quinta-feira, 1 de julho de 2010

ANTE À DOR

Quando a alma mergulhou na carne referta de vibrações, desejou transmitir tôda a musicalidade que conduzia virgem, e para que o tumulto do ambiente não lhe perturbasse a evocação, perdeu, paulatinamente, os registros auditivos para somente escutar nas telas da mente os acordes sublimes da natureza e de Deus e Beethoven ficou surdo! Para expressar a melancolia suave e a pungente saudade de algo que não se pode identificar, Chopin experimentou a amargura do coração perdido entre desejos e decepções. Destinado a ferir as cordas da emoção e tangê-las com habilidade, o espírito retornou ao palco de antigas lutas para defrontar-se com inimigos acirrados e vencê-los através da auto-doação, enchendo a Terra de musicalidade superior. Inquieto, todavia, fraquejando sem cessar, Schumann deixou-se arrastar pela caudal da obsessão, conquanto fizesse incomparável legado, através do Lied e das nobres melodias para piano.

FLORAÇÕES EVANGÉLICAS
DIVALDO FRANCO POR JOANNA DE ÂNGELIS

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