sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
LIVRO "A CAMINHO DA LUZ" PSICOGRAFADO POR CHICO XAVIER PELO ESPIRITO DE EMMANUEL
Não é nosso propósito trazer à consideração dos estudiosos uma nova teoria da formação do mundo. A Ciência de todos os séculos está cheia de apóstolos e missionários.
Todos eles foram inspirados ao seu tempo, refletindo a claridade das Alturas, que as experiências do Infinito lhes imprimiram na memória espiritual, e exteriorizando os defeitos e concepções da época em que viveram, na feição humana de sua personalidade.
Na sua condição de operários do progresso universal, foram portadores de revelações gradativas, no domínio dos conhecimentos superiores da Humanidade.
Inspirados de Deus nos penosos esforços da verdadeira civilização, as suas ideias e trabalhos merecem o respeito de todas as gerações da Terra, ainda que as novas expressões evolutivas do plano cultural das sociedades mundanas tenham sido obrigadas a proscrever as suas teorias e antigas fórmulas.
Lembrando-nos, porém, mais detidamente, de quantos souberam receber a intuição da realidade nas perquirições do Infinito, busquemos recordar o globo terráqueo nos seus primeiros dias.
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
LIVRO "A CAMINHO DA LUZ" PSICOGRAFADO POR CHICO XAVIER PELO ESPIRITO DE EMMANUEL
A Gênese planetária
A COMUNIDADE DOS ESPÍRITOS PUROS
Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos do nosso sistema existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos.
A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção.
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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
LIVRO "A CAMINHO DA LUZ" PSICOGRAFADO POR CHICO XAVIER PELO ESPIRITO DE EMMANUEL
Enquanto as penosas transições do século XX se anunciam ao tinido sinistro das armas, as forças espirituais se reúnem para as grandes reconstruções do porvir.
Aproxima-se o momento em que se efetuará a aferição de todos os valores terrestres para o ressurgimento das energias criadoras de um mundo novo, e natural é que recordemos o ascendente místico de todas as civilizações que surgiram e desapareceram, evocando os grandes períodos evolutivos da Humanidade, com as suas misérias e com os seus
esplendores, para afirmar as realidades espirituais acima de todos os fenômenos transitórios da matéria.
Esse esforço de síntese será o da fé reclamando a sua posição em face da ciência dos homens e ante as religiões da separatividade, como a bússola da verdadeira sabedoria.
Diante dos nossos olhos de Espírito passam os fantasmas das civilizações mortas, como se permanecêssemos diante de um écran maravilhoso. As almas mudam a
indumentária carnal, no curso incessante dos séculos; constroem o edifício milenário da
evolução humana com as suas lágrimas e sofrimentos, e até nossos ouvidos chegam os ecos
dolorosos de suas aflições. Passam as primeiras organizações do homem e passam as suas grandes cidades, transformadas em ossuários silenciosos. O tempo, como patrimônio divino do Espírito, renova as inquietações e angústias de cada século, no senti do de aclarar o caminho das experiências humanas. Passam as raças e as gerações, as línguas e os povos, os países e as fronteiras, as ciências e as religiões. Um sopro divino faz movimentar todas as coisas nesse torvelinho maravilhoso. Estabelece-se, então, a ordem, equilibrando todos os fenômenos e movimentos do edifício planetário, vitalizando os laços eternos que reúnem a sua grande família.
Vê-se, então, o fio inquebrantável que sustenta os séculos das experiências terrestres, reunindo-as, harmoniosamente, umas às outras, a fim de que constituam o tesouro imortal da alma humana em sua gloriosa ascensão para o Infinito.
As raças são substituídas pelas almas e as gerações constituem fases do seu aprendizado e aproveitamento; as línguas são formas de expressão, caminhando para a expressão única da fraternidade e do amor, e os povos são os membros dispersos de uma grande família trabalhando para o estabelecimento definitivo de sua comunidade universal.
Seus filhos mais eminentes, no plano dos valores espirituais, são agraciados pela Justiça
Suprema, que legisla no Alto para todos os mundos do Universo, e podem visitar as outras
pátrias siderais, regressando ao orbe, no esforço abençoado de missões regeneradoras
À época da psicografia desta obra (1938) o mundo vivia sob a tensão dos preparativos para a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), não tão distante da Primeira (1914-1918) – N. D.
Écran: tela de cinema – N. D.
dentro das igrejas e das academias terrenas.
Na tela mágica dos nossos estudos, destacam-se esses missionários que o mundo muitas vezes crucificou na incompreensão das almas vulgares, mas, em tudo e sobre todos, irradia-se a luz desse fio de espiritualidade que diviniza a matéria, encadeando o trabalho das civilizações e, mais acima, ofuscando o “écran” das nossas observações e dos nossos estudos, vemos a fonte de extraordinária luz, de onde parte o primeiro ponto geométrico desse fio de vida e de harmonia, que equilibra e satura toda a Terra numa apoteose de movimento e divinas claridades.
Nossos pobres olhos não podem divisar particularidades nesse deslumbramento, mas sabemos que o fio da luz e da vida está em suas mãos. É Ele quem sustenta todos os elementos ativos e passivos da existência planetária. No seu coração augusto e misericordioso está o Verbo do princípio. Um sopro de sua vontade pode renovar todas as coisas e um gesto seu pode transformar a fisionomia de todos os horizontes terrestres.
Passaram as gerações de todos os tempos, com as suas inquietações e angústias. As guerras ensanguentaram o roteiro dos povos nas suas peregrinações incessantes para o conhecimento superior. Caíram os tronos dos reis e esfacelaram-se coroas milenárias. Os príncipes do mundo voltaram ao teatro de sua vaidade orgulhosa, no indumento humilde dos escravos, e, em vão, os ditadores conclamaram, e conclamam ainda, os povos da Terra, para o morticínio e para a destruição.
O determinismo do amor e do bem é a lei de todo o Universo e a alma humana emerge de todas as catástrofes em busca de uma vida melhor.
Só Jesus não passou, na caminhada dolorosa das raças, objetivando a dilaceração de todas as fronteiras para o amplexo universal. Ele é a Luz do Principio e em suas mãos misericordiosas repousam os destinos do mundo. Seu coração magnânimo é a fonte da vida para toda a Humanidade terrestre. Sua mensagem de amor, no Evangelho, é a eterna palavra da ressurreição e da justiça, da fraternidade e da misericórdia. Todas as coisas humanas passaram, todas as coisas humanas se modificarão. Ele, porém, é a Luz de todas as vidas terrestres, inacessível ao tempo e à destruição.
Enquanto falamos da missão do século XX, contemplando os ditadores da atualidade, que se arvoram em verdugos das multidões, cumpre-nos voltar os olhos súplices para a infinita misericórdia do Senhor, implorando-lhe paz e amor para todos os corações.
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terça-feira, 27 de janeiro de 2015
LIVRO "A CAMINHO DA LUZ" PSICOGRAFADO POR CHICO XAVIER PELO ESPIRITO DE EMMANUEL
Meus amigos, que Deus vos conceda paz.
É-me grata a vossa palestra a respeito dos nossos trabalhos. Esperemos e supliquemos a bênção do Alto para o nosso esforço. Dando seguimento aos nossos estudos, procuremos esforçar-nos por mostrar a verdadeira posição do Evangelho do Cristo, tanta vez incompreendido aí no mundo, em face das religiões e das filosofias terrenas.
Não deverá ser este um trabalho histórico. A história do mundo está compilada e feita. Nossa contribuição será à tese religiosa, elucidando a influência sagrada da fé e o ascendente espiritual, no curso de todas as civilizações terrestres. O livro do irmão Humberto de Campos foi a revelação da missão coletiva de um país; nosso esforço consistirá, tão somente, em apontamentos à margem da tarefa de grandes missionários do mundo e de povos que já desapareceram, esclarecendo a grandeza e a misericórdia do Divino Mestre.
Vamos esperar os dias próximos, quando tentaremos realizar nossos planos humildes de trabalho. Que Deus vos conceda a todos tranquilidade e saúde, e a nós as possibilidades necessárias. Muito vos agradeço o concurso de cada um no esforço geral.
Trabalhemos na grande colmeia da evolução, sem outra preocupação que não seja a de bem servir Àquele que, das Alturas, sabe de todas as nossas lutas e lágrimas. Confiemos n’Ele. Do seu coração augusto e misericordioso parte a fonte da luz e da vida, da harmonia e da paz para todos os corações. Que Ele vos abençoe.
EMMANUEL
(Mensagem recebida em 17/8/1938)
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LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS
Efigênio S. Vítor
Nas tarefas da noite de 3 de maio de 1956, recebemos a palavra do nosso amigo Efigênio S. Vítor, que abordou valioso tema, de sumo interesse para todos nós, os estudantes do Espiritismo.
Estejamos todos nós na paz do Senhor.
Com ligeiras palavras, abordaremos certo assunto que nos fala de perto aos serviços de intercâmbio.
Referimo-nos à estranheza que nos infundem muitas das dificuldades com que se evidenciam as entidades sofredoras e enfermiças em seus processos de comunicação.
Surgem nelas, quando menos esperamos, frustrações da memória com absoluta ocultação da personalidade, fazendo-se acompanhar por hiatos de cultura e de problemas sentimentais com que não contávamos, em se tratando de criaturas de nosso convívio pessoal, na experiência terrestre.
Criaturas que se nos afiguravam respeitáveis, emergem nas lides mediúnicas com expressões irreconhecíveis à nossa apreciação, e almas simples, que nos pareciam corretas, revelam-se de tal modo conturbadas, que as manifestações, a elas atribuídas, em várias circunstâncias mais se assemelham a tremendas mistificações.
Não podemos, entretanto, esquecer, nesse gênero de serviço, que nos achamos em contacto com Inteligências desencarnadas, muita vez padecendo ásperos choques em sua organização perispirítica, a se expressarem por amnésia parcial ou total.
O observador exigente poderá regalar-se na crítica, exigindo elementos de identificação individual imediata para que a sobrevivência seja necessariamente positivada, olvidando, porém, que ele mesmo, numa simples hora de temporário desprendimento, através do sono, não pode responder pelas próprias impressões, de vez que se envolve em campos emotivos, dificilmente transitáveis, adstritos à realidade de que ainda nos vemos muito distantes do comando completo de nossa vida mental, em toda a sua maravilhosa extensão.
É indispensável reparar, assim, que, nas atividades de assistência aos nossos irmãos infelizes ou extraviados nas trevas, em muitas ocasiões tratamos de perto com Espíritos caídos nas faixas de existências pretéritas, respirando em linhas inferiores de sensações e impressões que eles mesmos acreditavam definitivamente abandonadas, quando, no campo denso, nada fizeram por extirpar as raízes dos sentimentos indesejáveis que nutriram apaixonadamente em outras épocas.
Esses fenômenos, quando surgem, revelam-se diante de nós como enigmas mediúnicos de tremenda importância para os apostulados de nossa fé; no entanto, basta nos acomodemos à lógica para observar, com justeza de propósitos, que se a nós mesmos é demasiado difícil o governo das potências sensoriais, enquanto residimos transitoriamente na carne, durante a hipnose espontânea, a exprimir-se no sono de cada dia, como será transcendente para os desencarnados, que não se prepararam ante a vida do espírito, o fenômeno da separação compulsória de tudo o que lhes constituía o império dos desejos e dos hábitos na Terra, império esse de que se afastaram pelo constrangimento da morte...
Daí nasce o impositivo de muita paciência e serenidade a quem assiste e a quem doutrina, a quem socorre e a quem ajuda no campo da obsessão, no qual mentes encarnadas e desencarnadas se jungem, desvairadamente, umas às outras, criando verdadeiras simbioses de perturbação e criminalidade.
É por isso que convidamos os companheiros à bondade e à tolerância, diante de qualquer indagação ou surpresa da esfera medianímica, guardando-se, inapagável, o lume da oração, porque através da prece o amparo dos Planos Superiores se manifesta, incontinenti, auxiliando-nos no trato pacífico e edificante com todas as lutas naturais no caminho de quantos se propõem à tarefa de auxílio às mentes transviadas na sombra.
Esperamos que nossos irmãos possam, em diferente oportunidade, examinar a tese com propriedade e brilho de conceituação, definindo, com clareza possível, tais fenômenos que, em muitas circunstâncias, nos compelem a dúvidas desnecessárias e a lamentável perda de tempo.
Efigênio S. Vítor
FIM
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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS
Luís Alves
Noite de 1º de dezembro de 1955.
Com grande reconforto para o nosso grupo, quem comparece para o serviço de instrução é o Espírito Luis Alves, que, em estado de sofrimento, se comunicara anteriormente, em nossa agremiação.
Comovendo-nos a todos, ofereceu-nos a sua história, que ele mesmo considerou como "um caso singular".
Meus amigos:
Chamo-me Luís Alves, e, trazido ao recinto por devotados instrutores, recomendam que eu vos fale alguma coisa acerca de meu caso, que, indiscutivelmente, se partisse de outra criatura, talvez não me recebesse crédito algum, na hipótese de encontrar-me ainda encarnado entre os homens.
Tão triste quão bizarra, minha história provoca impressões diversas, desde a agonia ao riso franco, fazendo de mim um sofredor e um truão.
Muitas almas aparecem no berço, a fim de lutar. E muitas se escondem no sepulcro, para aprender.
Nasci na Terra para cumprir determinada tarefa no socorro aos doentes, sob o signo da solidão individual, para que mais eficiente se tornasse meu concurso a benefício dos outros, porém, em chegando aos trinta de idade, e vendo-me pobre e sozinho, apesar dos múltiplos trabalhos de enfermagem que me angariavam larga soma de afetos, entreguei-me, acovardado, ao desespero e, com um tiro no coração, aniquilei meu corpo.
Ah! Meus amigos, desde esse instante, começou a minha odisséia singular, porque me reconheci muito mais vivo do que antes, continuando ligado à minha carcaça inerte.
Não dispunha de parentes ou de amigos que me solicitassem os despojos. Entregue a uma escola de Medicina, chumbado ao meu corpo, passei a servir em demonstrações anatômicas.
Completamente anestesiado, ignorava as dores físicas, não obstante cortado de muitos modos; contudo, se tentava afastar-me da múmia que passara a ser minha sombra, o terrível sofrimento, a expressar-se por inigualável angústia, me constringia o peito, compelindo-m a voltar.
Dezenas de médicos jovens estudavam em minhas vísceras os problemas operatórios que lhes inquietavam a mente indecisa, alegando que meus tecidos cadavéricos eram sempre mais vivos e mais consistentes, mal sabendo que a minha presença constante lhes mantinha a coesão.
Ninguém na Terra, enquanto no corpo denso, pode calcular o martírio de um Espírito desencarnado, indefinidamente jungido aos próprios restos.
Minha aflição parecia não ter fim. Chorava, gritava, reclamava... mas, por resposta da vida, era objeto diário da atenção dos estudantes de cirurgia, que procuravam em mim o auxílio indireto para a solução de enigmas profissionais, a favor de numerosos doentes.
Ouvia a meu respeito incessantes observações que variavam do carinho ao sarcasmo e do ridículo à compaixão.
Muitos me fitavam com piedoso olhar, mas muitos outros me sacudiam de vergonha e de sofrimento, através dos pensamentos e das palavras com que me feriam e ofendiam a dolorosa nudez.
Com o transcurso do tempo, desgastou-se-me a vestimenta de carne nas atividades de cobaia, mas, ainda assim, professores e médicos afeiçoaram-se-me ao esqueleto, que diziam original e bem-posto, e prossegui em meu cárcere oculto.
Habitualmente assediado por aprendizes e estudiosos diversos, suportava, além disso, constante visitação de almas desencarnadas, viciosas e vagabundas, que me atiravam em rosto gargalhadas estridentes e, frases vis.
Vinte e seis anos decorreram sobre meu inominável infortúnio, quando, certo dia, a desfazer-me em pranto, recordei velho, amigo - o nosso Mitter. (1)
Bastou isso e ele me apareceu eufórico e juvenil, como nos tempos da mocidade primeira.
Compadecido, ouviu-me a horrenda história e, aplicando as mãos sobre mim, conseguiu libertar-me dos ossos, trazendo-me a vossa casa.
Respirei aliviado.
Como que a refundir-me num corpo diferente do meu, que ele designou como sendo “um instrumento mediúnico” consegui, enfim, chorar e clamar por socorro.
Vossas palavras e vossas preces, ao influxo dos benfeitores que nos assistem, operaram em mim o inesperado milagre...
Reconfortei-me, reaqueci-me...
De volta ao meu domicílio depois de passar por algumas horas em vosso templo de caridade, vim, a saber, que, graças a Deus, apesar do suicídio, em meu tremendo suplício moral conseguira cumprir a tarefa de amparo aos enfermos durante o tempo previsto.
De regresso a casa, oh! grande felicidade!... Doutor Mitter e eu observamos que com a minha ausência o velho arcabouço, apesar de protegido com segurança, se arrojara ao piso da sala, partindo-se-lhe a grande coluna.
Meu coração pulsava de alegria, porque a minha insubmissão não conseguira modificar o aresto justo da Lei.
E naquela hora meu júbilo acentuara-se, porque à maneira do pássaro, agora livre, fitava feliz a gaiola desfeita.
Banhava-se a paisagem no sol de rutilante manhã. Um velho professor penetrou o recinto, sendo abraçado por nosso amigo, que lhe segredou algo, confidencialmente, aos ouvidos.
O encanecido preceptor não nos viu e nem ouviu com os sentidos corpóreos, mas registrando a palavra do benfeitor, em forma de intuição, ordenou que os meus velhos ossos fossem queimados como resíduo inútil.
Desde então, livre e calmo, consagrei-me a vida nova e, visitando-vos na noite de hoje, para exprimir-vos jubilosa gratidão, ofereço-vos meu caso, não para que venhamos a rir ou a
chorar, mas simplesmente a pensar.
(1) Amigo espiritual que, por vezes, empresta valiosa cooperação ao nosso Grupo. -Nota do Organizador.
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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS
Carmen Cinira
Senhor, tu que deixaste a rutilante esfera
Em que reina a beleza e em que fulgura a glória,
Acolhendo-te, humilde, à palha merencória
Do mundo estranho e hostil em que a sombra ainda impera!
Tu que por santo amor deixaste a primavera
Da luz que te consagra o poder e a vitória,
Enlaçando na Terra o inverno, a lama e a escória
Dos que gemem na dor implacável e austera...
Sustenta-me na volta à escura estrelaria
Da carne que me espera em noite rude e fria,
Para ensinar-me agora a senda do amor puro!
E que eu possa em teu nome abraçar, renovada,
A redentora cruz de minha nova estrada,
Alcançando contigo a ascensão do futuro.
(1) Explicaram nossos Instrutores que a poesia não constitui uma despedida formal e sim uma prece da estimada irmã que se prepara atualmente, à luz do Evangelho, para esposar as lides de nova reencarnação terrestre. - Nota do Organizador.
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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS
Hilda
Continuando, quanto possível, a série de estudos da mente desencarnada, em posição de sofrimento, além do sepulcro, na noite de 15 de março de 1956 nossos benfeitores espirituais
trouxeram à comunicação a jovem Hilda (Espírito), suicida em reajuste, que nos ofertou interessantes apontamentos em torno da sua situação.
Amigos:
Há duas palavras com significação muito diferente na Terra e na Vida Espiritual.
Uma delas é “consciência”, a outra é “responsabilidade”.
No plano físico, muitas vezes conseguimos sufocar a primeira e iludir a segunda temporariamente, mas, no campo das Verdades Eternas, não será possível adormecer ou enganar uma e outra.
A consciência revela-nos tais quais somos, seja onde for, e a responsabilidade marcanos a fronte com os nossos merecimentos, culpas ou compromissos.
Enquanto desfrutais o aprendizado na experiência humana, acautelai-vos na conceituação dessas duas forças, porque o pensamento é a energia coagulante de nossas aspirações e desejos.
Por isso, não fugiremos aos resultados da própria ação.
Fala-vos humilde companheira que ainda sofre, depois de aflitiva tragédia no suicídio, alguém que conhece de perto a responsabilidade na queda a que se arrojou, infeliz.
O pensamento delituoso é assim como um fruto apodrecido que colocamos na casa de nossa mente.
De instante a instante, a corrupção se dilata e atraímos em nosso desfavor todos aqueles elementos que se afinam com a nossa invigilância e que se sentem garantidos por nossa incúria, presidindo-nos a perturbação que fatalmente nos arrasta a grande perda.
- Obsidiada fui eu, é verdade.
- Jovem caprichosa, contrariada em meus impulsos afetivos, acariciei a idéia da fuga, menoscabando todos os favores que a Providência Divina me concedera à estrada primaveril.
Acalentei a idéia do suicídio com volúpia e, com isso, através dela, fortaleci as ligações deploráveis com os desafetos de meu passado, que falava mais alto no presente.
Esqueci-me dos generosos progenitores, a quem devia ternura; dos familiares, junto dos - quais me empenhara em abençoadas dívidas de serviço; olvidei meus amigos, cuja simpatia poderia tomar por valioso escudo em minha justa defesa, e desviei-me do campo de sagradas obrigações, ignorando deliberadamente que elas, representavam os instrumentos de minha restauração espiritual.
Refletia no suicídio com a expectação de quem se encaminhava para uma porta libertadora, tentando, inutilmente, fugir de mim mesma.
E, nesse passo desacertado, todas as cadeias do meu pretérito se reconstituíram, religando-me às trevas interiores, até que numa noite de supremo infortúnio empunhei a taça fatídica que me liquidaria a existência na carne.
Refiro-me a essa hora terrível e inolvidável, para fortalecer em vosso espírito a: responsabilidade do pensamento criado, alimentado, e vivido...
No momento cruel, um raio de luz clareou-me por dentro!...
Eu não deveria morrer- assim - comecei a pensar.
Cabia-me guardar nos ombros, por título de glória, a cruz que o Senhor me confiara!...
Imensa repugnância pela deserção, de súbito, iluminou-me a alma; entretanto, na penumbra ao quarto, rostos sinistros se materializaram de leve e braços hirsutos me rodearam.
Vozes inesquecíveis e cavernosas infundiram-me estranho pavor, exclamando: -“É preciso beber.”
A bênção do socorro celeste fora como que abafada por todas as correntes de treva que eu mesma nutrira.
Debalde minha mão trêmula ansiou desfazer-se do líquido fatal.
Esvaíram-se-me as forças.
Senti-me desequilibrada e, embora sustentasse a consciência do meu gesto, sorvi, quase sem querer, a poção com que meu corpo se rendeu ao sepulcro.
Em verdade, eu era obsidiada...
Sofria a perseguição de adversários, residentes na sombra, mas perseguição que eu mesma sustentei com a minha desídia e ociosidade mental.
Corporificara, imprevidente, todas as forças que, na extrema hora, me facilitaram a queda.
Conservando a idéia lamentável, acabei lamentando a minha própria ruína.
Em razão disso, padeci, depois do túmulo, todas as humilhações que podem rebaixar a
mulher indefesa... Agora, que se me refazem as energias, recebi a graça de acordar nos amigos encarnados a noção de “responsabilidade” e “consciência”, no campo das imagens que nós mesmos criamos e alimentamos, serviço esse a que me consagrei, até que novo estágio entre os homens me imponha a recapitulação total da prova em que vim a desfalecer. É por essa razão que terminamos as nossas frases despretensiosas, lembrando a vós outros que o pensamento deplorável, na vida intima, é assim como o detrito que guardamos irrefletidamente em nosso templo doméstico.
Se somos atenciosos para com a higiene exterior, usando desinfetantes e instrumento de limpeza, assegurando a saúde e a tranqüilidade, movimentemos também o trabalho, a bondade e o estudo, contra a dominação do pensamento infeliz, logo que o pensamento infeliz se esboce levemente na tela de nossos desejos imanifestos.
Cumpramos nossas obrigações, visitemos o amigo enfermo, atendamos à criança desventurada, procuremos a execução de nossas tarefas, busquemos o convívio do livro nobre, tentemos a conversação robusta e edificante, refugiemos-nos no santuário da prece e devotemos-nos à felicidade do próximo, instalando-nos sob a tutela do bem e agindo sempre contra o pensamento insensato, porque, através dele, a obsessão se insinua, a perseguição se materializa, e, quando acordamos, diante da própria responsabilidade, muitas vezes a nossa consciência chora tarde demais.
Hilda
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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS
Batuíra
Finalizando as nossas atividades na noite de 4 de agosto de 1955, tivemos a palavra do grande companheiro Antônio Gonçalves Batuíra, denodado pioneiro do Espiritismo no Estado de São Paulo, que, de modo vibrante, nos convocou ao valor moral para mais alto padrão de eficiência da nossa tarefa espírita.
Meus irmãos, que a divina bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo seja louvada.
Pedir é mais que natural, no entanto, é razoável saber o que pedimos.
Habitualmente trazemos para o Espiritismo a herança do menor esforço, haurida nas confissões religiosas que nos viciaram a mente no culto externo excessivo, necessitando, assim, porfiar energicamente para que a vocação do petitório sistemático ceda lugar ao espírito de luta com que nos cabe aceitar os desafios permanentes da vida.
No intercâmbio com as almas desencarnadas, procedentes da esfera que vos é mais próxima, sois surpreendidos por todos os tipos de queda espiritual.
Sob tempestades de ódio e lágrimas, desesperação e arrependimento, consciências culpadas ou entorpecidas vos oferecem o triste espetáculo da derrota interior a que foram atiradas pelo próprio desleixo.
É que, soldados da evolução, esqueceram as armas do valor moral e da vontade firme
com que deveriam batalhar na Terra, na aquisição do próprio aprimoramento, passando à condição parasitária daqueles que recebem dos outros sem darem de si e acabando o estágio
humano, à feição de fantasmas da hesitação e do medo, a se transferirem dos grilhões da preguiça e da pusilanimidade à escravidão àquelas Inteligências brutalizadas no crime que operam, conscientemente, nas sombras.
Levantemo-nos para viver como alunos dignos do educandário que nos recolhe!
Encarnados e desencarnados, unamo-nos no dinamismo do bem para situar, sempre mais alto, a nossa oportunidade de elevação.
É inútil transmitir a outrem o dever que nos compete, porque o tempo inflexível nos aguarda, exigindo-nos o tributo da experiência, sem o qual não nos será possível avançar no progresso justo.
Todos possuímos escabroso pretérito por ressarcir, e, dos quadros vivos desse passado delituoso, recolhemos compulsoriamente os reflexos de nossos laços inferiores que, à maneira de raízes do nosso destino, projetam sobre nós escuras reminiscências.
Todos temos aflições e dúvidas, inibições e dificuldades, e, sem elas, certamente estaríamos na posição da criatura simples, mas selvagem e primitivista, indefinidamente privada do benefício da escola.
Clareemos o cérebro no estudo renovador e limpemos o coração com o esmeril do trabalho, e, então, compreenderemos que o Senhor nos emprestou os preciosos dons que nos valorizam a existência, não para rendermos culto às facilidades sem substância, engrossando a larga fileira dos pedinchões e preguiçosos inveterados, mas sim para que sejamos dignos companheiros da luz, caminhando ao encontro de seu amor e de sua sabedoria, com os nossos próprios pés.
Saibamos, assim, aprender a servir para merecer.
Postado por EDUARDO BARROS às 07:23 0 comentários
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS
Emmanuel
Finalizando as nossas atividades na noite de 15 de dezembro de 1955, foi Emmanuel, o nosso benfeitor de sempre, quem compareceu, através da organização mediúnica, deixando-nos expressiva oração de Natal.
Senhor Jesus!
Quando chegaste a Terra, através dos panos da manjedoura, aguardava-te a Escritura como sendo a luz para os que jazem assentados nas trevas!...
E, em verdade, Senhor, as sombras dominavam o mundo inteiro...
Sombras no trabalho, em forma de escravidão...
Sombras na justiça, em forma de crueldade...
Sombras no templo, em forma de fanatismo...
Sombras na governança, em forma de tirania...
Sombras na mente do povo, em forma de ignorância e de miséria...
Pouco a pouco, no entanto, ao clarão de tua infinita bondade, quebraram-se as algemas da escravidão, transformou-se a crueldade em apreciáveis direitos humanos, transmudou-se o fanatismo em fé raciocinada, converteu-se a tirania em administração e, gradualmente, a ignorância e a miséria vão recebendo o socorro da escola e da solidariedade.
Entretanto, Senhor, ainda sobram trevas no amor, em forma de egoísmo!
Egoísmo no lar...
Egoísmo no afeto...
Egoísmo na caridade...
Egoísmo na prestação de serviço...
Egoísmo na devoção...
Mestre, dissipa o nevoeiro que nos obscurece ainda os horizontes e ensina-nos a amar como nos amaste, sem buscar vaidosamente naqueles que amamos o reflexo de nós mesmos, porque, somente em nos sentindo verdadeiros irmãos uns dos outros, é que atingiremos, com a pura fraternidade, a nossa ressurreição para sempre.
Postado por EDUARDO BARROS às 06:51 0 comentários
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS
André Luiz
Na noite de 8 de janeiro de 1955,recolhemos a mensagem de P. Brandão, um amigo desencarnado que fora anteriormente socorrido por nossos Benfeitores em nosso templo de reconforto espiritual.
No início de nossas tarefas, na noite mencionada, havíamos lido por tema de meditação a palavra do Divino Mestre, em que nos recomenda: - “Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele.”
E o comunicante amigo reportou-se à citação evangélica, a fim de trazer-nos a sua experiência, repleta de material para nossos estudos em torno do ser e do destino.
Meus amigos.
O texto que nos serviu de meditação nesta noite foi aquele das palavras de nosso Divino Mestre: - “Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele.”
Certamente por isso determinam nossos orientadores algo vos fale de minha agoniada experiência.
Há dois anos, precisamente, tomei contato convosco. Nessa época, não passava de um infeliz psicopata, fora do corpo físico.
Triste duende da aflição na noite da angústia, carregava comigo todos os remanescentes da queda moral a que me despenhara.
Com o auxílio da palavra edificante e da oração fervorosa, senti que o Evangelho do Cristo me transformava...
Clareou-se-me a vida íntima e, amparado por braços amigos, fui conduzido a uma instituição de saúde espiritual.
Por dez meses consecutivos, submeti-me a tratamento.
Revigorado, compareci diante de observadores e analistas de nosso plano, junto dos quais o serviço de socorro iniciado em vosso templo, a meu benefício, encontrou a continuação necessária.
Subordinado a operações magnéticas, minha memória religou-se ao passado próximo e revi-me na existência última, encerrada há trinta anos.
Nos primeiros lustros do século corrente, era eu um rapaz egoísta e leviano, amigo da aventura e adversário do trabalho.
Desposei uma jovem rica e inexperiente, com o simples propósito de surrupiar-lhe a herança, já que o velhinho, que me seria sogro por alguns dias, abeirava-se do sepulcro, por ocasião de meu atrimônio.
Filha única e órfã de mãe, após o descesso do genitor minha mulher viu-se dona de considerável fortuna, que tratei de chamar a mim.
Valendo-me de uma procuração que me permitia atuar com plenos poderes, vendi-lhe as propriedades e reuni, em meu nome, a importância de novecentos contos de réis, e abandonei-a, fugindo para a Europa.
A volúpia do ouro e do prazer entonteceu-me a consciência.
Por cinco anos, mantive-me entre o jogo e a dissipação, até que, finalmente, a miséria e a tuberculose me bateram à porta.
Esmagado por atrozes desilusões, regressei ao Brasil, no entanto, surpreendido, vim a saber que minha esposa, incapaz de resistir à estrema pobreza a que fora por mim relegada, confiara-se ao prostíbulo, encontrando a morte num asilo de moléstias contagiosas, poucos dias antes de minha volta ao Rio.
Foi, então, que o remorso terminou a obra que a moléstia começara.
Em tempo breve, as aflições conscienciais me desligaram do vaso físico.
Fantasma do arrependimento e da culpa, deambulei sem consolo nas trevas de minha própria vida mental.
Não encontrava outras visões que não fossem aquelas de minha companheira a acusar-me ou de meus erros a se erguerem, indefinidamente, diante de meus olhos.
Sofri muito, até que o socorro divino me atingisse o coração desarvorado.
Tornando ao governo próprio e acordado para os deveres do reajuste, vi-me imbuído da sincera disposição de recuperar-me.
Esperançoso, perguntei por meu futuro, mas nossos Instrutores foram unânimes em declarar que ninguém avança sem saldar suas dívidas.
Atordoado, perguntava a mim mesmo por onde recomeçar.
A verdade, porém, surgia clara aos meus olhos.
A esposa desprezada era meu credor número um...
Busquei-a, ansiosamente, contudo, mais infortunada que eu mesmo, permanece ainda
anestesiada na delinquência, imantada a cúmplices de ações reprováveis, em furnas tenebrosas das regiões inferiores.
Ela, porém, é o meu credor principal, e, em razão disso, é o ponto básico de minha restauração.
Implorei o socorro da Compaixão Divina e, por intermédio daqueles heróis da beneficência que nos assistem, obtive permissão para nova romagem de luta, junto daquela que espezinhei.
Tomá-la-ei sob minha responsabilidade e tranporta-la-ei para o caminho da experiência humana, em meus braços, inconsciente qual se encontra.
Renasceremos juntos no berço carnal, amparados por um coração materno que já se dispôs a recolher-nos.
Seremos irmãos gêmeos, filhos de um parto duplo.
Ser-lhe-ei o guardião, o tutor e o amigo.
Em plena meninice, sofrerá ela as inibições orgânicas que, pouco a pouco, interná-la-ão num leito de amargura em que possa retificar os desequilíbrios perispiríticos e, assegurando-lhe a manutenção e o consolo, atenderei a regeneração de que necessito.
Conquistarei dificilmente o pão de cada dia para nós ambos.
Renunciarei a quaisquer vantagens nas lides materiais.
Nem aspirações mundanas realizadas, nem sonhos de felicidade atendidos, no aprendizado novo que me cabe desenvolver.
Envergarei a túnica do operário desfavorecido e sacrificado, para descobrir no trabalho a essência.
E, devotado e contente, montarei guarda à companheira que caiu por minha culpa.
Ser-me-á irmã torturada e querida, por quem devo adiar a concretização de qualquer esperança, no que se refira a minha ventura pessoal.
Entretanto, não lhe sou devedor de simples patrimônio moral, mas, perante as Leis Divinas, devo-lhe, ainda, dinheiro terrestre em moeda brasileira.
Compete-me restituir-lhe a importância que lhe pertencia, acrescida com juros de mora, que pagarei, vintém por vintém, até que nos desvencilhemos do cárcere de nossos débitos, recuperando, enfim, a oportunidade de progredir que, formosa, nos sorria no alvorecer deste século.
Minha palavra, pois, nesta noite, é um adeus e um agradecimento, constituindo igualmente, em nome das Leis de Deus, uma lição que devemos aproveitar.
“Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele.” (1)
Quem puder compreender, compreenda, porque o tempo funciona para os todos, dentro dos mesmos princípios.
Envolvendo, assim, os nossos benfeitores em meu agradecimento, espero abraçar-vos, de novo, amanhã, em Plena eternidade.
Que deus nos abençoe.
P. Brandão
(1) Mateus, 5:25. – Nota do Organizador.
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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS
Caírbar Schutel
Rematando as nossas atividades, na noite de 15 de setembro de 1955, fomos agraciados por bênção inesquecível.
Pela primeira vez, em nossa casa, tivemos a visita direta de Caírbar Schutel, o grande apóstolo do Espiritismo que, senhoreando as forças do médium, pronunciou vibrante alocução.
Meus amigos:
Que Nosso Senhor Jesus-Cristo nos conserve o amor no coração e a luz no cérebro, para que nossas mãos permaneçam vigilantes e diligentes no bem.
Quem assinala os dramas de aflição a emergirem da treva nas sessões mediúnicas, percebe facilmente a importância da vida humana como estação de refazimento e aprendizado.
Principalmente para nós, os que procuramos no Espiritismo uma porta iluminada de esperança para o acesso à verdade, a existência na terra se reveste de subido valor, porque não desconhecemos os perigos da volta à retaguarda.
Sentimos de perto o martírio das criaturas desencarnadas que se deixaram arrastar pelos furacões do crime e o tormento das almas, sem a concha física, que ainda se apegam desvairadamente à ilusão.
Somos testemunhas de culpas e remorsos que passaram impunes diante de tribunais terrestres, e anotamos a Justiça Imanente, Universal e Indefectível, que confere a cada Espírito o galardão da vitória ou o estigma da derrota, segundo as realizações que edificou para si mesmo.
Sabemos que não vale perguntar com a Ciência, menoscabando a consciência, e não ignoramos que as tragédias e as lágrimas que fazem o inferno, nas regiões sombrias, se originam , de maneira invariável, do sentimento desgovernado e vicioso.
Vede, pois, que em nos conchegando ao Cristo de Deus, buscando-lhe a inspiração para os nossos serviços e ideais, nada mais fazemos que situar os nossos princípios no lugar que lhes é próprio, porque a nossa Doutrina Renovadora é, sobretudo, um roteiro de aperfeiçoamento do homem, com a sublimação do caráter.
Entre as realidades amargas que nos visitam os templos de intercâmbio e certas predicações de companheiros cultos e entusiastas, mas imperfeitamente acordados para as responsabilidades que lhes competem, lembremo-nos de que quase vinte Séculos de Cristianismo verbal viram passar no mundo tronos e Estado, organizações e monumentos, guerras e acordos, casas de caridade e santuários de estudo em todas as linhas da civilização do Ocidente, erguendo-se em nome de Jesus e tornando ao pó de que nasceram, tão-somente com o beneficio da experiência dolorosa, haurida entre a sombra e a desilusão.
Levantemo-nos para a fé que nos redima por dentro.
Deus é o Senhor do Universo e da Natureza, mas determina sejamos artífices de nossos próprios destinos.
Renovemo-nos hoje ao Sol do Evangelho!
Cada qual de nós use a ferramenta das idéias superiores de que já dispõe e de conformidade com a lição de nosso Divino Mestre, estudada por nós nesta noite.Trabalhemos, “enquanto é dia”, na preparação do futuro de paz.
O Espiritismo não é um esporte de inteligência.
È um caminho de purificação para a glória eterna.
No cume da montanha que nos compete escalar, aguarda-nos o Senhor como o Sol da Vida.
Desentranhemos, assim, a gema de nossa alma do escuro cascalho da ignorância, para refletir-lhe a Divina Luz!
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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS
Anália Franco
Mãe Santíssima!...
Enquanto as mães do mundo são reverenciadas, deixa te recordemos a pureza incomparável e o exemplo sublime...
Soberana, que recebeste na palha singela o Redentor da Humanidade, sem te rebelares contra as mães felizes, que afagavam espíritos criminosos em palácios de ouro, ensina-nos a entesourar as bênçãos da humanidade.
Lâmpada de ternura, que apagaste o próprio brilho para que a luz do Cristo fulgurasse entre os homens, ajuda-nos a buscar na construção do bem para os outros o apoio de nossa própria felicidade.
Benfeitora, que te desvelaste, incessantemente, pelo Mensageiro da Eterna Sabedoria, sofrendo-lhe as dores e compartilhando-lhe as dificuldades, sem qualquer pretensão de furtalo aos propósitos de Deus, auxilia-nos a extirpar do sentimento as raízes do egoísmo e da crueldade com que tantas vezes tentamos reter na inconformação e no desespero os corações que mais amamos.
Senhora, que viste na cruz da morte o Filho Divino, acompanhando-lhe a agonia com as lágrimas silenciosas de tua dor, sem qualquer sinal de reclamação contra os poderes do Céu e sem qualquer expressão de revolta contra as criaturas da terra, conduze-nos para a fé que redime e para a renúncia que eleva.
Missionária, salva-nos do erro.
Anjo, estende sobre nós a níveas asas!...
Estrela, clareia-nos a estrada com teu lume...
Mãe querida, agasalha-nos a existência em teu manto constelado de amor!...
E que todas nós, mulheres desencarnadas e encarnadas em serviço na terra, possamos repetir, diante de Deus, cada dia, a tua oração de suprema felicidade:
“- Senhor, eis aqui tua serva, cumpra-se em mim segundo a tua palavra”.
Anália Franco
Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em noite de 10 de maio de
1956, em Pedro Leopoldo, MG
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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS
G.
No horário reservado à instrução, na noite de 14 de julho de 1955, nosso conjunto recolheu expressiva mensagem do irmão G., inserta neste capítulo, em que nos informa quanto aos seus primeiros instantes na Vida Espiritual.
Cabe-nos esclarecer que o comunicante, político e administrador de méritos indiscutíveis, recentemente desencarnado, esteve antes em nossa casa de preces, sob a custódia dos amigos espirituais que lhe amparavam a recuperação necessária e justa.
Mostrava-se, então, enfermiço e indisposto, mas a breve tempo, retemperado e fortalecido, retornou ao nosso templo, onde nos forneceu as valiosas impressões que passamos a transcrever.
Meus amigos:
Recordando aquele rico da parábola evangélica que não obteve permissão para tornar ao círculo doméstico, depois da morte, compreendo hoje perfeitamente a justeza da proibição que lhe frustrou o propósito, porque, sem sombra de dúvida, ninguém no mundo lhe daria crédito à palavra.
A experiência social na terra vive tão distraída nos jogos de máscara, que a visita da verdade sem mescla, a qualquer agrupamento humano, por muito tempo ainda será francamente inoportuna.
Falando assim ao vosso mundo afetivo, não nutro o menor interesse em quebrar a cadeia de enganos a que se aprisionam meus antigos laços do coração.
Profundamente transformado, depois da grande travessia, em que o túmulo é o marco de nosso retorno à realidade, dirijo-me particularmente a vós outros, navegantes da fé no oceano da vida, para destacar a necessidade de valorização do tempo nos curtos dias de nossa permanência no corpo.
Para exemplo, recorro ao meu caso, já que, pelo concurso fraterno, ligastes-vos ao processo de minha renovação.
Como sabeis, qual ocorre à árvore doente, que tomba aos primeiros toques do lenhador, caí também, de imprevisto, ao primeiro golpe da morte.
Industrial, administrador e homem público, em atividade intensa e incessante, não admitia que o sepulcro me requisitasse tão apressadamente à meditação.
A angina, porém, espreitava-me, vigilante, e fulminou-me sem que eu pudesse lutar.
Recordo-me de haver sido arremessado a uma espécie de sono que me não furtava a
consciência e a lucidez, embora me aniquilasse a os movimentos.
Incapaz de falar, ouvi os gritos dos meus e senti que mãos amigas me tateavam o peito, tentando debalde restituir-me a respiração.
Não posso precisar quantos minutos gastei na vertigem que me tomara de assalto, até que, em minha aflição por despertar, notei que a forma inerte me retomava a si, que minh’alma entontecida regressava ao corpo pesado; no entanto, espessa cortina de sombra parecia incorporar-se agora entre os meus afeiçoados e a minha palavra ressoante, que ninguém atendia...
Inexplicavelmente assombrado, em vão pedia socorro, mas acabei por resignar-me à idéia de que estava sendo vítima de estranho pesadelo, prestes a terminar.
Ainda assim, amedrontava-me a ausência de vitalidade e calor a que me via sentenciado.
Após alguns minutos de pavoroso conflito, que a palavra terrestre não consegue determinar, tive a impressão de que me aplicavam sacos de gelo aos pés.
Por mais verberasse contra semelhante medicação, o frio alcançava-me todo o corpo, até que não pude mais...
Aquilo valia por expulsão em regra.
Procurei libertar-me e vi-me fora do leito, leve e ágil, pensando, ouvindo e vendo...
Contudo, buscando afastar-me, reparei que um fio tênue de névoa branquicenta ligava minha cabeça móvel à minha cabeça inerte.
Indiscutivelmente delirava - , no entanto aquele sonho me dividia em duas personalidades distintas, não obstante guardar a noção perfeita de minha identidade.
Apavorado, não conseguia maior afastamento da câmara íntima, reconhecendo, inquieto, que me vestiam caprichosamente a estátua de carne, a enregelar-se.
Dominava-me indizível receio.
Sensações de terror neutralizavam-me o raciocínio.
Mesmo assim, concentrei minhas forças na resistência.
Retomaria o corpo.
Lutaria por reaver-me.
O delíquio inesperado teria fim.
Contudo, escoavam-se as horas e, não obstante contrariado, vi-me exposto à visitação pública.
Mas oh! irrisão de meu novo caminho!...
Eu, que me sentia singularmente repartido, observei que todas as pessoas com acesso ao recinto, diante de mim, revelavam-se divididas em identidade de circunstâncias, porque, sem poder explicar o fenômeno, lhes escutava as palavras faladas e as palavras imaginadas.
Muitas diziam aos meus familiares em pranto:
- Meus pêsames! Perdemos um grande amigo...
E o pensamento se lhes esguichava na cabeça, atingindo-me como inexprimível jato de força elétrica, acentuando: - “não tenho pesar algum, este homem deveria realmente morrer...”
Outras se enlaçavam aos amigos, e diziam com a boca:
- Meus sentimentos! O doutor G. morreu moço, muito moço.
E acrescentavam, refletindo: - “morreu tarde...ainda bem que morreu...Velhaco! deixou uma fortuna considerável... deve ter roubado excessivamente...”
Outras, ainda, comentavam junto à carcaça morta:
- Homem probo, homem justo!...
E falavam de si para consigo: - “político ladrão e sem palavra! Que a terra lhe seja leve e que o inferno o proteja!...”
Via-me salteado por interminável projeção de espinhos invisíveis a me espicaçarem o coração.
Torturado de vergonha, não sabia onde esconder-me.
Ainda assim, quisera protestar quanto às reprovações que me pareceram descabidas.
Realmente não fora o homem que deveria ter sido, no entanto, até ali, vivera como o trabalhador interessado em quitar-se com os seus compromissos.
Não seria falta de caridade atacarem-me, assim, quando plenamente inabilitado a qualquer defensiva?
Por muito tempo, perdurava a conturbação, até que encontrei algum alívio...
Muitas crianças das escolas, que eu tanto desejaria ter ajudado, oravam agora junto de mim.
Velhos empregados das empresas em que eu transitara, e de cuja existência não cogitara com maior interesse, vinham trazer-me respeitosamente, com lágrimas nos olhos, a prece e o carinho de sincera emoção.
Antigos funcionários, fatigados e humildes, aos quais estimara de longe, ofertavam-me pensamentos de amor.
Alguns poucos amigos envolveram-me em pensamentos de paz.
Aquietei-me, resignado.
Doce bálsamo de reconhecimento acalmou-me a aflição e pude chorar, enfim...
Com o pranto, consegui encomendar-me à Bondade Infinita de Deus, respirando consolo e apaziguamento.
Humilhado, aguardei paciente as surpresas da nova situação.
Estava inegavelmente morto e vivo.
O catafalco não favorecia qualquer dúvida.
Curtia dolorosas indagações, quando, em dado instante, arrebataram-me o corpo.
Achava-me livre para pensar, mas preso aos despojos hirtos pelo estranho cordão que eu não podia compreender e, em razão disso, acompanhei o cortejo triste, cauteloso e desapontado.
Não valiam agora o carinho sincero e a devoção afetiva com que muitos braços amigos me acalentavam o ataúde...
A vizinhança do cemitério abalava a escassa confiança que passara a sustentar em mim mesmo.
O largo portão aberto, a contemplação dos túmulos à entrada e a multidão que me seguia, compacta, faziam-me estarrecer.
Tentei apoiar-me em velhos companheiros de ideal e de luta, mas o ambiente repleto de palavras vazias e orações pagas como que me acentuava a aflição e o desespero.
Senti-me fraquejar.
Clamei debalde por socorro, até que, com os primeiros punhados de terra atirados sobre o esquife, caí na sepultura acolhedora, sem qualquer noção de mim mesmo.
Apagara-se o conflito.
Tudo era agora letargo, abatimento, exaustão...
Por vários dias repousei, até que, ao clarão da verdade, reconheci que as tarefas do industrial e político haviam chegado a termo.
Apesar disso, porém, a certeza da vida que não morre levantara-me a esperança.
Antigas afeições surgiram, amparando-me a luta nova e, desse modo, voltou à condição do servidor anônimo o homem que talvez indebitamente se elevara no mundo aos postos de diretiva.
É assim que, em vos visitando, devo estimular-vos ao culto dos valores claros e certos.
Instalar a felicidade no próprio espírito, através da felicidade que pudermos edificar para os outros, é a única forma de encontrarmos a verdadeira felicidade.
Tenho hoje a convicção de que os patrimônios financeiros apenas agravam as responsabilidades da alma encarnada, e a política, presentemente, para mim se assemelha à tina d’água que agitamos em esforço constante para vê-la sempre a mesma, em troca apenas do cansaço que nos impõe.
Todos os aparatos da experiência humana são sombras a se movimentarem nas telas
passageiras da vida.
Só o bem permanece.
Só o bem que idealizamos e plasmamos é a luz que fica.
Assim pois, buscando o bem, roguemos a Deus nos esclareça e nos abençoe.
Postado por EDUARDO BARROS às 06:49 0 comentários
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS
P. Comanducci
Na noite de 16 de fevereiro de 1956, fomos felicitados com a visita do nosso amigo espiritual, P.Comanducci, que foi médium extremamente devotado à causa do bem, cuja palavra passou a enfeixar a palestra educativa, aqui expressa:
Se há entidades desencarnadas que obsidiam criaturas humanas, temos criaturas humanas que vampirizam as entidades desencarnadas.
Isso é extremamente sabido.
Morando hoje, porém, no mundo dos Espíritos, em verdade não sei onde é maior a percentagem daquelas mentes que se consagram a semelhantes explorações.
Se da Terra para o além-túmulo, se do além-túmulo para a Terra...
Daí a necessidade do mais amplo cuidado nas instituições espírita-cristãs, em nossas lutas no intercâmbio.
Temos por diretriz clara e simples a Codificação do Missionário excelso que no século passado se entregou de alma e corpo à exumação dos princípios evangélicos, para trazer-nos, em nome do Cristo, a edificação de nossa fé.
Ainda assim, somos largamente tentados a favorecer a movimentação descendente do serviço que devemos à Humanidade, de vez que o menor esforço é uma espécie de “tiririca” no campo doutrinário em que fomos situados para aprender e servir.
Em plena fase de nossa iniciação no conhecimento espírita, habitualmente tomamos contacto com amigos desencarnados, detentores de conhecimento menos elevado que o nosso, a se nos ajustarem ao modo de ser e de viver, através dos fios da afetividade nem sempre bem conduzida, e, de imediato, somos induzidos aos problemas do favor.
Dificuldades morais cristalizam-se, obscuras, porque, se há desencarnados com vocação da sanguessuga, há muitos companheiros na carne com a inquietação da “chupeta”.
E ao invés do trabalho de recuperação de nossos próprios destinos, muitas vezes somos vítimas das próprias distrações, criando desajustes que, hoje aparentemente inofensivos, nos aguardam, amanhã, à feição de grandes desequilíbrios.
É necessário intensificar em nossas casas de ação um vasto trabalho de estudo e discernimento, para que a embarcação de nosso ideal não permaneça à matraca sobre as águas traiçoeiras da preguiça e da mistificação.
Não encontramos nos livros do Codificador qualquer conselho a determinados tipos de requisições ao mundo espiritual.
Não vemos Allan Kardec organizando reuniões ou círculos de prece para atender a comezinhas questões da luta humana, questões essas que exprimem lições indispensáveis à consolidação de nossa fé operosa e construtiva.
Não encontramos no Evangelho, fonte máter do Espiritismo, em suas linhas essenciais, qualquer atitude do Cristo que assegure imunidades à magia da delinquência.
Decerto, observamos o Senhor cercado por doentes que reclamavam alívio...
Vemo-lo, seguido de mães sofredoras, de crianças sem lar, de velhos sem esperança, de mutilados sem rumo, suplicando luz e coragem, amparo e esclarecimento, de modo a superarem mazelas e fraquezas, e reparamo-lo distribuindo o remédio, o socorro moral, a consolação e a bênção, a frase compassiva e o socorro de amor...
Entretanto, nunca vimos o Excelso Benfeitor, junto de romanos influentes, cogitar de propinas materiais a benefício dos aprendizes da Boa-Nova, não observamos a fé procurando impetrar o apoio celeste para matrimônios de força, para diminuir querelas na justiça humana, nem para a solução de quaisquer assuntos de natureza inferior, que, atinentes à experiência carnal, servem simplesmente como recursos de aprendizado, no campo de provas em que somos naturalmente localizados na Terra, para a consumação de nosso resgate ou para a elevação de nossas experiências.
Eis a razão pela qual, na posição de médium desencarnado que agora somos, podemos assegurar-vos que qualquer displicência da nossa parte, no assunto em lide; gera problemas muito difíceis para a nossa vida no Além, porquanto, se determinadas soluções reclamam amor, exigem também fortaleza de ânimo, para atingirem o desejável remate, com a dignidade precisa.
Não podemos escorraçar os que rogam obséquios do Além, em muitas ocasiões com vistas à criminalidade, mas não será lícito contemporizar com o intuito perverso que, muitas vezes, lhes dita os impulsos.
Indiscutivelmente, não podemos abraçar a tolerância com o mal, mas não será justo fugir à paciência, em benefício das vítimas dele, para que o espinheiro das trevas seja extirpado da região de serviço em que o Senhor nos localiza.
Muitos daqueles que hoje indagam pela possibilidade de cooperação inferior, amanhã podem solicitar o concurso genuíno do Céu.
Daí a nossa condição de hífens da caridade entre desencarnados menos esclarecidos e amigos humanos menos avisados, e, daí, o imperativo de muita serenidade, com o Evangelho do Senhor a reger a existência, para que não venhamos a escorregar no desfiladeiro da sombra.
É necessário estender mãos abertas e fraternais aos infelizes que se fazem vitimas da ignorância e da má-fé, contudo é indispensável que nosso coração não se imante aos propósitos menos dignos de que são portadores, a fim de que estejamos, no Espiritismo e na Mediunidade, atentos aos nobres deveres que nos prendem aos compromissos assumidos.
Na vida espiritual, encontrei muitos obstáculos que até hoje ainda não consegui de todo liquidar, em razão de minha imprevidência no trato com os interesses da alma. .
É por isso que, ao nos comunicarmos convosco, nesta noite, solicitai a todos os companheiros, presentes e ausentes, cautela contra o menor esforço, o terrível escalracho que nos
ameaça a esfera de manifestações. É por esse motivo que vos pedimos estudo e boa-vontade.
Não nos reportamos, no entanto, simplesmente ao ato de ler.
Leitura só por si, na alimentação da alma, equivale a simples ingestão de alimentos na sustentação do corpo.
Imprescindíveis se fazem a meditação e a aplicação do conhecimento superior para o acrisolamento do espírito, tanto quanto são necessárias a digestão e a assimilação dos valores ingeridos para a saúde e a robustez do veículo carnal de que nos utilizamos na Terra.
A alma necessita incorporar a si mesma os recursos que lhe são administrados pela Providência Divina, através das divinas instruções que fluem do Evangelho, que se derrama da Codificação Kardequiana e que vertem das mensagens de elevado teor, para que esteja realmente em dia com as obrigações que lhe cabem no mundo.
Procuremos, assim, a nossa posição de aprendizes fiéis ao Cristo e de trabalhadores leais da nossa Causa, porque, segundo as facilidades do intercâmbio, estabelecidas em nossos templos de caridade e de fé, ou faremos do Espiritismo um oráculo tendencioso e tumultuário, para a satisfação de baixos caprichos humanos, ou convertê-lo-emos no grande santuário de nossa ascensão para a Divina Imortalidade, através da sublimação de nossa vida.
P. Comanducci
Postado por EDUARDO BARROS às 07:43 0 comentários
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS
J. C.
Atingíramos a fase final da nossa reunião de 12 de julho de 1956, quando, trazido por nossos Benfeitores, compareceu em nosso recinto o Espírito J. C., que foi festejado e discutido médium de materializações nos arraiais espíritas do Brasil. Usando o canal psicofônico, J. C., recentemente desencarnado, evidenciava grande tortura íntima, ofertando-nos grave advertência, que, sinceramente, nos impele a demorada meditação.
Sou um médium desencarnado, pedindo ajuda para os médiuns que ainda se encontram no corpo físico... um companheiro que baixou, ferido, à retaguarda, rogando socorro para aqueles soldados que ainda perseveram na frente.
Isso, porque a frente vive superlotada de inimigos ferozes... inimigos que são a vaidade e o orgulho, a ignorância e a fragilidade moral, a inconformação e o egoísmo, a rebeldia e a
ambição desregrada, a se ocultarem na cidadela de nossa alma, e que, muitas vezes, são reforçadas em seu poder de assalto por nossos próprios amigos, porquanto, a pretexto de afetividade e devoção carinhosa, muitos deles nos comprometem o trabalho e, quase sempre, levianos e infantis, nos conduzem à ruína da sagrada esperança com que nascemos na experiência terrestre.
Sou o companheiro J. C., que muitos de vós conhecestes.
A jornada foi curta, mas acidentada e difícil. E, trazendo comigo os sinais da imensa luta, a se exprimirem por remorsos e lágrima, apelo para vós outros, a fim de que haja em nós todos, médiuns, doutrinadores, tarefeiros e beneficiários da Causa Espírita, uma noção mais avançada de nossas responsabilidades, diante do Cristo, nosso Mestre e Senhor.
Comecei retamente a empreitada, mas era demasiadamente moço e sem qualquer instrução que me acordasse a visão íntima para as conseqüências que me adviriam do cumprimento feliz ou infeliz das minhas obrigações.
Meus recursos medianímicos eram realmente os da materialização e, com eles, denodados benfeitores das esferas mais elevadas tutelavam-me a existência; entretanto, fugi ao estudo, injustificavelmente entediado das lições alusivas aos meus deveres e minha culpa foi agravada por todos aqueles amigos que, na sede inveterada de fenômenos, me alentavam a ignorância, como se eu não tivesse o compromisso de acender uma luz no coração ara que a romagem fosse menos árdua e o caminho menos espinhoso.
Com semelhante leviandade, surgiram as exigências – exigências altamente remuneradas, não pelo dinheiro fácil, mas pela notoriedade social, pelas relações prestigiosas e por todas as situações que nos estimulam a vaidade – quais se fôssemos donos das riquezas que nos bafejam o espírito, ainda imperfeito, em nome de Nosso Pai.
Em vista disso, mais cedo que eu poderia esperar, multidões da sombra, interessadas no descrédito de nossas atividades, cercaram-nos o roteiro. E, por mais me alertassem os Instrutores que jamais nos abandonam, as grossas filas de quantos me acenavam com a falsa estimação de meu concurso apagavam-me os gritos da consciência, transferindo-me, assim, à condição de joguete dos encarnados e dos desencarnados, menos apto ao convívio das revelações de nossa Doutrina Consoladora, com o que lhe aceitava, sem relutância, as sugestões magnéticas, agindo ao sabor de caprichos inferiores e delinquentes.
Cabe-me afirmar, com todo o amargor da realidade, que, distraído de mim mesmo, apático e semi-inconsciente, prejudiquei o elevado programa de nossos orientadores; contudo, os atenuantes de minha falta revelaram-se aqui, em meu favor, e a Providência Divina amparou o servo que caiu, desastrado, e que somente não desceu mais intensamente ao bojo das sombras, porque, com a bênção de Jesus, me despedi do mundo em extrema pobreza material, deixando a família em proveitosas dificuldades.
Comecei bem, repito, mas a inexperiência incensada fez-me olvidar o estudo edificante, o trabalho espontâneo de socorro aos doentes, e proteção fraterna aos necessitados e desvalidos e, segregado numa elite de criaturas que me desconheciam a gravidade da tarefa, entreguei-me, sem qualquer defensiva, ao domínio das forças que me precipitaram no nevoeiro.
Com o auxílio do Senhor, porém, antes que a delinquência mais responsável me estigmatizasse o espírito, a mão piedosa da morte física me separou do corpo que eu não soube aproveitar.
É por isso que, em vos visitando, qual soldado em tratamento, rogo para que os médiuns encontrem junto de vossos corações não apenas o testemunho das realidades espirituais, tantas vezes doloroso de dar-se e difícil de ser obtido, pelas deficiência e fraquezas de que somos portadores, mas também a partilha do estudo nobre, da fraternidade viva, do trabalho respeitável e da reta consciência...
Que eles sejam recebidos tais quais são...
Nem anjos, nem demônios.
Nem cobaias, nem criaturas milagreiras.
Guardemo-los por irmãos nossos, carregando consigo as marcas da Humanidade, solicitando redenção e sacrifício, abnegação e sofrimento.
A árvore para produzir com eficiência deve receber adubo no trato do solo em que o Senhor a fez nascer.
O rio para espalhar os benefícios de que é mensageiro, em nome da Natureza Divina, pode ser retificado e auxiliado em seu curso, mas não pode afastar-se do leito básico.
Oxalá possam os médiuns aprender que mais vale ser instrumento das consolações do espírito, na intimidade de um lar, ao aconchego de uma só família, que erigir-se em cartaz da imprensa, submetido a experimentações que, em muitas circunstâncias, acabam em frustração e bancarrota moral.
Saibam todos que mais vale socorrer a chaga de um doente, relegado ao desprezo público, que produzir fenômenos de espetaculares efeitos, cuja fulguração, quase sempre, cega aqueles que os recebem sem o preparo devido.
Ah! Meus amigos, o Espiritismo é o tesouro de luz de que somos, todos nós, quando entre os homens, carregadores responsáveis, para que a Humanidade se redima!...
Lembremos-nos de semelhante verdade, para que todos nós, na doutrinação e na mediunidade, na beneficência e no estudo, estejamos de atalaia contra os desastres do espírito, mantendo-nos no serviço constante da humildade e do amor, de modo a vencermos, enfim, a escabrosa viagem para os montes da Luz.
Postado por EDUARDO BARROS às 06:34 0 comentários
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS
Carlos Goiano
Alguém já disse que os espíritas desencarnados quando aparecem à barra das comunicações mediúnicas permanecem carregados de complexos de culpa, e tinha razão.
Quase todos nós, atravessando o pórtico do sepulcro, retornando aos nossos templos de serviço e de fé, somos portadores de preocupação e remorso...
Raros de nós conseguimos sustentar tranqüilidade no semblante moral.
E habitualmente, em nos fazendo sentir, denunciamos a posição de infelizes entre a queixa e o desencanto, relacionando as surpresas que nos dilaceram a alma, o encontro de dores imprevistas, a identificação de problemas inesperados...
Topamos lutas com as quais não contávamos e derramamos lágrimas de aflição e arrependimento tardio...
Entretanto, isso acontece para demonstrar que, em nosso ideal redentor, esposamos a fé ao modo daqueles que se adaptam por fora a certas convicções intelectuais, guardando anquilosados por dentro velhos erros difíceis de remover.
- Procurai e achareis - disse-nos o Mestre.
E na condição de espíritas esquecidos da necessidade de auto-regeneração, usamos a nossa Doutrina na conquista de facilidades temporais que nos falem de perto ao conforto,
olvidando que nós mesmos é que deveríamos ser usados por ela na construção de nosso próprio bem, através do bem a todos aqueles que nos acompanham na Terra.
- Procurai e achareis, sim...
Mas procuramos a satisfação desordenada de nossos desejos e buscamos a acomodação com a nossa inferioridade, desfazendo- nos em múltiplos tentames de amparo às requisições de nossa existência material, entre os homens nossos irmãos, olvidando, quase que totalmente, os imperativos de nossa reforma, nos padrões do Cristo, que afirmamos acompanhar, e, daí, as tragédias encontradas na própria mente - a velha arquivista de nossos sentimentos, pensamentos, palavras e ações, antiga registradora de nossa vida real - a exibir-nos, à face da Lei, todos os quadros que nós mesmos plasmamos com invigilância deplorável.
Em verdade, como espíritas, fartamo-nos excessivamente no campo das bênçãos divinas.
Todos estamos informados, com respeito às próprias responsabilidades e obrigações, entregues ao nosso livre-arbítrio, sem autoridades religiosas que nos imponham pontos de vista, ou capazes de cercear-nos o vôo no caminho ascensional da verdadeira espiritualização.
Sabemo-nos confiados a nós mesmos, diante de Nosso Senhor, para construir abençoado futuro, além da morte, com trabalho inadiável no bem, cada dia, mas sentimo-nos na posse desse tesouro de liberdade à maneira dos filhos perdulários de uma casa generosa e rica que malversam os bens recebidos, ao invés de utilizá-los em benefício próprio.
Assim pois, terminando a nossa arenga despretensiosa, propomo-nos simplesmente recordar outra assertiva do Nosso Divino Condutor:
- Batei e abrir-se-vos-á.
As palavras do Cristo não são dúbias.
Constituem enunciado positivo.
- Batei e abrir-se-vos-á.
Esses verbos, porém, tanto se reportam às portas do Céu como se referem às portas do inferno...
Batamos, assim, à porta do estudo nobre, conquistando o conhecimento superior.
Insistamos à porta da caridade, incorporando a verdadeira alegria.
Procuremos a continência, a disciplina, a educação, e o serviço, com o dever retamente cumprido, para ingressarmos em esferas mais elevadas, a começar desde hoje.
Fala-vos humilde companheiro de ideal e de luta.
Não tenho a presunção de ensinar, de recomendar, de salvar...
Auscultando as minhas necessidades, é que, finalizando a conversação, desejo apenas recorrer ainda ao aviso de nosso Eterno Benfeitor:
- Ouça quem tiver ouvidos de ouvir!
Postado por EDUARDO BARROS às 07:33 0 comentários