quarta-feira, 30 de novembro de 2011


OBSESSÃO

Filhos, não olvideis que os vossos afetos invisíveis do pretérito procuram interferir negativamente em vossos justos anseios espirituais do presente.
De todas as formas, eles buscarão se insinuar em vossos caminhos, impedindo a vossa desvinculação mental com o passado. Pela afinidade natural que convosco estabeleceram em experiências pregressas, lograrão fácil acesso ao vosso psiquismo, articulando aos vossos ouvidos inaudíveis palavras de desalento.
Praticamente sem tréguas, insistirão convosco na descrença, armando-vos o espírito contra os companheiros que vos têm concitado à renovação. Levantarão em vós suspeitas infundadas a respeito daqueles que podem vos influenciar para o bem.
Não raro, prepararão instrumentos para vossa queda no rol de vossas
afeições mais íntimas. Nos lábios dos que tenham alguma ascendência sobre vós, colocarão palavras que vos induzirão a reconsiderar atitudes e decisões no campo da fé. Os irmãos consangüíneos do Mestre o tinham à conta de homem fora do seu juízo perfeito... Quantos se fizeram cristãos nos primeiros tempos do Evangelho começavam a ser chamados ao testemunho no seio da própria família.
Os espíritos que lutam contra os propósitos de espiritualização das criaturas envidam esforços no sentido de que o seguidor de Jesus na Doutrina Espírita vincule a causa dos problemas materiais que enfrenta à sua nova opção de fé. Por este motivo, os espíritas sempre facearão acirrada perseguição material por parte dos opositores da Terceira Revelação. Além de sustentarem lutas cármicas pessoais, defrontar-se-ão com os adversários da Causa que abraçaram. No entanto o amparo espiritual não haverá de faltar a quem tome a decisão de renunciar às facilidades transitórias. Filhos, perseverai na fé e triunfareis!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011


CENTRO ESPÍRITA

Filhos, que o centro espírita - célula viva do Cristianismo em suas origens - vos
mereça o melhor carinho e consideração. Sempre que possível, integrai a equipe de companheiros que permanece lutando para que o templo espírita cristão tenha sempre as portas descerradas à comunidade.

Não vos isoleis uns dos outros, fugindo à convivência salutar que vos preserva o
discernimento e vos combate o personalismo. Em contato com os irmãos de ideal, as vossas idéias se reciclarão e a indispensável permuta de experiências vos será uma permanente fonte de inspiração para o trabalho. Os cristãos dos primeiros tempos do Evangelho na face do mundo, não atuavam isoladamente. A auto-suficiência espiritual carece de ser combatida com determinação.

Se considerais que nada tendes a aprender com os companheiros, não olvideis a vossa obrigação de ensinar. Quanto puderdes, no entanto, preocupai-vos em não vos aterdes única e simplesmente à teoria ou à disputa de cargos de liderança. Participai diretamente das tarefas mais humildes da casa espírita, vacinando o espírito contra o fascínio de si mesmo.

O Mestre lavou os pés aos apóstolos... Nas instituições meramente humanas, manda mais quem tenha mais dinheiro e poder, todavia, naquelas que transcendem os interesses dos homens, quem mais pode é quem mais serve. Filhos, adequai o centro espírita para que ele cumpra, na Terra, a sua função de educandário das almas. Dentro dele, consagrai um tempo sempre mais dilatado ao estudo da Doutrina, evitando que se transforme em foco de mediunismo e perturbação.

Que, em suas atividades, o grupo espírita dos dias atuais procure se assemelhar à
casa dos apóstolos, em Jerusalém, abençoada oficina de trabalho, que tanto se
preocupava em ser pão para o corpo quanto em ser luz para o espírito!

terça-feira, 22 de novembro de 2011


MEDIUNIDADE

Filhos, a mediunidade é o pábulo espiritual que vos sustenta a crença na imortalidade. Haja o que houver, não vos afasteis dos vossos deveres mediúnicos, procurando o próprio fortalecimento e o de vossos irmãos.

O intercâmbio com o Mundo Espiritual foi referendado pelo Cristo, que, transfigurando-se no Tabor, manteve estreito contacto com os espíritos de
Moisés e Elias.

Mais tarde, Ele mesmo, por diversas vezes, apareceria redivivo aos olhos dos
companheiros amados, consentindo, inclusive, que um deles tocasse em suas feridas, para certificar-se da realidade da vida além da morte. As alegrias que vos serão advindas do cumprimento de vossas obrigações na mediunidade compensarão todas as vossas dores e sacrifícios.

Disciplinai-vos. Crescei em espírito e vereis as vossas faculdades medianímicas se
ampliarem em suas possibilidades. Todo caminho de ascensão é repleto de obstáculos. Não queirais transpô-los à pressa, mas estai convictos de que o êxito em qualquer empreendimento demanda tempo de preparação.

Não duvideis hora alguma da ação dos desencarnados sobre vós... Devotai-vos à
prática do bem ao semelhantes, criando um ambiente propício para a fé. A ociosidade conduz ao cepticismo. A indiferença ante a dor de quem chora relega ao descaso os assuntos pertinentes à alma.

Tende a fé em vós mesmos! Não vacileis na tarefa que vos tenha sido confiada em vosso singelo círculo de atividades doutrinárias. Elevai-vos mentalmente e equilibrai os vossos sentimentos para transmitirdes com a fidelidade possível os recados do Mais Além. Sobretudo, preocupai-vos em serdes intérpretes das boas obras...

Filhos, o exercício da mediunidade com Jesus não exime o medianeiro de suas provas. Vertei o amaro pranto de que vos seja causa a ingratidão dos homens, preferindo as lágrimas derramadas no cumprimento do dever do que a satisfação ilusória de quem deixa de fazer o que deve pelo que quer.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011


SER ESPÍRITA

Filhos, ser espírita é oportunidade de vivenciar o Evangelho em espírito e verdade. O seguidor da Doutrina é alguém que caminha sobre o mundo, mais consciente de seus erros que de seus acertos. Por este motivo – pela impossibilidade de conformar os interesses do homem velho com os anseios do homem novo, ele quase sempre deduz que professar a fé espírita não é tarefa fácil. Toda mudança de hábito, principalmente daquele que lhe esteja mais arraigado, impõe à criatura encarnada sacrifícios inomináveis.

O rompimento com o "eu" é um parto laborioso, em que, não raro, sem experimentar inúmeras recaídas, o espírito não vem à luz... O importante é que não vos deixeis desalentar. Recordai que, para o trabalho inicial do Evangelho, Jesus requisitou o concurso de doze homens e não de doze anjos.

Talvez o problema maior para os companheiros de ideal que se permitem desanimar, ante as fragilidades morais que evidenciam, seja o fato de suporem ser o que ainda não o são. Sem dúvida, os que vivem ignorando as próprias necessidades, aparentemente vivem em maior serenidade de quantos delas já tomaram consciência; não olvideis, contudo, que a aspiração do melhor é intrínseca à sua natureza - o homem sempre há de querer ser mais...

Na condição, pois, de esclarecidos seguidores da Doutrina Espírita, nunca espereis vos acomodar, desfrutando da paz ilusória dos que não se aprofundam no conhecimento da Verdade que liberta. Onde estiverdes, estareis sempre inquietos pelo amanhã.

A aflição que Jesus bem-aventurou, é aquela que experimenta quem se põe a caminho e não descansa antes de concluir a jornada. Filhos, apesar dos percalços externos e de vossos conflitos íntimos, aceitai no Espiritismo a vossa melhor chance de redenção espiritual, e isto desde o começo de vossas experiências reencarnatórias. Valorizai o ensejo bendito e não culpeis a Doutrina pelas vossas mazelas.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011


PROSPERIDADE

Filhos, as religiões que verdadeiramente não cogitam do Reino do Céu vos acenarão com a promessa da prosperidade material sobre a Terra. Não permuteis o que é eterno pelo que é transitório; não façais como Esaú, que, por um prato de lentilhas, abriu mão do seu direito de primogênito para Jacó, seu irmão...

A exemplo de Maria, irmã de Lázaro e Marta, permanecei com a boa parte. Não vos esqueçais do jovem rico, cujo anseio de elevação espiritual não ia ao ponto de
levá-lo ao desprendimento dos bens materiais. Quase sempre, as aspirações de ordem superior do homem se conflitam com os interesses subalternos da sociedade em que vive. Quantos os que, pressionados por carências materiais imaginárias, renunciam à fé espírita, aceitando outras interpretações para as palavras do Senhor?

Quantos os que renegam a crença na reencarnação pelo motivo de terem se exaurido na luta pela própria sublimação? O Espiritismo não efetua aos seus adeptos quaisquer exigências, todavia quem toma consciência de seus postulados sente-se naturalmente constrangido a ceder de si mesmo, cada vez mais.

É a lucidez espiritual que a Doutrina faculta aos seus seguidores o que os induz à
disciplina austera e ao trabalho incansável, ao desapego dos bens perecíveis e ao
sacrifício pelo ideal.

Filhos, não contemporizeis com a ilusão. Ninguém ascenderá aos Planos Mais Altos, preso aos interesses rasteiros do mundo. O Senhor não quer a necessidade, a penúria, a fome, a miséria... Não vos esqueçais, no entanto, de que o homem só
verdadeiramente tem a posse daquilo que nem mesmo a morte lhe arrebata. O próprio orbe terrestre não sobreviverá às constantes mutações da matéria que, a cada instante, se quintessência, aproximando-se da natureza do Criador.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011


PROSPERIDADE

Filhos, as religiões que verdadeiramente não cogitam do Reino do Céu vos acenarão com a promessa da prosperidade material sobre a Terra. Não permuteis o que é eterno pelo que é transitório; não façais como Esaú, que, por um prato de lentilhas, abriu mão do seu direito de primogênito para Jacó, seu irmão...

A exemplo de Maria, irmã de Lázaro e Marta, permanecei com a boa parte. Não vos esqueçais do jovem rico, cujo anseio de elevação espiritual não ia ao ponto de
levá-lo ao desprendimento dos bens materiais. Quase sempre, as aspirações de ordem superior do homem se conflitam com os interesses subalternos da sociedade em que vive. Quantos os que, pressionados por carências materiais imaginárias, renunciam à fé espírita, aceitando outras interpretações para as palavras do Senhor?

Quantos os que renegam a crença na reencarnação pelo motivo de terem se exaurido na luta pela própria sublimação? O Espiritismo não efetua aos seus adeptos quaisquer exigências, todavia quem toma consciência de seus postulados sente-se naturalmente constrangido a ceder de si mesmo, cada vez mais.

É a lucidez espiritual que a Doutrina faculta aos seus seguidores o que os induz à
disciplina austera e ao trabalho incansável, ao desapego dos bens perecíveis e ao
sacrifício pelo ideal.

Filhos, não contemporizeis com a ilusão. Ninguém ascenderá aos Planos Mais Altos, preso aos interesses rasteiros do mundo. O Senhor não quer a necessidade, a penúria, a fome, a miséria... Não vos esqueçais, no entanto, de que o homem só
verdadeiramente tem a posse daquilo que nem mesmo a morte lhe arrebata. O próprio orbe terrestre não sobreviverá às constantes mutações da matéria que, a cada instante, se quintessência, aproximando-se da natureza do Criador.

terça-feira, 15 de novembro de 2011


ORAI SEMPRE

Filhos, não vos esqueçais de orar sempre. A oração possibilita ao homem abrandar os próprios sentimentos. Quem se habitua a orar não se entrega ao desespero e à revolta. A prece jamais é um monólogo... Pelo recolhimento íntimo na oração, a criatura conversa com o Criador, que não a deixa sem resposta. Ato de fé solitário, a prece exterioriza a sinceridade do filho que, reconhecendo a própria insignificância, recorre aos préstimos do Pai, que tudo pode.

Jesus orava com freqüência. Sem este contato pessoal com Deus, a crença do homem não passa de uma aparente manifestação de religiosidade. Os que oram nunca se fragilizam diante das lutas que faceiam.

Orai no silêncio de vossas reflexões; orai com a vossa mente e com o vosso coração. Buscai forças no Alto para os embates inevitáveis do caminho, repleto de urzes e de pedras.

Orai com as vossas mãos mergulhadas na caridade; que as vossas petições sejam
referendadas pelas vossas atitudes no bem dos semelhantes... A persistência da fé
remove obstáculos intransponíveis.

A oração modifica o tônus espiritual de quem, por vezes, não enxerga saída para os impasses da existência. Quem não ora será sempre uma presa fácil da obsessão e do desequilíbrio oriundo de si mesmo.

Filhos, abençoai as vossas provas! Afagai o madeiro que vos pesa nos ombros e, sob o sol causticante de vossas dificuldades, não vos afasteis do oásis aconchegante da oração.

A prece é o ato de humildade que mais engrandece o espírito! Sede homens de fé e de oração. Quanto maior o desafio lançado à vossa crença, mais devereis vos curvar à necessidade de orar.

"Pedi e obtereis" - exortou-nos o Senhor, em suas palavras jamais pronunciadas em vão.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011


CAMINHAI COM DETERMINAÇÃO

Filhos, apesar dos percalços que enfrentais, inclusive no que se refere à conquista
do pão de cada dia, prossegui caminhando com determinação. Compreendei o eco do passado distante nas lutas que vos alcançam no presente: o filho rebelde, o cônjuge difícil, a carência material, o assédio sistemático das trevas...

Não descreiais do Amparo Divino, através dos amigos do Mais Alto, que não vos deixam a sós com as vossas provas. Não fosse pela intercessão daqueles que por vós se interessam do Além, é possível que vos precipitásseis em mais profundos abismos de dor.

Inútil pretender qualquer colheita sem justa semeadura. Por outro lado, de que
valeria lançar sobre a gleba inculta a semente promissora? Quantos anseiam por terem o que nada fazem para possuírem?

Adquiri mais ampla compreensão da vida e atinareis com a causa de todos os vossos padecimentos. Toda lágrima encerra uma lição e se constitui num estímulo ao progresso. Quantos são os que negam a existência de Deus, unicamente por não serem atendidos em seus caprichos de ordem pessoal?

O que não tendes nem sempre deve ser interpretado por demérito de vossa parte.
Muitas vezes, a providência que vos é mais necessária ao esforço de auto-superação é o obstáculo que vos parece restringir os movimentos.

Caminhai, pois, com alegria, sem permitir que a descrença se vos insinue no espírito.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011


PERSEVERAI

Filhos, perseverai no testemunho da fé espírita que abraçastes, ante a
revivescência do Evangelho do Senhor. Não recueis ante as provas que vos são
necessárias ao burilamento. Sustentai a coragem na luta, conscientes de que toda
conquista nos domínios do espírito reclama esforço e sacrifício continuados.
Ninguém ascende aos Cimos de passo preso à retaguarda.

A Doutrina Espírita liberta o pensamento, no entanto aquele que procura superar
o comodismo intelectual de séculos sempre encontrará oposição. É natural, pois,
que as trevas conspirem contra os vossos anseios de elevação. Os espíritos, quer
encarnados, quer desencarnados, habituados à mesmice em que vivem, haverão de pelejar para vos desalentar em vossos novos propósitos na existência.

Muitos vos tentarão com o imediatismo dos prazeres mundanos e com as facilidades materiais do caminho. Outros urdirão sofismas, com o intento de vos afastar dos objetivos superiores que concentrastes, na necessidade de renovação íntima. Sem que percais de vista a trajetória do Cristo, não olvideis que a obra da redenção humana diz respeito a cada espírito em particular.

A hora do testemunho é uma hora solitária. Em torno, apupos e injúrias, hostilidade e incompreensão. Não raro, amigos e companheiros permanecerão à distância, vos contemplando as reações. Convosco, não tereis por escora, na áspera subida, outra que não seja a cruz que vos pesa nos ombros. Quase ninguém vos verá o pranto que se vos escorre na face, confundindo-se com o suor derramado no cumprimento do dever. Inevitável, a sensação de extremo abandono dos homens, que vos deve induzir a bem maior confiança em Deus.

Filhos, não permuteis o que é eterno pelo que é transitório. Embora sob duros
reveses, insisti na prática do bem aos semelhantes e tomai a iniciativa do perdão,
na certeza de que o tempo urge e que, ao termo da vossa caminhada sobre a Terra, não tereis outro Céu que não seja o da consciência tranqüila.


A CORAGEM DA FÉ

Filhos, as páginas que ora vos endereçamos do Mais Além, reunidas neste singelo
opúsculo, foram escritas tão-somente com o propósito de encorajar-vos na luta pelo ideal que abraçastes, sob o pálio da doutrina do Evangelho Restaurado, que é o Espiritismo, perseverando, sem esmorecimento, na tarefa da própria renovação que, sem dúvida, se vos constitui no objetivo maior da existência.
De nada vale o brilho da inteligência, se o coração permanece às escuras.
A reencarnação que não promove o renascimento moral da criatura, não passa de ato que não está à altura de sua transcendência e significado.

O conhecimento espírita é, sem dúvida, a melhor oportunidade de conscientização para o homem que pretende libertar-se do cativeiro de milenar comodismo espiritual, afastando-se, em definitivo, das sinuosas estradas da ilusão, com, até então, diminuto aproveitamento das lições que lhe possibilitam o crescimento diante da Vida. Refletindo, assim, sobre o teor de vossas responsabilidades nos deveres que sois chamados a cumprir na Seara, uma vez que não mais vos será possível o recuo, sem graves comprometimentos de ordem cármica, não olvideis a sábia advertência que o Mestre dirigiu aos cristãos de todos os tempos: "Todo aquele, pois, que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; e o que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus."

Bezerra de Menezes
Uberaba - MG, 29 de agosto de 2002

quinta-feira, 10 de novembro de 2011


CONCLUSÕES

Agora, meu irmão, que devo endereçar essa carta, envio a você um abraço afetuoso, esperando que minha experiência possa ser útil ao seu coração.
Não se julgue, dentro da vida, como alguém que nunca prestará contas dos atos mais íntimos.
Tudo o que praticamos, Dirceu, permanece gravado no livro da consciência.
O bem é a sementeira da luz, portadora de colheitas sublimes de alegria e paz,
enquanto que o mal nos enegrece o espírito, como tinta escura que mancha os alvos cadernos escolares.
Ouça a palavra esclarecedora de nossos pais, os primeiros amigos que a Bondade
Divina colocou à portas e nossa vida terrestre, e nunca despreze os bons conselhos recebidos. A nossa natureza, quase sempre, reclama ternura e compreensão dos que nos cercam, mas a nossa necessidade de preparação espiritual exige luta e contrariedade.
Nem sempre aprendemos o necessário, recebendo demasiadas carícias. Por isso mesmo, na maioria das ocasiões, precisamos do socorro de advertências mais fortes.
Não seja, pois, rebelde à orientação do lar.
Em suma, Dirceu, seja bondoso, fraterno, aplicado ao estudo e ao trabalho.
Conserve amizade sincera aoslivros. Faça-se amigo prestimoso de todas as pessoas, ainda quando não possa você ser compreendido imediatamente por elas.
Não descreia da boa semente, embora a germinação se faça tardia.
Não maltrate nem persiga os animais úteis ou inofensivos. È muito lamentável
atitude de todos a aqueles que convertem a vida terrena num instrumento de
perturbação e destruição para os mais fracos.
Seja bom, Dirceu, profundamente bom, verdadeiro e leal. E creia que todos os seus atos nobre serão largamente recompensados.
Agora, meu querido irmão, devo terminar.
Beije por mim a mamãe e a papai. Estou certo de que um dia nos reuniremos, de novo, no Grande e Abençoado Lar, sem lágrimas e sem morte.
Até lá, conservemos, acima de todas as dores e incertezas, nossa fé viva em Deus e a nossa suprema esperança no destino.
Adeus.
Receba muitas saudades do seu afetuoso...

LIVRO MENSAGENS DE UM PEQUENO MORTO
CHICO XAVIER POR NEIO LÚCIO

FIM

quarta-feira, 9 de novembro de 2011


PRÊMIO

Na semana última, terminei o primeiro ano de minha permanência no Parque e devo assinalar que recebi valioso prêmio de grata significação para mim.
Trabalhei, esforçando-me quando que possível para ser disciplinado, com
aproveitamento das lições.
Nos dez últimos meses, gastei as horas de recreio em serviços de proteção aos
animais, que passaram a querer-me bem, com amizade e simpatia; realizei estudos espirituais de muita importância para o meu futuro, e participei, algumas vezes, de comissões de auxílio fraternal, enviadas a companheiros de luta. Alegre tranquilidade banhava-me a consciência.
Muitos meninos de minha classe foram promovidos a curso mais elevado, entre os quais tive ojúbilo de ser incluído.
Houve uma festa, cheia de alegria e beleza, em que recebi o distintivo da “Boa-
Vontade”, uma linda medalha, esculturada numa substância semelhante a prata e luminosa, apresentando essas duas palavras escritas, em alto relevo, com uma tinta dourada.
Nesse dia venturoso, o professor abraçou-me comovidamente e declarou-me que eu poderia solicitar alguma coisa, alguma concessão nos trabalhos finalistas.
No fundo de meu coração, estava o desejo de ir a casa. Queria abraçar mamãe,
papai ever você. Tinha a idéia de que me encontrava distante há muitos anos e, por isso mesmo, recebi a notificação com imensa alegria.
Respondi, ansioso, que, se me fosse permitido rogar algum contentamento maios que o de ser promovido à categoria superior, pediria para visitar o lar terreno, a fim de abraçar os entes amados de meu coração.
O instrutor, porém, afagando-me delicadamente, ponderou que eu ainda não possuía as forças precisas para semelhante cometimento. Ave frágil, não dispunha de penas para vôo tão arrojado. Mas acrescentou que o meu desejo seria atendido em parte.
No dia seguinte, fui notificado de que veria mamãe, apenas mamãe, por alguns
momentos, numa instituição piedosa situada nas regiões mais próximas daí.
Logo após, numa linda noite, acompanhado de tia Eunice, a cujos cuidados me deixou o orientador, fui ao encontro de nossa mãezinha, numa casa grande e bonita, onde havia intensa movimentação de Espíritos amigos já distanciados do corpo carnal.
O que foi essa hora divina, não poderei descrever. Mamãe foi trazido por uma
senhora iluminada e bela. Parecia mergulhada numa indefinível admiração que a tornava perplexa. Parecia não ver a senhora que a amparava, maternalmente, e, ao aproximar-se de nós, não percebeu a presença de nossa tia, ao meu lado. Quando pousou os olhos sobre mim, reconheceu-me e gritou meu nome muitas vezes. Atirei-me, chorando de júbilo, aos seus braços e estivemos assim, unidos e em lágrimas, durante todos os minutos reservados ao reencontro.
Por fim, a generosa mensageira que a trouxera aproximou-se de mim e falou:
-Basta, meu filho! A alegria também pode prejudicar os que ainda se encontram no corpo.
-Em seguida, retirou mamãe, devagarinho, como quem cuida de uma pessoa doente.
Voltei, então, ao Parque, junto de tia Eunice, com uma esperança nova a banhar-me o coração.
A Bondade de Deus não nos separa as almas para sempre.

LIVRO MENSAGENS DE UM PEQUENO MORTO
CHICO XAVIER POR NEIO LÚCIO

terça-feira, 8 de novembro de 2011


REPARAÇÃO

Terminada a prece, recompus a fisionomia, pedindo ao professor me ensinasse o melhor recursos de resgatar o erro cometido por mim noutro tempo.
Recomendou-me, então, em preleção que servisse para todos os alunos da classe, a aproveitar o ensino e a experiência, dispensando o possível carinho dos animais, que são igualmente criaturas de Deus em marcha progressiva para o aperfeiçoamento, como todos nós, e exortou-me a renovar as recordações daquela hora, com orações fervorosas e sinceros propósitos de nunca mais destruira vida dos seres frágeis e inofensivos da Criação Divina.
Em seguida, comentou as conseqüências desastrosas de nossos gestos
impensados ou criminosos, que espelham desarmonias e perturbações.
Explicou que tem visto inúmeros meninos com os quais se verificou o que ocorria, embora fossem outros os fatos lamentáveis recordados. Lembrou muitas crianças de grande porte, com bastante entendimento, que passam longas horas derrubando ninhos, prendendo aves ou matando-as sem consideração, perseguindo cães trabalhadores ou apedrejando, por perverso prazer, animais úteis e mansos.
Esclareceu que todos os jovens dessa espécie experimentam aqui provações bem amargas, sendo obrigados a reparar as faltas que levaram a efeito no mundo, com absoluto menosprezo das respeitáveis determinações dos pais ou dos bons conselhos das pessoas mais velhas.
Desde então, lembro-me de Bichaninho, sinto-lhe, ainda, a imagem dentro de mim; entretanto, com o poder da prece, meu pensamento tranquilizou-se, voltando ao passado em atitude de sincero arrependimento, pedindo perdão.
Humilhei os meus sentimentos caprichosos, dos quais sempre ocultara o lado mau, e, por isso, tenho melhorado.
Já não possuo mais ócios e nem horas desaproveitadas.
Em todos os instantes consagrados a recreios e diversões, encontro árvores para cuidar e animaizinhos daqui, aos quais posso auxiliar com eficiência e proveito.
Eu, que tanto me alegrava vendo s aves perseguidas pelos meninos fortes, hoje me dedico a ajudar pequenos pássaros na construção de ninhos.
E observoque, diante da minha atitude interior transformada, todas as pessoas que me cercam como que se transformaram para mim. Recebo olhares afetuosos e agradecidos de toda a parte. Os professores e colegas parecem-me mais simpáticos, mais amigos.
Notando-me o sincero esforço para corrigir-me, ninguém me falou do gato apedrejado.
O episódio triste foi esquecido bondosamente por todos.
Devo às árvores e aos passarinhos, aos quais me tenho consagrado nos últimos tempos, as alegrias que me enchem o coração.
Tenho quase certeza de que Bichaninho me perdoou a maldade. Sinto que fiz a paz comigo mesmo e creio que, se eu voltasse presentemente para casa, seria melhor filho e melhor irmão.
Oh, Dirceu, nunca atormente nem mate os animais úteis e inofensivos! Tendo chorado muito para reparar o erro que cometi.

LIVRO MENSAGENS DE UM PEQUENO MORTO
CHICO XAVIER POR NEIO LÚCIO

segunda-feira, 7 de novembro de 2011


CONSCIÊNCIA

Tenho aprendido aqui muitas lições inesperadas.
Jamais pensei que uma criança preguiçosa pudesse fazer tanto mal.
Desde que reconheci isso, meu irmão, tenho chorado muito.
Lembra-se de Bichaninho, o gato de dona Susana, que eu matei a pedradas?
Oh!... como me custa contar tudo a você!...
Aqui, nas aulas do Parque, à medida que fui recebendo os ensinos do nosso professor de obrigações humanas, fui recordando minha falta mais nitidamente. O conhecimento de nós mesmos diante do Universo e da Vida, ao que me parece, acende uma luz, muito forte nas zonas ,mais íntimas de nosso ser. Com essa claridade misteriosa, minhas recordações dos dias que se foram surgem completas e movimentadas em minha imaginação. É assim que, penetrando o fundo de mim mesmo, revi minha vítima, ouvindo-lhe, de novo, os gemidos angustiosos. Inundada pela luz da verdadeira compreensão, minha visão interior permanecia como que alterada. Comeceia ver Bichaninho, em toda a parte. Trazia-o comigo no estudo e no recreio, no serviço e no descanso.
Chegou um momento em que eu não pude mais. Gritei com toda a força. Pedi socorro ao professor e aos colegas. Nosso instrutor falava, justamente nesse instante, sobre o amor e a gratidão que devemos aos animais e, dentro de minha consciência, nesse minuto inesquecível, os olhos aflitos do gatinho pareciam procurar os meus, suplicando piedade.
Vencido, ajoelhei-me em pranto, confessei minha falta grave em alta voz e supliquei ao orientador das lições me afastasse daquele quadro terrível.
Voltaram-se para mim os companheiros, assustados, quando cai, gritando.
O instrutor, todavia, sorriu, benévolo como sempre, aproximou-se, abraçando-me paternalmente, e disse:
-Já sei o que lhe ocorre, meu filho! Tenha calma e paciência. Você está melhorando, porque já descobre as próprias faltas por si mesmo.
Reparei que ele se achava igualmente comovido. Mostrava os olhos rasos d’água.
Depois de longa pausa, afagou-me a cabeça e explicou:
Porque você matou esse gato trabalhador e inocente, sem necessidade, a imagem da vítima está profundamente associada às suas lembranças.
Compreendendo que o professor enxergava quanto se achava oculto em minhas recordações, abracei-me a ele esupliquei:
Meu protetor, meu amigo, ajude-me por piedade!
Ouviu-me com emoção a súplica e compadeceu-se efetivamente de mim, porque impôs as mãos acolhedoras sobre a minha cabeça e orou com sentimento tão sublime, em favor de minha tranquilidade, que senti repentina renovação. Aquelas mão carinhosas irradiaram intensa luz que me penetrou todo o ser, e aquele banho de energias novas, aliado ao alívio da confissão diante de todos, apaziguou-me o espírito.

LIVRO MENSAGENS DE UM PEQUENO MORTO
CHICO XAVIER POR NÉIO LUCIO

sexta-feira, 4 de novembro de 2011


ORGANIZAÇÃO

Achando-se o nosso primo Antoninho no mesmo Parque onde me encontro,
naturalmente você gostará de ter notícias deles, supondo-o talvez junto de mim.
É verdade que respiramos o ambiente da mesma instituição; no entanto, o grande colégio está dividido em seções muito diversas entre si.
Segundo expliquei, faço parte de pequena turma de crianças recém-chegadas daí da Terra e Antoninho já veio há mais tempo. Além disso, nosso primo foi um modelo de bondade e obediência. Era bom. Dava prazer aos pais. Auxiliava os companheiros com alegria. Nunca prendeu os animais e nunca os feriu por maldade. Não perdia tempo com brincadeiras de mau gosto. Dedicava-se à leitura instrutiva e ao trabalho coma devoção sincera do menino correto e estudioso. De tudo isso fui devidamente informado por um dos professores que nos visitam a classe, ao qual inquiri sobre a diferença entre a minha situação e a de nosso querido amigo.
Em vista de minha condição inferior, não posso ir vê-lo; mas Antoninho já
conquistou regalias que eu ainda não possuo, e, de vez em quando, vem bondosamente animar-me e consolar-me.
Em outras ocasiões, abraçamo-nos na reunião geral do Parque, quando todos os
meninos e meninas dos cursos superiores e inferiores seencontram, uma vez por
semana, no dia consagrado à prece e à fraternidade.
Talvez cause surpresa a você o que estou contando, mas nem todas as crianças
trabalham e estudam juntas.
Temos no enorme Parque muitas divisões para os meninos e meninas, em separado, executando-se certa região, a mais elevada de todas, em que uns e outras se localizem em comum, tais os sentimentos sublimes de que são portadores. Quanto à grande maioria de jovens internados no instituto, eles se congregam em agrupamentos maiores ou menores, de acordo com as tendências que os caracterizam.
Há meninas e meninos fracos, doentes, ignorantes e instruídos, revelando atraso, inércia ou adiantamento nas expressões evolutivas, havendo, para cada categoria, seção especializada.
Minha turma constitui-se de crianças recém-vindas, sem qualquer preparo espiritual e com sérios defeitos para corrigir.
Nesse particular, não preciso recordar a você que nunca fui inclinado à disciplina e ao trabalho.
Fazia questão de cultivar a preguiça. Gostava dos bolos, do café com leite, das
refeições, da bicicleta, de minhas bolas de gude, mas nunca soube o preço, nem o esforço que tudo isso custava à mamãe e ao papai.
Hoje, porém, invejo os meninos obedientes e bons, observando-lhes a felicidade
quando deles me aproximo nas horas de repouso e oração. Vejo-os sorridentes e venturosos, quando passam junto de mim, sem vaidade ou afetação, e peço a Jesus, com firmeza, me anime a ser trabalhador e perseverante no bem, a fim de que, um dia, possa unir-me a eles, nos grandes e abençoados serviços de elevação espiritual.

LIVRO MENSAGENS DE UM PEQUENO MORTO
CHICO XAVIER POR NEIO LÚCIO

quinta-feira, 3 de novembro de 2011


TRABALHO

Depois das lições, que são sempre agradáveis e edificantes, somos conduzidos a
uma oficina de grandes proporções, onde trabalhamos na composição de material de ensino para os jovens de cursos superiores, serviço esse que é sempre orientado por sábios instrutores de nossa nova esfera de ação.
Atendemos, por essa forma à obrigações com imenso proveito, porque cumprimos o dever que nos cabe, preparando-nos, ao mesmo tempo, para tarefas maiores.
Tanta atenção e cuidado deveremos, porém, dispensar ao serviço, que Zacarias,
um de nossos colegas mais resolutos, resolveu interpelar, respeitosamente, um dos orientadores, indagando:
-Todos trabalham, como nós, depois da morte do corpo?
-Como não? –respondeu ele sorridente.
-É que –tornou companheiro, acanhado –nos ensinaram na Terra que, depois da morte, somente encontraríamos o repouso eterno, quando bons, e a eterna punição, quando maus.
-É uma ilusão dos homens –esclareceu generosamente o instrutor -, quase sempre interessados em criar artifícios para o engano de si mesmos. A maioria das criaturas encarnadas, nos círculos terrenos, não escondem o desejo vicioso de gozar sem esforço, receber benefícios sem proporcioná-los a outrem e repousar sem servir.
Nesse ponto dos esclarecimentos, sorriu bem-humorado e continuou:
A propósito de semelhante verdade, a maior parte dos meninos que chegam, até aqui, são sempre portadores de enraizados defeitos. Foram muitíssimo mal habituados em casa. Escravizaram-se ao carinho excessivo, ausentaram-se das pequenas responsabilidades e deveres que lhes competiam na organização familiar e, ao serem surpreendidos pela morte, sofrem angustiosamente com a readaptação, porque a vida continua, pura e simples, exigindo do serviço, esforço e boa-vontade de cada um de nós.
Aquelas palavras queimavam-me a consciência. Recordei minha situação antiga.
Vi-me, de novo, em casa, reclamando a atenção de todos, sem qualquer resolução de ser útil aos outros. Não sei se acontecia o mesmo a outros companheiros de turma, que, atentos, mas desapontados, escutavam as explicações. Sei apenas que experimentei íntima sensação de vergonha.
Em seguida ao intervalo havido nas observações, o orientador continuou
esclarecendo-nos que só os maus e osindiferentes buscam meios de fugir ao trabalho, que o serviço nos é concedido como verdadeira benção de luz e paz. Por fim, exortou-nos a recordar que Jesus, em criança, trabalhava na carpintaria, preparando peças de madeira dando-nos o exemplo de corretoaproveitamento do tempo infantil, acrescentando, ainda, que se houvéssemos sido educados, quando nos lares terrestres, no espírito de serviço, não teríamos tanta dificuldade de readaptação à vida espiritual.
Confesso que estou plenamente de acordo com semelhante ponto de vista.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011


ENSINAMENTOS

Naturalmente, você perguntará como se desenvolvem nossos trabalhos escolares e, de antemão, posso responder-lhe que os serviços dessa natureza, em nossa vila espiritual, são quase idênticos aos de um estabelecimento de ensino na Terra.
Temos material didático, em quantidade variada e enorme, inclusive livros e
cadernos de exercícios.
O sistema de ação dos professores, porém, é bastante diverso.
Não somente ensinam: guardam, confortam, orientam.
Acho-me, por exemplo, num curso de bom comportamento e retificação sentimental.
Noto que os instrutores não se descuidam da parte intelectual propriamente dita, preparando-nos o conhecimento das condições alusivas à vida nova em que nos encontramos.
Para isso, valem-se das realizações que já edificamos na Terra. Não nos perturbam com revelações prematuras, nem com demonstrações suscetíveis de alterar o equilíbrio de nossas emoções. Tomam, como ponto de partida, as experiências que já adquirimos e ajudam-nos a desenvolvê-las, gradualmente, sem ferir-nos os raciocínios mais agradáveis.
Tenho a impressão de que os orientadores daqui recebem-nos os conhecimentos terrestres como sementes dos conhecimentos celestiais. Em razão disso, não nos esmagam com a exposição maciça da sabedoria de que são portadores. Cercam-nos de cuidados e carinhos especiais, para que as nossas faculdades superiores germinem e cresçam.
O que assombra, porém, é a vigilância paternal que os abnegados orientadores
desenvolvem junto de nós, no sentido de despertarem nossas idéias mais elevadas.
Nesse propósito, curso de introdução às aulas superiores está cheio de temas
relativos à melhoria espiritual que nos compete atingir. Longas horas são aproveitadas no exame atencioso de interrogações como estas:
-Que pensamos acerca do Cristo?
-Como recebemos os favores da Natureza?
-Que fazemos da vida? Quais os objetivos de nosso esforço pessoal?
-Que concepção alimentamos, relativamente ao tempo e à oportunidade?
-Quais são as diretrizes dos nossos pensamentos?
-Estaremos utilizando para o bem os instrumentos e as possibilidades que o Senhor da Vida nos confiou?
-Semelhantes temas, examinados inicialmente por nossos professores, em
proveitosas aulas de renovação espiritual, dentro das quais nos confessamos uns aos outros através de comentários serenos e francos, fazem luz sobre nós mesmos, revelando-nos aos olhos da extensão de nossas necessidades, pelo egoísmo, pela indiferença e ociosidade em que temos vivido desde muito nos círculos terrestres.

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CHICO XAVIER POR NEIO LÚCIO

terça-feira, 1 de novembro de 2011


COMPANHEIROS

Depois de julgado apto para a nova tarefa, passei a figurar numa turma de vinte e oito alunos, todos recém chegados da Terra.
Iniciando-me nas lições, tive oportunidade de conhecer vários desses colegas. A
maioria permanente na mesma posição de luta mental em que me encontro.
As saudades do lar distante absorvem-nos a quase todos.
Recordando os ensinamentos de equilíbrio que recebi de vovó Adélia e tia Eunice, compreendi logo que não deveria chorar, mas nem todos os companheiros procedem assim.
No dia imediato à nossa primeira aula,quando o professor determinou que
descansássemos ao recreio, o Abelardo, aluno mais novo de nossa classe, longe de aceitar-nos o convite para um passeio, postou-se na porta de saída, a chorar
copiosamente.
Miguelino, o mais experiente de mós, aproximou-sedele e perguntou:
-Então, Abelardo, que é isso?
O interpelado não respondeu, continuando a chorar, angustiadamente.
-Já sei –tornou Miguelino, de bom humor -, é saudade de casa, anseio de retornar, não é mesmo?
Sentindo-se compreendido, o companheirinho voltou-se e desabafou:
-Sim, estou com saudades de mamãe, muitas saudades de mamãe!...
Aquelas palavras, pronunciadas com tanta mágoa, cortaram-me o coração. Eu estava sofrendo a mesma dor, e, lembrando-me de casa, custei a dominar as lágrimas que tentavam cair.
Miguelino percebeu que todos nós assistíamos à cena, aflitos e saudosos, por nossa vez. Por isso mesmo, dando a entender que se dirigia a todos nós que nos emocionávamos tanto, explicou, paciente:
-Todos sentimos falta dos entes queridos que permanecem no mundo. A dor da distância nos atinge em comum. Entretanto, como poderíamos auxiliar os que ficaram, permanecendo inconformados? Resolveríamos tão grande problema, chorando sem consolo? Afinal de contas, não somos os únicos em semelhante prova. Existem aqui alguns milhares de jovens nas mesmas condições. Sofreram, como eu, a separação de criaturas que lhes eram profundamente amadas. Experimentaram a saudade, a aflição de voltar. Mas compreenderam, enfim, que nenhuma batalha pode ser ganha sem bastante valor moral, e lutaram consigo mesmos pela posse de mais valiosa compreensão. Além disso, não devemos esquecer que os nossos também virão. Precisamos preparar-nos convenientemente, desenvolvendo a nossa capacidade de auxílio, para sermos úteis a eles,no momento oportuno, Peçamos, pois, ao Supremo Pai coragem e forças.
Aquela exortação amiga penetrou-nos fortemente o espírito.
Abelardo enxugou os olhos, sorriu com esforço e, em breves instantes, nos
reuníamos sob a copa de grandes árvores, consolados eentregues a interessantes e úteis conversas.

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CHICO XAVIER POR NEIO LÚCIO