo as mais vastas expressões financeiras ao circulo pessoal.
Entretanto, não é isso.
Nesse particular, os chamados “homens de rotina” talvez detenham maiores probabilidades a seu favor.
A personalidade dominante, em situações efêmeras, tem a marcha inçada de perigos, de responsabilidades complexas, de ameaças atrozes. A sensação de altura aumenta a sensação de queda.
É preciso caminhar sempre, mas a jornada compete ao Espírito eterno, no terreno das conquistas Interiores.
Muitas vezes, certas criaturas que se presumem nos mais altos pontos da viagem, para a Sabedoria Divina se encontram apenas paralisadas na contemplação de fogos-fátuos.
Que ninguém se engane nas estações de falso repouso.
Importa trabalhar, conhecer-se, iluminar-se e atender ao Cristo, diariamente. Para fixarmos semelhante lição em nós, temos nascido na Terra, partilhando-lhe as lutas, gastando-lhe os corpos e nela tornaremos a renascer.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013


FALSAS ALEGAÇÕES

       “Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes.” — (LUCAS, CAPÍTULO 8, VERSÍCULO 28.)

       O caso do Espírito perturbado que sentiu a aproximação de Jesus, recebendo-lhe a presença com furiosas indagações, apresenta muitos aspectos dignos de estudo.
       A circunstância de suplicar ao Divino Mestre que não o atormentasse requer muita atenção por parte dos discípulos sinceros.
       Quem poderá supor o Cristo capaz de infligir tormentos a quem quer que seja? E, no caso, trata-se de uma entidade ignorante e perversa que, nos in-timos desvarios, muito já padecia por si mesma. A vizinhança do Mestre, contudo, trazia-lhe claridade suficiente para contemplar o martírio da própria consciência, atolada num pântano de crimes e defecções tenebrosas. A luz castigava-lhe as trevas interiores e revelava-lhe a nudez dolorosa e digna de comiseração.
O quadro é muito significativo para quantos fogem das verdades religiosas da vida, categorizando-lhe o conteúdo à conta de amargo elixir de angústia e sofrimento. Esses espíritos indiferentes e gozadores costumam afirmar que os serviços da fé alagam o caminho de lágrimas, enevoando o coração.
Tais afirmativas, no entanto, denunciam-nos. Em maior ou menor escala, são companheiros do irmão infeliz que acusava Jesus por ministro de tormentos.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013


PROVAS DE FOGO

       “E o fogo provará qual seja a obra de cada um.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 13.)

A indústria mecanizada dos tempos modernos muito se refere às provas de fogo para positivar a resistência de suas obras e, ponderando o feito, recordemos que o Evangelho, igualmente, se reporta a essas provas, há quase vinte séculos, com respeito às aquisições espirituais.
Escrevendo aos coríntios, Paulo imagina os obreiros humanos construindo sobre o único fundamento, que é Jesus Cristo, organizando cada qual as próprias realizações, de conformidade com os recursos evolutivos.
Cada discípulo, entretanto, deve edificar o trabalho que lhe é peculiar, convicto de que os tempos de luta o descobrirão aos olhos de todos, para que se efetue reto juízo acerca de sua qualidade.
O aperfeiçoamento do mundo, na feição material, pode fornecer a imagem do que seja a importância dessas aferições de grande vulto. A Terra permanece cheia de fortunas, posições, valores e inteligências que não suportam as provas de fogo; mal se aproximam os movimentos purificadores, descem, precipitadamente, os degraus da miséria, da ruína, da decadência. No serviço do Cristo, também é justo que o aprendiz aguarde o momento de verificação das próprias possibilidades. O caráter, o amor, a fé, a paciência, a esperança representam conquistas para a vida eterna, realizadas pela criatura, com o auxilio santo do Mestre, mas todos os discípulos devem contar com as experiências necessárias que, no instante oportuno, lhe provarão as qualidades espirituais.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


INTERCESSÃO

“Irmãos, orai por nós.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 25.)

Muitas criaturas sorriem ironicamente quando se lhes fala das orações intercessórias.
O homem habituou-se tanto ao automatismo teatral que encontra certa dificuldade no entendimento das mais profundas manifestações de espiritualidade. A prece intercessória, todavia, prossegue espalhando benefícios com os seus valores inalterados. Não é justo acreditar seja essa oração o incenso bajulatório a derramar-se na presença de um monarca terrestre a fim de obtermos certos favores.
A súplica da intercessão é dos mais belos atos de fraternidade e constitui a emissão de forças benéficas e iluminativas que, partindo do espírito sincero, vão ao objetivo visado por abençoada contribuição de conforto e energia. Isso não acontece, porém, a pretexto de obséquio, mas em conseqüência de leis justas. O homem custa a crer na influenciação das ondas invisíveis do pensamento, contudo, o espaço que o cerca está cheio de sons que os seus ouvidos materiais não registram; só admite o auxilio tangível, no entanto, na própria natureza física, vêem-se árvores venerandas que protegem e conservam ervas e arbustos, a lhes receberem as bênçãos da vida, sem lhes tocarem jamais as raízes e os troncos.
Não olvides os bens da intercessão.
Jesus orou por seus discípulos e seguidores, nas horas supremas.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013


A QUEM OBEDECES?

       “E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem.” — Paulo. (HEBREUS, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 9.)

Toda criatura obedece a alguém ou a alguma coisa.
Ninguém permanece sem objetivo.
A própria rebeldia está submetida às forças corretoras da vida.
O homem obedece a toda hora. Entretanto, se ainda não pôde definir a própria submissão por virtude construtiva, é que, não raro, atende, antes de tudo, aos impulsos baixos da natureza, resistindo ao serviço de auto-elevação.
Quase sempre transforma a obediência que o salva em escravidão que o condena. O Senhor estabeleceu as gradações do caminho, instituiu a lei do próprio esforço, na aquisição dos supremos valores da vida, e determinou que o homem lhe aceitasse os desígnios para ser verdadeiramente livre, mas a criatura preferiu atender à sua condição de inferioridade e organizou o cativeiro. O discípulo necessita examinar atentamente o campo em que desenvolve a própria tarefa.
A quem obedeces? Acaso, atendes, em primeiro lugar, às vaidades humanas ou às opiniões alheias, antes de observares o conselho do Mestre Divino?
É justo refletir sempre, quanto a isso, porque somente quando atendemos, em tudo, aos ensinamentos vivos de Jesus, é que podemos quebrar a escravidão do mundo em favor da libertação eterna.

domingo, 3 de fevereiro de 2013


PENSAMENTOS

       “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude e se há algum louvor, nisso pensai.” — Paulo. (FILIPENSES, CAPÍTULO 4, VERSÍCULO 8.)

       Todas as obras humanas constituem a resultante do pensamento das criaturas. O mal e o bem, o feio e o belo viveram, antes de tudo, na fonte mental quê os produziu, nos movimentos incessantes da vida.
       O Evangelho consubstancia o roteiro generoso para que a mente do homem se renove nos caminhos da espiritualidade superior, proclamando a necessidade de semelhante transformação, rumo aos planos mais altos. Não será tão-somente com os primores intelectuais da Filosofia que o discípulo iniciará seus esforços em realização desse teor. Renovar pensamentos não é tão fácil como parece à primeira vista. Demanda muita capacidade de renúncia e profunda dominação de si mesmo, qualidades que o homem não consegue alcançar sem trabalho e sacrifício do coração.
       É por isso que muitos servidores modificam expressões verbais, julgando que refundiram pensamentos. Todavia, no instante de recapitular, pela repetição das circunstâncias, as experiências redentoras, encontram, de novo, análogas perturbações, porque os obstáculos e as sombras permanecem na mente, quais fantasmas ocultos.
Pensar é criar. A realidade dessa criação pode não exteriorizar-se, de súbito, no campo dos efeitos transitórios, mas o objeto formado pelo poder mental vive no mundo íntimo, exigindo cuidados especiais para o esforço de continuidade ou extinção.
O conselho de Paulo aos filipenses apresenta sublime conteúdo. Os discípulos que puderem compreender-lhe a essência profunda, buscando ver o lado verdadeiro, honesto, justo, puro e amável de todas as coisas, cultivando-o, em cada dia, terão encontrado a divina equação.

sábado, 2 de fevereiro de 2013


PÁGINAS

       “Mas a sabedoria que vem do alto é primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.” —(TIAGO, CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 17.)

Toda página escrita tem alma e o crente necessita auscultar-lhe a natureza. O exame sincero esclarecerá imediatamente a que esfera pertence, no círculo de atividade destruidora no mundo ou no centro dos esforços de edificação para a vida espiritual.
Primeiramente, o leitor amigo da verdade e do bem analisar-lhe-á as linhas, para ajuizar da pureza do seu conteúdo, compreendendo que, se as suas expressões foram nascidas de fontes superiores, aí encontrará os sinais inequívocos da paz, da moderação, da afabilidade fraternal, da compreensão amorosa e dos bons frutos, enfim.
       Mas, se a página reflete os venenos sutis da parcialidade humana, semelhante mensagem do pensamento não procede das esferas mais nobres da vida. Ainda que se origine da ação dos Espíritos desencarnados, supostamente superiores, a folha que não faça benefício em harmonia e construção fraternal é, apenas, reflexo de condições inferiores.
       Examina, pois, as páginas de teu contacto com o pensamento alheio, diariamente, e faze companhia àquelas que te desejam elevação. Não precisas das que se te figurem mais brilhantes, mas daquelas que te façam melhor.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013


ESTAÇÕES NECESSÁRIAS

       “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor.” — (ATOS, CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 19.)

Os crentes inquietos quase sempre admitem que o trabalho de redenção se processa em algumas providências convencionais e que apenas com certa atividade externa já se encontram de posse dos títulos mais elevados, junto aos Mensageiros Divinos.
A maioria dos católicos romanos pretende a isenção das dificuldades com as cerimônias exteriores; muitos protestantes acreditam na plena identificação com o céu tão-só pela enunciação de alguns hinos, enquanto enorme percentagem de espiritistas se crê na intimidade de supremas revelações apenas pelo fato de haver frequentado algumas sessões.
Tudo isto constitui preparação valiosa, mas não é tudo.
Há um esforço iluminativo para o interior, sem o qual homem algum penetrará o santuário da Verdade Divina.
A palavra de Pedro à massa popular contém a síntese do vasto programa de transformação essencial a que toda criatura se submeterá para a felicidade da união com o Cristo. Há estações indispensáveis para a realização, porquanto ninguém atingirá de vez a eterna claridade da culminância.
Antes de tudo, é imprescindível que o culpado se arrependa, reconhecendo a extensão e o volume das próprias faltas e que se converta, a fim de alcançar a época de refrigério pela presença do Senhor nele próprio. Aí chegado, habilitar-se-á para a construção do Reino Divino em si mesmo.
Se, realmente, Já compreendes a missão do Evangelho, identificarás a estação em que te encontras e estarás informado quanto aos serviços que deves levar a efeito para demandar a seguinte.