terça-feira, 25 de março de 2008

CONVITE AO DESPRENDIMENTO


Desprendimento na qualidade de desapego, não de estroinice nem dissipação. Todo e qualquer motivo que ata à retaguarda sob condicionamentos retentivos se transforma em cadeia escravizante. Doa com alegria quanto possas, generosamente. O que distribuis com equilíbrio e lucidez multiplica-se, o que reténs reduz-se. Abundância, como excesso engendram miséria e loucura. Distende assim, mão generosa na alfândega da fraternidade, mas libera-te da emotividade desregrada, da posse afetuosa a objetos, animais e pessoas, porqüanto mais carinhos que te mereçam, mais devoção que lhes dês, chegará o dia de atravessares o portal do túmulo, fazendo-o em soledade, livre de amarras ou jungido ao que se demorará, a desgastar-se pela ferrugem, pelo azinhavre, corroído ou simplesmente em trânsito por outras mãos ante a tua tormentosa impossibilidade de reter e interferir.

CONVITES DA VIDA
DIVALDO FRANCO
POR JOANNA DE ÂNGELIS

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