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PENSASTE NISSO?
“Sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, segundo o que também nosso Senhor Jesus-Cristo já mo tem revelado.” - (2ª EPÍSTOLA A PEDRO, CAPÍTULO 1, VERSÍCULO 14.)
Se muitas vezes grandes vozes do Cristianismo se referiram a supostos crimes da carne, é necessário mencionar as fraquezas do “eu”, as inferioridades do próprio espírito, sem concentrar falsas acusações ao corpo, como se este representasse o papel de verdugo implacável, separado da alma, que lhe seria, então, prisioneira e vítima.
Reparamos que Pedro denominava o organismo, como sendo o seu tabernáculo.
O corpo humano é um conjunto de células aglutinadas ou de fluidos terrestres que se reúnem, sob as leis planetárias, oferecendo ao Espírito a santa oportunidade de aprender, valorizar, reformar e engrandecer a vida.
Freqüentemente o homem, qual operário ocioso ou perverso, imputa ao instrumento útil as más qualidades de que se acha acometido. O corpo é concessão da Misericórdia Divina para que a alma se prepare ante o glorioso porvir.
Longe da indébita acusação à carne, reflitamos nos milênios despendidos na formação desse tabernáculo sagrado no campo evolutivo.
Já pensaste que és um Espírito imortal, dispondo, na Terra, por algum tempo, de valiosas potências concedidas por Deus às tuas exigências de trabalho?
Tais potências formam-te o corpo.
Que fazes de teus pés, de tuas mãos, de teus olhos, de teu cérebro? sabes que esses poderes te foram confiados para honrar o Senhor iluminando a ti mesmo? Medita nestas interrogações e santifica teu corpo, nele encontrando o templo divino.
O BEM É INCANSÁVEL
“E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.” — Paulo. (2ª EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES, CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 13.)
É muito comum encontrarmos pessoas que se declaram cansadas de praticar o bem. Estejamos, contudo, convictos de que semelhantes alegações não procedem de fonte pura.
Somente aqueles que visam determinadas vantagens aos interesses particularistas, na zona do imediatismo, adquirem o tédio vizinho da desesperação, quando não podem atender a propósitos egoísticos.
É indispensável muita prudência quando essa ou aquela circunstância nos induz a refletir nos males que nos assaltam, depois do bem que julgamos haver semeado ou nutrido.
O aprendiz sincero não ignora que Jesus exerce o seu ministério de amor sem exaurir-se, desde o princípio da organização planetária. Relativamente aos nossos casos pessoais, muita vez terá o Mestre sentido o espinho de nossa ingratidão, identificando-nos o recuo aos trabalhos da nossa própria iluminação; todavia, nem mesmo verificando-nos os desvios voluntários e criminosos, jamais se esgotou a paciência do Cristo que nos corrige, amando, e tolera, edificando, abrindo-nos misericordiosos braços para a atividade renovadora.
Se Ele nos tem suportado e esperado através de tantos séculos, por que não poderemos experimentar de ânimo firme algumas pequenas decepções durante alguns dias?
A observação de Paulo aos tessalonicenses, portanto, é muito justa. Se nos entediarmos na prática do bem, semelhante desastre expressará em verdade que ainda nos não foi possível a emersão do mal de nós mesmos.
SENTIMENTOS FRATERNOS
“Quanto, porém, à caridade fraternal, não necessitais de que vos escreva, visto que vós mesmos estais instruídos por Deus que vos ameis uns aos outros.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES, CAPÍTULO 4, VERSÍCULO 9.)
Forte contra-senso que desorganiza a contribuição humana, no divino edifício do Cristianismo, é o impulso sectário que atormenta enormes fileiras de seus seguidores.
Mais reflexão, mais ouvidos ao ensinamento de Jesus e essas batalhas injustificáveis estariam para sempre apagadas.
Ainda hoje, com as manifestações do plano espiritual na renovação do mundo, a cada momento surgem grupos e personalidades, solicitando fórmulas do Além para que se integrem no campo da fraternidade pura.
Que esperam, entretanto, os companheiros esclarecidos para serem efetivamente irmãos uns dos outros?
Muita gente se esquece de que a solidariedade legítima escasseia nos ambientes onde é reduzido o espírito de serviço e onde sobra a preocupação de criticar. Instituições notáveis são conduzidas à perturbação e ao extermínio, em vista da ausência do auxílio mútuo, no terreno da compreensão, do trabalho e da boa-vontade.
Falta de assistência? Não.
Toda obra honesta e generosa repercute nos planos mais altos, conquistando cooperadores abnegados.
Quando se verifique a invasão da desarmonia nos institutos do bem, que os agentes humanos acusem a si mesmos pela defecção nos compromissos assumidos ou pela indiferença ao ato de servir. E que ninguém peça ao Céu determinadas receitas de fraternidade, porque a fórmula sagrada e imutável permanece conosco no “amai-vos uns aos outros”.
HOMENS DE FÉ
“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha.” — Jesus. (MATEUS, CAPÍTULO 7, VERSÍCULO 24.)
Os grandes pregadores do Evangelho sempre foram interpretados à conta de expressões máximas do Cristianismo, na galeria dos tipos veneráveis da fé; entretanto, isso somente aconteceu, quando os instrumentos da verdade, efetivamente, não olvidaram a vigilância indispensável ao justo testemunho.
É interessante verificar que o Mestre destaca, entre todos os discípulos, aquele que lhe ouve os ensinamentos e os pratica. Daí se conclui que os homens de fé não são aqueles apenas palavrosos e entusiastas, mas os que são portadores igualmente da atenção e da boa-vontade, perante as lições de Jesus, examinando-lhes o conteúdo espiritual para o trabalho de aplicação no esforço diário.
Reconforta-nos assinalar que todas as criaturas em serviço no campo evangélico seguirão para as maravilhas interiores da fé. Todavia, cabe-nos salientar, em todos os tempos, o subido valor dos homens moderados que, registrando os ensinos e avisos da Boa Nova, cuidam, desvelados, da solução de todos os problemas do dia ou da ocasião, sem permitir que suas edificações individuais se processem, longe das bases cristãs imprescindíveis.
Em todos os serviços, o concurso da palavra é sagrado e indispensável, mas aprendiz algum deverá esquecer o sublime valor do silêncio, a seu tempo, na obra superior do aperfeiçoamento de si mesmo, a fim de que a ponderação se faça ouvida, dentro da própria alma, norteando-lhe os destinos.
ANSIEDADES
“Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.”
(1ª EPÍSTOLA A PEDRO, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 7.)
As ansiedades armam muitos crimes e jamais edificam algo de útil na Terra.
Invariavelmente, o homem precipitado conta com todas as probabilidades contra si.
Opondo-se às inquietações angustiosas, falam as lições de paciência da Natureza, em todos os setores do caminho humano.
Se o homem nascesse para andar ansioso, seria dizer que veio ao mundo, não na categoria de trabalhador em tarefa santificante, mas por desesperado sem remissão.
Se a criatura refletisse mais sensatamente reconheceria o conteúdo de serviço que os momentos de cada dia lhe podem oferecer e saberia vigiar, com acentuado valor, os patrimônios próprios.
Indubitável que as paisagens se modificarão incessantemente, compelindo-nos a enfrentar surpresas desagradáveis, decorrentes de nossa atitude inadequada, na alegria ou na dor; contudo, representa impositivo da lei a nossa obrigação de prosseguir diariamente, na direção do bem.
A ansiedade tentará violentar corações generosos, porque as estradas terrenas desdobram muitos ângulos obscuros e problemas de solução difícil; entretanto, não nos esqueçamos da receita de Pedro.
Lança as inquietudes sobre as tuas esperanças em Nosso Pai Celestial, porque o Divino Amor cogita do bem-estar de todos nós.
Justo é desejar, firmemente, a vitória da luz, buscar a paz com perseverança, disciplinar-se para a união com os planos superiores, insistir por sintonizar-se com as esferas mais altas. Não olvides, porém, que a ansiedade precede sempre a ação de cair.
A SEMENTE
“E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão de trigo ou de outra qualquer semente.” Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, CAPÍTULO 15, VERSÍCULO 37.)
Nos serviços da Natureza, a semente reveste-se, aos nossos olhos, do sagrado papel de sacerdotisa do Criador e da Vida.
Gloriosa herdeira do poder divino, coopera na evolução do mundo e transmite silenciosa e sublime lição, tocada de valores infinitos, à criatura.
Exemplifica sabiamente a necessidade dos pontos de partida, as requisições justas de trabalho, os lugares próprios, os tempos adequados.
Há homens inquietos e insaciados que ainda não conseguiram compreendê-la. Exigem as grandes obras de um dia para outro, impõem medidas tirânicas pela força das ordenações ou das armas ou pretendem trair as leis profundas da Natureza; aceleram os processos da ambição, estabelecem domínio transitório, alardeiam mentirosas conquistas, incham-se e caem, sem nenhuma edificação santificadora para si ou para outrem.
Não souberam aprender com a semente minúscula que lhes dá trigo ao pão de cada dia e lhes garante a vida, em todas as regiões de luta planetária.
Saber começar constitui serviço muito importante.
No esforço redentor, é indispensável que não se percam de vista as possibilidades pequeninas: um gesto, uma palestra, uma hora, uma frase pode representar sementes gloriosas para edificações imortais. Imprescindível, pois, jamais desprezá-las.
VALEI-VOS DA LUZ
“Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem.” — Jesus. (JOÃO, CAPÍTULO 12, VERSÍCULO 35.)
O homem de meditação encontrará pensamentos divinos, analisando o passado e o futuro.
Ver-se-á colocado entre duas eternidades — a dos dias que se foram e a que lhe acena do porvir.
Examinando os tesouros do presente, descobrirá suas oportunidades preciosas.
No futuro, antevê a bendita luz da imortalidade, enquanto que no pretérito se localizam as trevas da ignorância, dos erros praticados, das experiências mal vividas. Esmagadora maioria de personalidades humanas não possui outra paisagem, com respeito ao passado próximo ou remoto, senão essa constituída de ruína e desencanto, competindo-as a revalorizar os recursos em mão.
A vida humana, pois, apesar de transitória, é a chama que vos coloca em contacto com o serviço de que necessitais para a ascensão justa. Nesse abençoado ensejo, é possível resgatar, corrigir, aprender, ganhar, conquistar, reunir, reconciliar e enriquecer-se no Senhor.
Refleti na observação do Mestre e apreender-lhe-eis o luminoso sentido. Andai enquanto tendes a luz, disse Ele.
Aproveitai a dádiva de tempo recebida, no trabalho edificante.
Afastai-vos da condição inferior, adquirindo mais alto entendimento.
Sem os característicos de melhoria e aprimoramento no ato de marcha, sereis dominados pelas trevas, isto é, anulareis vossa oportunidade santa, tornando aos impulsos menos dignos e regressando, em seguida à morte do corpo, ao mesmo sítio de sombras, de onde emergistes para vencer novos degraus na sublime montanha da vida.
SALÁRIOS
“E contentai-vos com o vosso soldo.” — João Batista. (LUCAS, CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 14.)
A resposta de João Batista aos soldados, que lhe rogavam esclarecimentos, é modelo de concisão de bom senso.
Muita gente se perde através de inextricáveis labirintos, em virtude da compreensão deficiente acerca dos problemas de remuneração na vida comum.
Operários existem que reclamam salários devidos a ministros, sem cogitarem das graves responsabilidades que, não raro, convertem os administradores do mundo em vítimas da inquietação e da insônia, quando não seja em mártires de representações e banquetes.
Há homens cultos que vendem a paz do lar em troca da dilatação de vencimentos.
Inúmeras pessoas seguem, da mocidade à velhice do corpo, ansiosas e descrentes, enfermas e aflitas, por não se conformarem com os ordenados mensais que as circunstâncias do caminho humano lhes assinalam, dentro dos imperscrutáveis Desígnios.
Não é por demasia de remuneração que a criatura se integrará nos quadros divinos.
Se um homem permanece consciente quanto aos deveres que lhe competem, quanto mais altamente pago, estará mais intranquilo.
Desde muito, esclarece a filosofia popular que para a grande nau surgirá a grande tormenta.
Contentar-se cada servidor com o próprio salário é prova de elevada compreensão, ante a justiça do Todo-Poderoso.
Antes, pois, de analisar o pagamento da Terra, habitua-te a valorizar as concessões do Céu.
ANTES DE SERVIR
“Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir.” — Jesus. (MATEUS, CAPÍTULO 20, VERSÍCULO 28.)
Em companhia do espírito de serviço, estaremos sempre bem guardados. A Criação inteira nos reafirma esta verdade com clareza absoluta.
Dos reinos inferiores às mais altas esferas, todas as coisas servem a seu tempo.
A lei do trabalho, com a divisão e a especialização nas tarefas, prepondera nos mais humildes elementos, nos variados setores da Natureza.
Essa árvore curará enfermidades, aquela outra produzirá frutos. Há pedras que contribuem na construção do lar; outras existem calçando os caminhos.
O Pai forneceu ao filho homem a casa planetária, onde cada objeto se encontra em lugar próprio, aguardando somente o esforço digno e a palavra de ordem, para ensinar à criatura a arte de servir. Se lhe foi doada a pólvora destinada à libertação da energia e se a pólvora permanece utilizada por instrumento de morte aos semelhantes, isto corre por conta do usufrutuário da moradia terrestre, porque o Supremo Senhor em tudo sugere a prática do bem, objetivando a elevação e o enriquecimento de todos os valores do Patrimônio Universal.
Não olvidemos que Jesus passou entre nós, trabalhando. Examinemos a natureza de sua cooperação sacrificial e aprendamos com o Mestre a felicidade de servir santamente.
Podes começar hoje mesmo.
Uma enxada ou uma caçarola constituem excelentes pontos de início. Se te encontras enfermo, de mãos inabilitadas para a colaboração direta, podes principiar mesmo assim, servindo na edificação moral de teus irmãos.
O ARADO
“E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus.” — (LUCAS, CAPÍTULO 9, VERSÍCULO 62.)
Aqui, vemos Jesus utilizar na edificação do Reino Divino um dos mais belos símbolos.
Efetivamente, se desejasse, o Mestre criaria outras imagens. Poderia reportar-se às leis do mundo, aos deveres sociais, aos textos da profecia, mas prefere fixar o ensinamento em bases mais simples.
O arado é aparelho de todos os tempos. É pesado, demanda esforço de colaboração entre o homem e a máquina, provoca suor e cuidado e, sobretudo, fere a terra para que produza. Constrói o berço das sementeiras e, à sua passagem, o terreno cede para que a chuva, o sol e os adubos sejam convenientemente aproveitados.
É necessário, pois, que o discípulo sincero tome lições com o Divino Cultivador, abraçando-se ao arado da responsabilidade, na luta edificante, sem dele retirar as mãos, de modo a evitar prejuízos graves à “terra de si mesmo”.
Meditemos nas oportunidades perdidas, nas chuvas de misericórdia que caíram sobre nós e que se foram sem qualquer aproveitamento para nosso espírito, no sol de amor que nos vem vivifícando há muitos milênios, nos adubos preciosos que temos recusado, por preferirmos a ociosidade e a indiferença.
Examinemos tudo isto e reflitamos no símbolo de Jesus.
Um arado promete serviço, disciplina, aflição e cansaço; no entanto, não se deve esquecer que, depois dele, chegam semeaduras e colheitas, pães no prato e celeiros guarnecidos.
PENSA UM POUCO
“As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas testificam de mim.” — Jesus. (JOÃO, CAPÍTULO 10, VERSÍCULO 25.)
É vulgar a preocupação do homem comum, relativamente às tradições familiares e aos institutos terrestres a que se prende, nominalmente, exaltando-se nos títulos convencionais que lhe identificam a personalidade.
Entretanto, na vida verdadeira, criatura alguma é conhecida por semelhantes processos. Cada Espírito traz consigo a história viva dos próprios feitos e somente as obras efetuadas dão a conhecer o valor ou o demérito de cada um.
Com o enunciado, não desejamos afirmar que a palavra esteja desprovida de suas vantagens indiscutíveis; todavia, é necessário compreender-se que o verbo é também profundo potencial recebido da Infinita Bondade, como recurso divino, tornando-se indispensável saber o que estamos realizando com esse dom do Senhor Eterno.
A afirmativa de Jesus, nesse particular, reveste-se de imperecível beleza.
Que diríamos de um Salvador que estatuísse regras para a Humanidade, sem partilhar-lhe as dificuldades e impedimentos?
O Cristo iniciou a missão divina entre homens do campo, viveu entre doutores irritados e pecadores rebeldes, uniu-se a doentes e aflitos, comeu o duro pão dos pescadores humildes e terminou a tarefa santa entre dois ladrões.
Que mais desejas? Se aguardas vida fácil e situações de evidência no mundo, lembra-te do Mestre e pensa um pouco.
MÃOS A OBRA
“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.” – Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 14:26.)
A igreja de Corinto lutava com certas dificuldades mais fortes, quando Paulo lhe escreveu a observação aqui transcrita.
O conteúdo da carta apreciava diversos problemas espirituais dos companheiros do Peloponeso, mas podemos insular o versículo e aplicá-lo a certas situações dos novos agrupamentos cristãos, formados no ambiente do Espiritismo, na revivescência do Evangelho.
Quase sempre notamos intensa preocupação nos trabalhadores, por novidades em fenomenologia e revelação.
Alguns núcleos costumam paralisar atividades quando não dispõem de médiuns adestrados.
Por quê?
Médium algum solucionará, em definitivo, o problema fundamental da iluminação dos companheiros.
Nossa tarefa espiritual seria absurda se estivesse circunscrita à freqüência mecânica de muitos, a um centro qualquer, simplesmente para assinalarem o esforço de alguns poucos.
Convençam-se os discípulos de que o trabalho e a realização pertencem a todos e que é imprescindível se movimente cada qual no serviço edificante que lhe compete. Ninguém alegue ausência de novidades, quando vultosas concessões da esfera superior aguardam a firme decisão do aprendiz de boa-vontade, no sentido de conhecer a vida e elevar-se.
Quando vos reunirdes, lembrai a doutrina e a revelação, o poder de falar e de interpretar de que já sois detentores e colocai mãos à obra do bem e da luz, no aperfeiçoamento indispensável.
NO SERVIÇO CRISTÃO
“Porque todos devemos comparecer ante o tribunal do Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito, estando no corpo, o bem ou o mal.” — Paulo. (2ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 10.)
Não falta quem veja no Espiritismo mero campo de experimentação fenomênica, sem qualquer significação de ordem moral para as criaturas.
Muitos aprendizes da Consoladora Doutrina, desse modo, limitam-se às investigações de laboratório ou se limitam a discussões filosóficas.
É imperioso reconhecer, todavia, que há tantas categorias de homens desencarnados, quantas são as dos encarnados.
Entidades discutidoras, levianas, rebeldes e inconstantes transitam em toda parte. Além disso, incógnitas e problemas surgem para os habitantes dos dois planos.
Em vista de semelhantes razões, os adeptos do progresso efetivo do mundo, distanciados da vida física, pugnam pelo Espiritismo com Jesus, convertendo-nos o intercambio em fator de espiritualidade santificante.
Acreditamos que não se deve atacar outro círculo de vida, quando não nos encontramos interessados em melhorar a personalidade naquele em que respiramos.
Não vale pesquisar recursos que não nos dignifiquem.
Eis por que para nós outros, que supomos trazer o coração acordado para a responsabilidade de viver, Espiritismo não expressa simples convicção de imortalidade: é clima de serviço e edificação.
Não adianta guardar a certeza na sobrevivência da alma, além da morte, sem o preparo terrestre na direção da vida espiritual. E nesse esforço de habilitação, não dispomos de outro guia mais sábio e mais amoroso que o Cristo.
Somente à luz de suas lições sublimes, é possível reajustar o caminho, renovar a mente e purificar o coração.
Nem tudo o que é admirável é divino.
Nem tudo o que é grande é respeitável.
Nem tudo o que é belo é santo.
Nem tudo o que é agradável é útil.
O problema não é apenas de saber. É o de reformar-se cada um para a extensão do bem.
Afeiçoemo-nos, pois, ao Evangelho sentido e vivido, compreendendo o imperativo de nossa iluminação interior, porque, segundo a palavra oportuna e sábia do Apóstolo, “todos devemos comparecer ante o tribunal do Cristo, a fim de recebermos, de acordo com o que realizamos, estando no corpo, o bem ou o mal”.
EMMANUEL
Pedro Leopoldo, 22 de fevereiro de 1950.
ENTRE AS ROTAS DO MUNDO
Espírito: MARIA CELESTE
Admira o trabalho do vento que desmancha a névoa a perambular no caminho...
Os raios caniculares do sol que alcatifam o horizonte, jorrando reverberações de ouro em chamas...
A leve poeira de polem das flores que se eleva a dançar pelos ares fertilizando a campina em ondas de encantamento...
A brisa cantora, amansando as vagas espumosas e multicores no escachoar das catadupas, em sons dispersos...
O perfume que habita o seio da rosa ou que denuncia o fruto amadurecido...
As línguas de fogo que lambem o lixo informe,ao rufar das labaredas, em largo cortejo de esplendores...
A poalha de grânulos cintilantes da imensidade recheada de astros...
Em tudo isso, - criações que te não podem passar desapercebidas – há uma ideia básica que plasma, um pendor de bondade que provê, um toque de beleza que ameniza... Tudo isso fala em amor, amor de Deus, - o Princípio da Caridade em todos os idiomas...
Quanto recebes da vida sem dependeres um só ceitil!
Tais espetáculos a Natureza oferece pelo contentamento maternal de ver-te feliz em seus dons inefáveis.
É o bem pelo próprio bem que Deus nos endereça.
É o bem, que se faz por simples prazer.
O Sol, o vento ou a água nada reclama.
Ensinam-nos a amar sem nada pedir; a amar sempre sem exigir cousa alguma.
Segue assim a Celeste Orientação entre as rotas do mundo.
Atende a todas as escudelas de pedintes, por onde passes, mas não te satisfaças apenas, com isso; o irmão comum é nosso próprio familiar.
Deixa que a emoção te tanja as fibras da alma em mil tonalidades de carinho, diante da eloquência de um sorriso infantil, da aflição de uma lágrima da velhice, da impetuosidade ou da incerteza de um olhar da juventude...
O exemplo é o mais poderoso imã do espírito.
A necessidade marcha em rodízio de vida em vida, de destino em destino.
O dinheiro e as posses do corpo, ao fim da viagem terrestre, são sempre quais punhados de lama e pó que tentamos reter debalde e que nos escapam, inapelavelmente, por entre os próprios dedos.
Aconchega em teu coração, os arroubos de fazer o bem pelo prazer que o bem te proporciona com a única ideia preconcebida; a de criar alegria para as criaturas de Deus e dar aos que te rodeiam pelo menos leve parcela de amor do Amor Infinito que Deus nos dá.
◆◆◆
FIM
UM MOMENTO
Espírito: ANDRÉ LUIZ
Antes de negar-se aos apelos da caridade, medite um momento nas aflições dos outros.
Imagine você no lugar de quem sofre.
Observe os irmãos relegados aos padecimentos da rua e suponha-se constrangido à semelhante situação.
Repare o doente desamparado e considere que amanhã provavelmente seremos nós candidatos ao socorro na vida pública.
Contemple as crianças necessitadas lembrando os próprios filhos.
Quando a ambulância deslize rente ao seu passo, conduzindo ao enfermo anônimo, pondere que, talvez um parente nosso extremamente querido, se encontre a gemer dentro dela.
Escute pacientemente os companheiros entregues à sombra do grande infortúnio e recorde que em futuro próximo, é possível estejamos na travessia das mesmas dificuldades.
Fite a multidão dos ignorantes e fracos; cansados e infelizes, julgando-se entre eles e mentalize a gratidão que você sentiria perante a migalha de amor que alguém lhe ofertasse.
Pense um momento em tudo isso e você reconhecerá que a caridade para nós todos é simples obrigação.
OÁSIS DE LUZ
Espírito: MEIMEI
Suave, suavemente, belo jorro de luz desceu da Amplidão, coroando, de todo, a casa singela.
Dir-se-ia que a construção fora atingida em segundo por fulgura cascata de raios luminescentes.
Inflamara-se o teto de láurea rutilante.
As paredes coloridas por luminárias ocultas faziam-se transparentes, despedindo bonançosas centelhas.
De janelas e portas, fluíram de inesperado, caudais de bênçãos, qual se o ambiente interior estivesse inundado de nutriente energia.
Chama blandiciosa dissolviam as sombras, desabotoando prematura alvorada em meio às trevas noturnas e o firmamento, nos cimos parecia cálida, umbela deitando flores argenteadas sobre o anônimo ninho humano,que passara da condição de apagado recinto à ilha refulgente de alvenaria.
Os insetos da noite ciciaram com mais brandura, cães das proximidades aplacaram ladridos e os habitantes de residências vizinhas experimentaram sem perceber a intangível presença de paz profunda.
Contudo, na intimidade doméstica, acentuava-se, deslumbrante, o painel festivo, qual se varinha mágica fizesse nascer de pessoas e cousas, balsâmicas radiações de entendimento e simpatia.
Trajara-se a sala modesta de surpreendente grandeza, convertida em deleites remanso por banho lustral de amor puro que fixava sorrisos musicais de bondade em cada fisionomia.
Halos fulgurantes revestiram todas as formas alindando-lhes os traços e as cores sob o poder de ignoto cinzel.
Auréolas de esplendor tocaram os moradores, lágrimas de jubilosa esperança tremularam, furtivas, em olhos alumiados de reconforto, rostos brilharam confiantes, impregnaram-se as frontes de lume tênue, palavras ressoaram mais ternas, tonificaram-se corações em novos haustos de força e alcandorou-se a emoção a eminências desconhecidas, em transportes de irresistível candura.
Na esteira de luz em torno, transeuntes do Espaço respiraram felizes, enquanto, não longe, menestréis da Vida Maior, vocalizaram canções de bom ânimo para todo o grupo de intenso brilho.
A transfiguração arrebatadora e imprevista era Jesus, o conviva celeste em visita à casa humilde: instalara-se ali, o culto santificante do Evangelho.
DESEQUILÍBRIOS
Espírito: ALBINO TEIXEIRA
O início das grandes obsessões é semelhante à pequenina brecha no açude que por vezes não passa de pedra desconjuntada ou de fenda oculta.
Os desequilíbrios da alma começam igualmente de quase nada, principalmente por atitudes e sentimentos aparentemente compreensíveis, mas que, em muitas ocasiões, se deslocam no rumo de ásperas consequências.
Desconfiança.
Dúvida.
Irritação.
Desânimo.
Ressentimento.
Impulsividade.
Invigilância.
Amargura.
Tristeza sem nexo.
Grito de cólera.
Discussão sem proveito.
Conversa vã.
Visita inútil.
Distração sem propósito.
Na represa, ninguém pode prever os resultados da brecha esquecida.
No caso da obsessão, porém, que, no fundo,se define por assunto de consciência, é imperioso que todos nós venhamos a reconhecer que, em toda e qualquer crise de fome, não é o pão que procura a boca.
ANTEVIDÊNCIA DIVINA
Espírito: ANDRÉ LUIZ
Observe as lições silenciosas que o seu próprio corpo lhe administra, revelando a Antevidência Divina.
Não siga desacautelado.
Seus pés não se apoiam à terra à feição de simples esteios com vontade própria.
Respeite as faculdades genéticas.
Não é por acaso que os órgãos sexuais apenas funcionam sob a sanção do pensamento...
Coma moderadamente.
Seu estômago não é um só devido à falta de espaço no ventre...
Eduque as manifestações motivas.
Não é à toa que o motor de seu coração vive durante a existência inteira vibrando oculto na caia do peito...
Trabalhe sempre.
Suas mãos se encontram desfrutando ampla liberdade de ação, na ponta dos braços, por meros enfeites...
Fale com parcimônia.
Sua língua não vive enclausurada no cárcere da boca por ser feia...
Escute atenciosamente.
Seus ouvidos não existem quais janelas incapazes de vedamento por descuido do Construtor Celeste...
Veja mais além.
Seus olhos não estão elevados sobre a face somente para olharem para baixo...
Discirna tudo.
Sua mente não trabalha como torre de comando de todo o corpo tão só para coroar-lhe a estética...
Atenda à consciência.
Se ela não surge visível em seu organismo é para não ter a voz selável...
Lembre-se, o seu corpo assinala a Excelsa Sabedoria e o Amor Ilimitado d´Aquele que é a Inteligência Suprema e a Causa Incriada de Tudo.
REINAMENTOS E REGIMES
Espírito: SCHEILLA
Dizes-te interessado no corpo robusto e confias-te a severas disciplinas, com ginástica rigorosa e desportos educativos.
Afirmas-te doente e consagras-te a tratamentos de sacrifício, suportando largos jejuns e ingerindo poções amargas.
Não ingressaremos no santuário da educação sem constante exercício no estudo e nem penetraremos a glória do amor, sem a prática incessante da caridade.
O atleta do corpo costuma indagar, sob os aplausos do povo.
- Quantas vezes venci os meus competidores?
O atleta da alma pode perguntar a si próprio com a Bênção Divina:
- Quantas vezes venci os meus competidores?
Em nossas atividades morais, na conquista da perfeição, é justo estejamos sempre a regata de suor do trabalho nobre, aprendendo o salto mental sobre as víboras da calúnia e da insensatez e mantendo-nos na maratona da humildade, em partidas valiosas de tolerância e gentileza no amparo aos semelhantes.
Na defesa de nossa paz íntima, é preciso igualmente não esquecer a abstenção dos pensamentos infeliz, com deliberada fuga aos pratos da maledicência e ao vinagre da crítica, abolindo-se totalmente o vinho da lisonja e o licor do elogio que operam lastimável embriaguez com a deserção de nossas responsabilidades.
Treinamentos e regimes...
Não prescindes deles na Terra, para que te garantas nos domínios do equilíbrio fisiológico, em questão de eugenismo, saúde e preservação.
Não olvides, porém, que, em favor da harmonia de tua alma, não dispensarás esses mesmos recursos na sustentação da reta consciência e no cultivo da própria felicidade, porque, somente obedecendo às leis de trabalho e caridade, simplicidade e cooperação é que obteremos os títulos de simpatia e merecimento, capazes de conduzir-nos à alegria triunfante.
DEFINIÇÕES
Espírito: ANDRÉ LUIZ
Trabalho – bênção do Pai Celeste pela qual expugnemos as próprias imperfeições.
Socorro – ação de auxílio indireto a nós mesmos, através do auxílio direto aos outros.
Estudo – armazém de recursos para o nosso aperfeiçoamento incessante.
Oração – apelo de nossa fé, trazendo a Luz Divina sobre a névoa de nossas limitações humana.
Caridade – luz santificante que revela a Presença do Criador, entre a bondade e a necessidade das criaturas.
Hoje – oportunidade insubstituível para a execução de nossos deveres no campo da Vida Eterna.
Disciplina – lição que podemos aprender com a Natureza em toda parte, sem a qual não estaremos tranquilos em parte alguma.
Verdade – conhecimento relativo acerca do Universo, do Destino e do Ser, que podemos guardar no degrau evolutivo em que nos colocamos.
Perdão – alimento vital de que todos somos necessitados.
Exemplo – prova externa daquilo que somos na intimidade da própria alma.
Perseverança – altar de nossa fidelidade à própria consciência.
Espiritismo – chave de libertação espiritual que Jesus nos oferece, a fim de que nos habilitemos, desde hoje, às conquistas da Imortalidade Vitoriosa.
DEUS PODE
Espírito: MEIMEI
Não fales “não posso” e nem digas “desesperei”...
Quando tiveres de explicar a palavra “exaustão”, deixa que a esperança te refulja em silêncio na boca e sempre que te suponhas na liquidação de todos os sonhos, contempla as flores que desabrocham sobre as ruínas.
Muitas vezes, quem sabe definir o desânimo apenas desencadeia a tragédia, abrindo portas ao crime.
Estendes pão ao faminto e acolhes quem vai sem teto, entretanto, nem sempre atendes ao coração agoniado no próprio peito, rogando-te paciência.
Ouvem-lhe as aflições e pede a Deus te envolva no dom inefável de Sua Bênção.
Se não consegues solucionar as dificuldades que te rodeiam,dize contigo; Deus pode.
Se incapaz de empreender a alteração necessária ao próprio caminho, afirma em tua alma; Deus pode.
Se impossibilitado para corrigir a quem amas, asseveras de novo; Deus Pode.
Se inabilitado para extirpar a angústia que te alanceia, medita em prece; Deus pode.
E perdoando e ajudando sem descansar, aprenderas com Deus que a luz da verdadeira vitória é feita na paciência de cada dia.
VEM AI
Espírito: VALÉRIUM
A jovem casara-se com o homem amado, contudo, não suportava a sogra. A nobre dama recebia da nora injúrias, remoques, humilhações.
Não podia acariciar o filho, sob pena de ver-se repentinamente insultada.
Não conseguia trabalhar, coagida pelas críticas incessantes.
Tentava-se se explicar era interpretada por descortês.
Se doente, era obrigada a sofrer pesado martírio para que o filho não sofresse mais que ela própria.
Aproveitando-se de viagem longa do esposo, que se ausentara em serviço, a nora expulsou a velhinha numa noite de frio rude e com tanto desconforto, perambulou a infeliz que voltou à casa, depois de cinco dias, simplesmente para morrer.
Anos rolaram entre as saudades do filho e as queixas da esposa, que nunca se reconciliara com a sogra.
Entretanto, chegou o dia em que a nora também desencarnou e ao perguntar pela sogra veio, a saber, espantada, que ela estava em seu próprio lar. Reencarnara-se, desde muito, e recebera-lhe extremo carinho na posição de filha caçula, tendo ficado na Terra, como apoio afetivo do próprio pai.
Não vale o cultivo da aversão de qualquer natureza, porque todo o Universo vive equilibrado na lei do amor.
Quando você voltar a ponto de odiar alguém, não se esqueça de que a reencarnação vem ai.