terça-feira, 6 de janeiro de 2015

LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS

O HOMEM E O TEMPO
Antero de Quental

Terminávamos as nossas atividades na noite de 5 de janeiro de 1956,quando fomos tomados de grande alegria. Pela primeira vez em nossa casa, compareceu o grande poeta português Antero de Quental à manifestação psicofônica, e, usando mímica e inflexão singularíssimas, ditou os dois sonetos intitulados "O Homem e o Tempo" que, ainda hoje, nos tocam profundamente a sensibilidade.

Disse o Homem ao Tempo: - Ó gênio triste!
Onde a tua caverna horrenda e escura?
Por que trazes velhice e desventura
A minha carne que te não resiste?
Abomino-te a clava estranha e dura
Que dilacera tudo quanto existe!...
Por que razão me segues, lança em riste,
Estendendo-me as noites de amargura?
Por que fazes o riso envolto em pranto
E derramas o fel do desencanto
No doce vinho da felicidade?
Quem és tu? Monstro ou deus, arcanjo ou fera?
Onde o ninho de sombra que te espera
Nos remotos confins da Eternidade?!
Mas o Tempo exclamou: - Ergue-te e lida!...
Sou o pajem divino que te exorta
A seguir para os Céus, de porta em porta,
Amparando-te os passos na subida...
Eras apenas larva indefinida
Quando arranquei-te à treva fria e morta.
Desde então, sou a luz que te transporta,
De forma em forma, para a Grande Vida.
Dou-te alegria e dor, miséria e glória,
Para que guardes, puro, na memória,
O amor de Deus que, em tudo, anda disperso...
Louva o trabalho que te imponho aos dias.
Sem meus braços, irmão, não passarias
De um verme preso às fumas do Universo.

Nenhum comentário: