sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS

OUÇAMOS
Carlos Goiano

Alguém já disse que os espíritas desencarnados quando aparecem à barra das comunicações mediúnicas permanecem carregados de complexos de culpa, e tinha razão.
Quase todos nós, atravessando o pórtico do sepulcro, retornando aos nossos templos de serviço e de fé, somos portadores de preocupação e remorso...
Raros de nós conseguimos sustentar tranqüilidade no semblante moral.
E  habitualmente,  em  nos  fazendo  sentir,  denunciamos  a  posição  de  infelizes  entre  a queixa e o desencanto, relacionando as surpresas que nos dilaceram a alma, o encontro de dores imprevistas, a identificação de problemas inesperados...
Topamos lutas com as quais não contávamos e derramamos lágrimas de aflição e arrependimento tardio...
Entretanto, isso acontece para demonstrar que, em nosso ideal redentor, esposamos a fé ao modo daqueles que se adaptam por fora a certas convicções intelectuais, guardando anquilosados por dentro velhos erros difíceis de remover.
- Procurai e achareis - disse-nos o Mestre.
E  na  condição  de  espíritas  esquecidos  da  necessidade  de  auto-regeneração,  usamos  a nossa  Doutrina  na  conquista  de  facilidades  temporais  que  nos  falem  de  perto  ao  conforto, 
olvidando que nós mesmos é que deveríamos ser usados por ela na construção de nosso próprio bem, através do bem a todos aqueles que nos acompanham na Terra.
- Procurai e achareis, sim...
Mas procuramos a satisfação desordenada de nossos desejos e buscamos a acomodação com a nossa inferioridade, desfazendo- nos em múltiplos tentames de amparo às requisições de nossa existência material, entre os homens nossos irmãos, olvidando, quase que totalmente, os imperativos de nossa reforma, nos padrões do Cristo, que afirmamos acompanhar, e, daí,  as  tragédias  encontradas  na  própria  mente - a  velha  arquivista  de  nossos  sentimentos, pensamentos, palavras e ações, antiga registradora de nossa vida real - a exibir-nos, à face da Lei, todos os quadros que nós mesmos plasmamos com invigilância deplorável.
Em verdade, como espíritas, fartamo-nos excessivamente no campo das bênçãos divinas.
Todos  estamos  informados,  com  respeito  às  próprias  responsabilidades  e  obrigações, entregues  ao  nosso  livre-arbítrio,  sem  autoridades  religiosas  que  nos  imponham  pontos  de vista, ou capazes de cercear-nos o vôo no caminho ascensional da verdadeira espiritualização.
Sabemo-nos confiados a nós mesmos, diante de Nosso Senhor, para construir abençoado futuro, além da morte, com trabalho inadiável no bem, cada dia, mas sentimo-nos na posse desse tesouro de liberdade à maneira dos filhos perdulários de uma casa generosa e rica que malversam os bens recebidos, ao invés de utilizá-los em benefício próprio.
Assim pois, terminando a nossa arenga despretensiosa, propomo-nos simplesmente recordar outra assertiva do Nosso Divino Condutor:
- Batei e abrir-se-vos-á.
As palavras do Cristo não são dúbias.
Constituem enunciado positivo.
- Batei e abrir-se-vos-á. 
Esses verbos, porém, tanto se reportam às portas do Céu como se referem às portas do inferno...
Batamos, assim, à porta do estudo nobre, conquistando o conhecimento superior.
Insistamos à porta da caridade, incorporando a verdadeira alegria.
Procuremos a continência, a disciplina, a educação, e o serviço, com o dever retamente cumprido, para ingressarmos em esferas mais elevadas, a começar desde hoje.
Fala-vos humilde companheiro de ideal e de luta.
Não tenho a presunção de ensinar, de recomendar, de salvar...
Auscultando as minhas necessidades, é que, finalizando a conversação, desejo apenas recorrer ainda ao aviso de nosso Eterno Benfeitor:
- Ouça quem tiver ouvidos de ouvir!

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