quinta-feira, 6 de novembro de 2014

LIVRO VOZES DO GRANDE ALEM DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER POR ESPIRITOS DIVERSOS

APONTAMENTOS DE AMIGO
André Luiz

No término de nossas atividades, na reunião da noite de 13 de outubro de 1955, foi nosso amigo André Luiz quem compareceu, através do médium, induzindo-nos à serenidade e à coragem, com a mensagem seguinte.

Amigos:
Em vossos dias cinzentos, lembrai aqueles irmãos que perambulam nas trevas.
Padecendo as pedras da estrada, recordai os que se encontram atados ao leito imóvel.
Sob  o  aguaceiro  das  provas, não vos  esqueçais  dos que  estão  soterrados na lama  das grandes culpas.
Diante da mesa pobre, refleti nos companheiros sob o flagelo da fome.
Sofrendo a roupa escassa, contemplai as criaturas que a expiação veste de chagas.
Entre as alfinetadas dos dissabores, não olvideis os que tombam sob o punhal da grande miséria.
Não vos aconselheis com a desesperação.
Não vos acomodeis com a rebeldia.
Esperar com paciência, ofertando ao caminho o melhor de nós, é o segredo do grande Triunfo.
O tempo que faz a noite é o tempo que traz o dia.
Para escalar a montanha salvadora, fitemos quem brilha à frente!...
Para não cairmos, aniquilados pelo desânimo, na marcha de cada dia, reparemos quem chora na retaguarda!...
A luta é um instrumento divino.
Não a menosprezeis!...

*

Com estas palavras, apresentamos à nossa casa a irmã Francisca Júlia da Silva, que, havendo atravessado aflitivas provações, à morte do corpo físico, atualmente se propõe trabalhar no combate ao suicídio.
Rogamos, assim, alguns minutos de silêncio, a fim de que ela possa transmitir sua mensagem.
Logo após retirar-se, a poetiza anunciada tomou as possibilidades mediúnicas, com maneiras características, e pronunciou o belo soneto que ela própria intitulou com o expressivo apelo – Lutai!
Lutai!
Francisca Júlia da Silva

Por mais vos fira o sonho, a rajada violenta
Do temporal de fel que enlouquece e vergasta,
Suportai, com denodo, a fúria iconoclasta 
E o granizo cruel da lúrida tormenta.
Carreia a dor consigo a beleza opulenta
Da verdade suprema, eternamente casta;
Recebei-lhe o aguilhão que nos lacera e arrasta,
Ouvindo a voz da fé que vos guarda e apascenta.
De alma erguida ao Senhor varai a sombra fria! ...
Por mais horrenda noite, há sempre um novo dia,
Ao calor da esperança – a luz que nos enleva...
A aflição sem revolta é paz que nos redime.
Não olvideis na cruz redentora e sublime
Que a fuga para a morte é um salto para a treva.

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