LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS
CARIDADE NA BOCA
José Xavier
Reunião da noite de 19 de abril de 1956.
O encerramento de nossas tarefas trouxe-nos a presença do amigo José Xavier, que, com a sua maneira peculiar de dizer, pronunciou a interessante alocução poética que vamos ler.
Amigos, embora seja
A minha frase mal posta,
Recordemos a palavra
De Pedro da Rocha Costa. (1)
Inda agora o nosso Ênio (2)
Releu com toda a atenção
O ensinamento do Mestre,
Referente à compaixão.
Contra a guerra persistente
Da maldade estranha e louca,
Adotemos a campanha
Da caridade na boca.
O Espiritismo é doutrina
De bênçãos do amor cristão,
Que nos pede cada dia
Mais ampla renovação.
Renovação, entretanto,
Quer dizer em toda idade
Constante esforço no bem,
Perdão e boa vontade.
Mas muitos de nós mantemos
O vício gritante e feio
De comentar com volúpia
Os infortúnios alheios.
Onde a desculpa escasseia,
De luz a paz morre à míngua.
Usemos, pois, com cuidado
A força de nossa língua.
“Palavras o vento leva”
- Exclama velho rifão.
Mas há palavras que esmagam
A vida do coração.
Ditamos afirmativas,
Em tom carinhoso e ameno,
Que valem por temporais
De lodo, lama e veneno.
De outras vezes, nosso verbo
Parece robusto e forte,
Mas reduz-se a sabre firme,
Abrindo chagas de morte.
Há línguas de acento nobre
Em que a eloqüência não falha,
Que vergastam como açoite
E cortam mais que navalha.
Há muita boca elegante,
Aveludada de arminho,
Que cospe na caminhada
Corda e pedra, fogo e espinho.
É que na Terra esquecemos,
Na sombra de nosso trato,
Que, além da morte, encontramos
O nosso próprio retrato.
Caridade!... Caridade!...
Quanta fala escura e inversa!...
Quem deseja auxiliar
Principia na conversa.
Não olvidemos na vida,
Na sede de luz total,
Que a boca maledicente
É uma oficina infernal.
Toda frase escura e torpe,
De que o torvo mal se ceva,
É uma força vigorosa
Que estende o poder da treva.
Quanto ao mais, Deus nos ajude
A guardar a Lei de cor,
Procurando em Jesus-Cristo
A nossa vida maior.
E, ao despedir-me, repito
Para o que der e vier:
Guardai convosco a amizade
Do irmão José Xavier.
José Xavier
(1) Refere-se nosso amigo ao comunicante da reunião precedente.
(2) Reporta-se o companheiro ao nosso amigo Ênio Santos, da equipe do Grupo Meimei, que, no início das tarefas, havia lido um trecho do Evangelho, acerca do perdão – Notas do Organizador.
José Xavier
Reunião da noite de 19 de abril de 1956.
O encerramento de nossas tarefas trouxe-nos a presença do amigo José Xavier, que, com a sua maneira peculiar de dizer, pronunciou a interessante alocução poética que vamos ler.
Amigos, embora seja
A minha frase mal posta,
Recordemos a palavra
De Pedro da Rocha Costa. (1)
Inda agora o nosso Ênio (2)
Releu com toda a atenção
O ensinamento do Mestre,
Referente à compaixão.
Contra a guerra persistente
Da maldade estranha e louca,
Adotemos a campanha
Da caridade na boca.
O Espiritismo é doutrina
De bênçãos do amor cristão,
Que nos pede cada dia
Mais ampla renovação.
Renovação, entretanto,
Quer dizer em toda idade
Constante esforço no bem,
Perdão e boa vontade.
Mas muitos de nós mantemos
O vício gritante e feio
De comentar com volúpia
Os infortúnios alheios.
Onde a desculpa escasseia,
De luz a paz morre à míngua.
Usemos, pois, com cuidado
A força de nossa língua.
“Palavras o vento leva”
- Exclama velho rifão.
Mas há palavras que esmagam
A vida do coração.
Ditamos afirmativas,
Em tom carinhoso e ameno,
Que valem por temporais
De lodo, lama e veneno.
De outras vezes, nosso verbo
Parece robusto e forte,
Mas reduz-se a sabre firme,
Abrindo chagas de morte.
Há línguas de acento nobre
Em que a eloqüência não falha,
Que vergastam como açoite
E cortam mais que navalha.
Há muita boca elegante,
Aveludada de arminho,
Que cospe na caminhada
Corda e pedra, fogo e espinho.
É que na Terra esquecemos,
Na sombra de nosso trato,
Que, além da morte, encontramos
O nosso próprio retrato.
Caridade!... Caridade!...
Quanta fala escura e inversa!...
Quem deseja auxiliar
Principia na conversa.
Não olvidemos na vida,
Na sede de luz total,
Que a boca maledicente
É uma oficina infernal.
Toda frase escura e torpe,
De que o torvo mal se ceva,
É uma força vigorosa
Que estende o poder da treva.
Quanto ao mais, Deus nos ajude
A guardar a Lei de cor,
Procurando em Jesus-Cristo
A nossa vida maior.
E, ao despedir-me, repito
Para o que der e vier:
Guardai convosco a amizade
Do irmão José Xavier.
José Xavier
(1) Refere-se nosso amigo ao comunicante da reunião precedente.
(2) Reporta-se o companheiro ao nosso amigo Ênio Santos, da equipe do Grupo Meimei, que, no início das tarefas, havia lido um trecho do Evangelho, acerca do perdão – Notas do Organizador.
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