segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

AS CASTAS

O povo hindu, não obstante o seu elevado grau de desenvolvimento nas ciências do Espírito, não aproveitou de modo geral, como devia, o seu acervo de experiências sagradas. Seus condutores conheciam as elevadas finalidades da vida. Lembravam-se vagamente das promessas do Senhor, anteriores à sua reencarnação para os trabalhos do penoso degredo. A prova disso é que eles abraçaram todos os grandes missionários do pretérito, vendo neles os avatares do seu Redentor. Viasa foi instrumento das lições do Cristo, seis mil anos antes do Evangelho, cuja epopéia, em seus mínimos detalhes, foi prevista pelos iniciados hindus, alguns milênios antes da organização da Palestina. Krishna, Buda e outros grandes enviados de Jesus ao plano material, para exposição de suas verdades salvadoras, foram compreendidos pelo grande povo sobre cuja fronte derramou o Senhor, em todos os tempos, as claridades divinas do seu amor desvelado e compassivo. Mas, como se a questão fosse determinada por um doloroso atavismo psíquico, o povo hindu, embora as suas tradições de espiritualidade, deixou crescer no coração o espinho do orgulho que, aliás, dera motivo ao seu exílio na Terra. Em breve, a organização das castas separava as suas coletividades para sempre. Essas castas não se constituíam num sentido apenas hierárquico, mas com a significação de uma superioridade orgulhosa e absoluta. As fortes raízes de uma vaidade poderosa dividem os espíritos no campo social e religioso. Os filhos legítimos do país dão-se o nome de árias, designação original de sua raça primitiva, e o seu sistema religioso, de modo geral, chama-se "Ária-Darma", que eles afirmam trazer de sua longínqua origem, e em cujo seio não existem comunidades especiais ou autoridade centralizadora, senão profunda e maravilhosa liberdade de sentimento.

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