terça-feira, 30 de abril de 2013

NO PARAÍSO

       “E respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.” — (LUCAS, CAPÍTULO 23, VERSÍCULO 43.)

Á primeira vista, parece que Jesus se inclinou para o chamado bom ladrão, através da simpatia particular.
Mas, não é assim.
O Mestre, nessa lição do Calvário, renovou a definição de paraíso.
Noutra passagem, Ele mesmo asseverou que o Reino Divino não surge com aparências exteriores. Inicia-se, desenvolve-se e consolida-se, em resplendores eternos, no imo do coração.
Naquela hora de sacrifício culminante, o bom ladrão rendeu-se incondicionalmente a Jesus Cristo. O leitor do Evangelho não se informa, com respeito aos porfiados trabalhos e às responsabilidades novas que lhe pesariam nos ombros, de modo a cimentar a união com o Salvador, todavia, convence-se de que daquele momento em diante o ex-malfeitor penetrará o céu.
O símbolo é formoso e profundo e dá idéia da infinita extensão da Divina Misericórdia.
Podemos apresentar-nos com volumosa bagagem de débitos do passado escuro, ante a verdade; mas desde o instante em que nos rendemos aos desígnios do Senhor, aceitando sinceramente o dever da própria regeneração, avançamos para região espiritual diferente, onde todo jugo é suave e todo fardo é leve. Chegado a essa altura, o espírito endividado não permanecerá em falsa atitude beatífica, reconhecendo, acima de tudo, que, com Jesus, o sofrimento é retificação e as cruzes são claridades imortais.
Eis o motivo pelo qual o bom ladrão, naquela mesma hora, ingressou nas excelsitudes do paraíso.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

O “NÃO” E A LUTA

       “Mas seja o vosso falar: sim, sim; não, não.” — Jesus. (MATEUS, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 37.)

Ama, de acordo com as lições do Evangelho, mas não permitas que o teu amor se converta em grilhão, impedindo-te a marcha para a vida superior.
Ajuda a quantos necessitam de tua cooperação, entretanto, não deixes que o teu amparo possa criar perturbações e vícios para o caminho alheio.
Atende com alegria ao que te pede um favor, contudo não cedas ã leviandade e à insensatez.
Abre portas de acesso ao bem estar aos que te cercam, mas não olvides a educação dos companheiros para a felicidade real.
Cultiva a delicadeza e a cordialidade, no entanto, sê leal e sincero em tuas atitudes.
O “sim” pode ser muito agradável em todas as situações, todavia, o “não”, em determinados setores da luta humana, é mais construtivo.
Satisfazer a todas as requisições do caminho é perder tempo e, por vezes, a própria vida.
Tanto quanto o “sim” deve ser pronunciado sem incenso bajulatório, o “não” deve ser dito sem aspereza.
Muita vez, é preciso contrariar para que o auxílio legítimo se não perca; urge reconhecer, porém, que a negativa salutar jamais perturba. O que dilacera é o tom contundente no qual é vazada.
As maneiras, na maior parte das ocasiões, dizem mais que as palavras.
“Seja o vosso falar: sim, sim; não, não”, recomenda o Evangelho. Para concordar ou recusar, todavia, ninguém precisa ser de mel ou de fel. Bastará lembrarmos que Jesus é o Mestre e o Senhor não só pelo que faz, mas também pelo que deixa de fazer.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

O “MAS” E OS DISCÍPULOS

       “Tudo posso naquele que me fortalece.” — Paulo. (FILIPENSES, CAPÍTULO 4, VERSÍCULO 13.)

O discípulo aplicado assevera: 
—    De mim mesmo, nada possuo de bom, mas Jesus me suprirá de recursos, segundo as minhas necessidades.
—    Não disponho de perfeito conhecimento do caminho, mas Jesus me conduzirá.
O aprendiz preguiçoso declara: 
—    Não descreio da bondade de Jesus, mas não tenho forças para o trabalho cristão.
—    Sei que o caminho permanece em Jesus, mas o mundo não me permite segui-lo.
O primeiro galga a montanha da decisão. Identifica as próprias fraquezas, entretanto, confia no Divino Amigo e delibera viver-lhe as lições.
O segundo estima o descanso no vale fundo da experiência inferior. Reconhece as graças que o Mestre lhe conferiu, todavia, prefere furtar-se a elas.
O primeiro fixou a mente na luz divina e segue adiante. O segundo parou o pensamento nas próprias limitações.
O “mas” é a conjunção que, nos processos verbalistas, habitualmente nos define a posição íntima perante o Evangelho. Colocada à frente do Santo Nome, exprime-nos a firmeza e a confiança, a fé e o valor, contudo, localizada depois dele, situa-nos a indecisão e a ociosidade, a impermeabilidade e a indiferença.
Três letras apenas denunciam-nos o rumo.
—    Assim recomendam meus princípios, mas Jesus pede outra coisa.
—    Assim aconselha Jesus, mas não posso fazê-lo.
Através de uma palavra pequena e simples, fazemos a profissão de fé ou a confissão de ineficiência.
Lembremo-nos de que Paulo de Tarso, não obstante apedrejado e perseguido, conseguiu afirmar, vitorioso, aos filipenses: — “Tudo posso naquele que me fortalece.”

quinta-feira, 25 de abril de 2013

SEGUNDO A CARNE

       “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis.” — Paulo. (ROMANOS, CAPÍTULO 8, VERSÍCULO 13.)

Para quem vive segundo a carne, isto é, de conformidade com os impulsos inferiores, a estação de luta terrestre não é mais que uma série de acontecimentos vazios.
       Em todos os momentos, a limitação ser-lhe-á fantasma incessante.
       Cérebro esmagado pelas noções negativas, encontrar-se-á com a morte, a cada passo.
       Para a consciência que teve a infelicidade de esposar concepções tão escuras não passará a existência humana de comédia infeliz.
       No sofrimento, identifica uma casa adequada ao desespero.
No trabalho destinado à purificação espiritual, sente o clima da revolta.
Não pode contar com a bênção do amor, porqüanto, em face da apreciação que lhe é própria, os laços afetivos são meros acidentes no mecanismo dos desejos eventuais.
A dor, benfeitora e conservadora do mundo, é-lhe intolerável, a disciplina constituí-lhe angustioso cárcere e o serviço aos semelhantes representa pesada humilhação.
Nunca perdoa, não sabe renunciar, dói-lhe ceder em favor de alguém e, quando ajuda, exige do beneficiado a subserviência do escravo.
Desditoso o homem que vive, respira e age, segundo a carne! Os conflitos da posse atormentam-lhe o coração, por tempo indeterminado, com o mesmo calor da vida selvagem.
Ai dele, todavia, porque a hora renovadora soará sempre! E, se fugiu à atmosfera da imortalidade, se asfixiou as melhores aspirações da própria alma, se escapou ao exercício salutar do sofrimento, se fez questão de aumentar apetites e prazeres pela absoluta integração com o “lado inferior da vida”, que poderá esperar do fim do corpo, senão sepulcro, sombra e impossibilidade, dentro da noite cruel?

quarta-feira, 24 de abril de 2013

RESPONDER

       “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como responder a cada um.” — Paulo. (COLOSENSES, CAPÍTULO 4, VERSÍCULO 6.)

O ato de responder proveitosamente a inteligências heterogêneas exige qualidades superiores que o homem deve esforçar-se por adquirir.
Nem todos os argumentos podem ser endereçados, indistintamente, à coletividade dos companheiros que lutam entre si, nas tarefas evolutivas e redentoras. Necessário redargü ir, com acerto, a cada um. Ao que lida no campo, não devemos retrucar mencionando espetáculos da cidade; ao que comenta dificuldades ásperas do caminho individualista, não se replicará com informações científicas de alta envergadura.
Primeiramente, é imprescindível não desagradar a quem ouve, temperando a atitude verbal com a legítima compreensão dos problemas da vida, constituindo-nos um dever contribuir para que os desviados da simplicidade e da utilidade se reajustem.
Toda resposta em assunto importante é remédio. É indispensável saber dosá-lo, com vista aos efeitos. Cada criatura tolerará, com benefício, determinada dinamização. As próprias soluções da verdade e do amor não devem ser administradas sem esse critério. Aplicada em porções inadequadas, a verdade poderá destruir, tanto quanto o amor costuma perder...
Ainda que sejas interpelado pelo maior malfeitor do mundo, deves guardar uma atitude agradável e digna para informar ou esclarecer. Saber responder é virtude do quadro da sabedoria celestial. Em favor de ti mesmo, não olvides o melhor modo de atender a cada um.

terça-feira, 23 de abril de 2013

AS TESTEMUNHAS

       “Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço.” — Paulo. (HEBREUS, CAPÍTULO 12, VERSÍCULO 1.)

       Este conceito de Paulo de Tarso merece considerações especiais, por parte dos aprendizes do Evangelho.
       Cada existência humana é sempre valioso dia de luta — generoso degrau para a ascensão infinita — e, em qualquer posição que permaneça, a criatura estará cercada por enorme legião de testemunhas. Não nos reportamos tão somente àquelas que constituem parte integrante do quadro doméstico, mas, acima de tudo, aos amigos e benfeitores de cada homem, que o observam nos diferentes ângulos da vida, dos altiplanos da espiritualidade superior.
       Em toda parte da Terra, o discípulo respira rodeado de grande nuvem de testemunhas espirituais, que lhe relacionam os passos e anotam as atitudes, porque ninguém alcança a experiência terrestre, a esmo, sem razões sólidas com bases no amor ou na justiça.
Antes da reencarnação, Espíritos generosos endossaram as súplicas da alma arrependida, juizes funcionaram nos processos que lhe dizem respeito, amigos interferiram nos serviços de auxílio, contribuindo na organização de particularidades da luta redentora... Esses irmãos e educadores passam a ser testemunhas permanentes do tutelado, enquanto perdura a nova tarefa e lhe falam sem palavras, nos refolhos da consciência. Filhos e pais, esposos e esposas, irmãos e parentes consangüíneos do mundo são protagonistas do drama evolutivo. Os observadores, em geral, permanecem no outro lado da vida.
Faze, pois, o bem possível aos teus associados de luta, no dia de hoje, e não te esqueças dos que te acompanham, em espírito, cheios de preocupação e amor.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

MURMURAÇÕES

       “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas.” — Paulo. (FILIPENSES, CAPÍTULO 2, VERSÍCULO 14.)

       Nunca se viu contenda que não fosse precedida de murmurações inferiores. É hábito antigo da leviandade procurar a ingratidão, a miséria moral, o orgulho, a vaidade e todos os flagelos que arruinam almas neste mundo para organizar as palestras da sombra, onde o bem, o amor e a verdade são focalizados com malícia.
       Quando alguém comece a encontrar motivos fáceis para muitas queixas, é justo proceder a rigoroso auto-exame, de modo a verificar se não está padecendo da terrível enfermidade das murmurações.
       Os que cumprem seus deveres, na pauta das atividades justas, certamente não poderão cultivar ensejo a reclamações.
É indispensável conservar-se o discípulo em guarda contra esses acumuladores de energias destrutivas, porque, de maneira geral, sua influência perniciosa invade quase todos os lugares de luta do Planeta.
É fácil identificá-los. Para eles, tudo está errado, nada serve, não se deve esperar algo de melhor em coisa alguma. Seu verbo é irritação permanente, suas observações são injustas e desanimam.
Lutemos, quanto estiver em nossas forças, contra essas humilhantes atitudes mentais.
Confiados em Deus, dilatemos todas as nossas esperanças, certos de que, conforme asseveram os velhos Provérbios, o coração otimista é medicamento de paz e de alegria.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

MÁS PALESTRAS

       “Não vos enganeis; as más conversações corrompem os bons costumes.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, CAPÍTULO 15, VERSÍCULO 33.)

       A conversação menos digna deixa sempre o traço da inferioridade por onde passou. A atmosfera de desconfiança substitui, imediatamente, o clima da serenidade, O veneno de investigações doentias espalha-se com rapidez. Depois da conversação indigna, há sempre menos sinceridade e menor expressão de força fraterna. Em seu berço ignominioso, nascem os fantasmas da calúnia que escorregam por entre criaturas santamente intencionadas, tentando a destruição de lares honestos; surgem as preocupações inferiores que espiam de longe, enegrecendo atitudes respeitáveis; emerge a curiosidade criminosa, que comparece onde não é chamada, emitindo opiniões desabridas, induzindo os que a ouvem à mentira e àdemência.
A má conversação corrompe os pensamentos mais dignos. As palestras proveitosas sofrem-lhe, em todos os lugares, a perseguição implacável, e imprescindível se torna manter-se o homem em guarda contra o seu assédio insistente e destruidor.
Quando o coração se entregou a Jesus, é muito fácil controlar os assuntos e eliminar as palavras aviltantes.
Examina sempre as sugestões verbais que te cercam no caminho diário. Trouxeram-te denúncias, más notícias, futilidades, relatórios malsãos da vida alheia? Observa como ages. Em todas as ocasiões, há recurso para retificares amorosamente, porqüanto podes renovar todo esse material, em Jesus Cristo.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

APRENDAMOS QUANTO ANTES

       “Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele.” — Paulo. (COLOSSENSES, CAPÍTULO 2, VERSÍCULO 6.)

Entre os que se referem a Jesus Cristo podemos identificar duas grandes correntes diversas entre si: a dos que o conhecem por informações e a dos que lhe receberam os benefícios. Os primeiros recolheram notícias do Mestre nos livros ou nas alheias exortações, entretanto caminham para a situação dos segundos, que já lhe receberam as bênçãos. A estes últimos, com mais propriedade, dever-se-á falar do Evangelho.
Como encontramos o Senhor, na passagem pelo mundo? As vezes, sua divina presença se manifesta numa solução difícil de problema humano, no restabelecimento da saúde do corpo, no retorno de um ente amado, na espontânea renovação da estrada comum para que nova luz se faça no raciocínio.
Há muita gente informada com respeito a Jesus e inúmeras pessoas que já lhe absorveram a salvadora caridade.
É indispensável, contudo, que os beneficiários do Cristo, tanto quanto experimentam alegria na dádiva, sintam igual prazer no trabalho e no testemunho de fé.
Não bastará fartarmo-nos de bênçãos. É necessário colaborarmos, por nossa vez, no serviço do Evangelho, atendendo-lhe o programa santificador.
Muitas recapitulações fastidiosas e muita atividade inútil podem ser peculiares aos espíritos meramente informados; todavia, nós, que já recebemos infinitamente da Misericórdia do Senhor, aprendamos, quanto antes, a adaptação pessoal aos seus sublimes desígnios.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

CONTEMPLA MAIS LONGE

       “Porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão.” — Jesus. (LUCAS, CAPÍTULO 6, VERSÍCULO 38.)

Para o esquimó, o céu é um continente de gelo, sustentado a focas.
Para o selvagem da floresta, não há outro paraíso, além da caça abundante.
Para o homem de religião sectária, a glória de além-túmulo pertence exclusivamente a ele e aos que se lhe afeiçoam.
Para o sábio, este mundo e os círculos celestiais que o rodeiam são pequeninos departamentos do Universo.
Transfere a observação para o teu campo de experiência diária e não olvides que as situações externas serão retratadas em teu plano interior, segundo o material de reflexão que acolhes na consciência.
Se perseverares na cólera, todas as forças em torno te parecerão iradas.
Se preferes a tristeza, anotarás o desalento, em cada trecho do caminho.
Se duvidas de ti próprio, ninguém confia em teu esforço.
Se te habituaste às perturbações e aos atritos, dificilmente saberás viver em paz contigo mesmo.
Respirarás na zona superior ou inferior, torturada ou tranqüila, em que colocas a própria mente. E, dentro da organização na qual te comprazes, viverás com os gênios que invocas. Se te deténs no repouso, poderás adquiri-lo em todos os tons e matizes, e, se te fixares no trabalho, encontrarás mil recursos diferentes de servir.
Em torno de teus passos, a paisagem que te abriga será sempre em tua apreciação aquilo que pensas dela, porque com a mesma medida que aplicares à Natureza, obra viva de Deus, a Natureza igualmente te medirá.

terça-feira, 16 de abril de 2013

SACUDIR O PÓ

       “E se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó de vossos pés.” — Jesus. (MATEUS, CAPÍTULO 10, VERSÍCULO 14.)

Os próprios discípulos materializaram o ensinamento de Jesus, sacudindo a poeira das sandálias, em se retirando desse ou daquele lugar de rebeldia ou impenitência. Todavia, se o símbolo que transparece da lição do Mestre estivesse destinado apenas a gesto mecânico, não teríamos nele senão um conjunto de palavras vazias.
O ensinamento, porém, é mais profundo. Recomenda a extinção do fermento doentio.
Sacudir o pó dos pés é não conservar qualquer mágoa ou qualquer detrito nas bases da vida, em face da ignorância e da perversidade que se manifestam no caminho de nossas experiências comuns.
Natural é o desejo de confiar a outrem as sementes da verdade e do bem, entretanto, se somos recebidos pela hostilidade do meio a que nos dirigimos, não é razoável nos mantenhamos em longas observações e apontamentos, que, ao invés de conduzir-nos a tarefa a êxito oportuno, estabelecem sombras e dificuldades em torno de nós.
Se alguém te não recebeu a boa vontade, nem te percebeu a boa intenção, por que a perda de tempo em sentenças acusatórias? Tal atitude não soluciona os problemas espirituais. Ignoras, acaso, que o negador e o indiferente serão igualmente chamados pela morte do corpo à nossa pátria de origem? Encomenda-os a Jesus com amor e prossegue, em linha reta, buscando os teus sagrados objetivos. Há muito por fazer na edificação espiritual do mundo e de ti mesmo. Sacode, pois, as más impressões e marcha alegremente.

segunda-feira, 15 de abril de 2013


ELOGIOS

       “Mas ele disse: Antes, bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam.” — (LUCAS, CAPÍTULO 11, VERSÍCULO 28.)

Dirigira-se Jesus à multidão, com o enorme poder do seu amor, conquistando geral atenção.
Mal terminara as observações amorosas e sábias, eis que uma senhora se levanta no seio da turba e, magnetizada pela sua expressão de espiritualidade sublime, reporta-se, em alta voz, às bem-aventuranças que deviam caber a Maria, por haver contribuído na vinda do Salvador à face da Terra. Mas, prestamente, na perfeita compreensão das conseqüências infelizes que poderiam advir da atitude impensada, responde o Mestre que, antes de tudo, serão bem-aventurados os que ouvem a revelação de Deus e lhe praticam os ensinamentos, observando-lhe os princípios.
A passagem constitui esclarecimento vivo para que não se amorteça, entre os discípulos sinceros, a campanha contra o elogio pessoal, veneno das obras mais santas a sufocar-lhes propósitos e esperanças.
Se admiras algum companheiro que se categoriza a teus olhos por trabalhador fiel do bem, não o perturbes com palavras, das quais o mundo tem abusado muitas vezes, construindo frases superficiais, no perigoso festim da lisonja. Ajuda-o, com boa-vontade e entendimento, na execução do ministério que lhe compete, sem te esqueceres de que, acima de todas as bem-aventuranças, brilham os divinos dons daqueles que ouvem a Palavra do Senhor, colocando-a em prática.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

HOJE

       “Antes exortai-vos uns aos outros, todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje; para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado.” — Paulo. (HEBREUS, CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 13.)

       O conselho da exortação recíproca, diária, indicado pelo apóstolo requisita bastante reflexão para que se não estabeleça guarida a certas dúvidas.
       Salientemos que Paulo imprime singular importância ao tempo que se chama Hoje, destacando a necessidade de valorização dos recursos em movimento pelas nossas possibilidades no dia que passa.
       Acreditam muitos que para aconselharem os irmãos necessitam falar sempre, transformando-se em discutidores contumazes. Importa reconhecer, porém, que uma advertência, quando se constitua somente de palavras, deixa invariável vazio após sua passagem.
       Qual ocorre no plano das organizações físicas, edificação espiritual alguma se levantará sem bases.
O “exortai-vos uns aos outros” representa um apelo mais importante que o simples chamamento aos duelos verbais.
Convites e conselhos transparecem, com mais força, do exemplo de cada um. Todo aquele que vive na prática real dos princípios nobres a que se devotou no mundo, que cumpre zelosamente os deveres contraídos e que demonstre o bem sinceramente, está exortando os irmãos em humanidade ao caminho de elevação. É para esse gênero de testemunho diário que o convertido de Damasco nos convoca. Somente por intermédio desse constante exercício de melhoria própria, libertar-se-á o homem de enganos fatais.
Não te endureças, pois, na estrada que o Senhor te levou a trilhar, em favor de teu resgate, aprimoramento e santificação. Recorda a importância do tempo que se chama Hoje.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

NECESSÁRIO ACORDAR

       “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e o Cristo te esclarecerá.” — Paulo. (EFÉSIOS, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 14.)

       Grande número de adventícios ou não aos círculos do Cristianismo acusa fortes dificuldades na compreensão e aplicação dos ensinamentos de Jesus. Alguns encontram obscuridades nos textos, outros perseveram nas questiúnculas literárias. Inquietam-se, protestam e rejeitam o pão divino pelo envoltório humano de que necessitou para preservar-se na Terra.
       Esses amigos, entretanto, não percebem que isto ocorre, porque permanecem dormindo, vitimas de paralisia das faculdades superiores.
       Na maioria das ocasiões, os convites divinos passam por eles, sugestivos e santificantes; todavia, os companheiros distraídos interpretam-nos por cenas sagradas, dignas de louvor, mas depressa relegadas ao esquecimento. O coração não adere, dormitando amortecido, incapaz de analisar e compreender.
A criatura necessita indagar de si mesma o que faz, o que deseja, a que propósitos atende e a que finalidades se destina. Faz-se indispensável examinar-se, emergir da animalidade e erguer-se para senhorear o próprio caminho.
Grandes massas, supostamente religiosas, vão sendo conduzidas, através das circunstâncias de cada dia, quais fileiras de sonâmbulos inconscientes. Fala-se em Deus, em fé e em espiritualidade, qual se respirassem na estranha atmosfera de escuro pesadelo. Sacudidas pela corrente incessante do rio da vida, rolam no turbilhão dos acontecimentos, enceguecidas, dormentes e semimortas até que despertem e se levantem, através do esforço pessoal, a fim de que o Cristo as esclareça.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

MÁ VONTADE

       “Não vos comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas.” — Paulo. (EFÉSIOS, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 11.)

       Má vontade gera sombra.
       A sombra favorece a estagnação.
       A estagnação conserva o mal.
       O mal entroniza a ociosidade.
       A ociosidade cria a discórdia.
       A discórdia desperta o orgulho.
       O orgulho acorda a vaidade.
       A vaidade atiça a paixão inferior.
       A paixão inferior provoca a indisciplina.
       A indisciplina mantém a dureza de coração.
       A dureza de coração impõe a cegueira espiritual.
       A cegueira espiritual conduz ao abismo.
       Entregue às obras infrutuosas da incompreensão, pela simples má vontade pode o homem rolar indefinidamente ao precipício das trevas.

terça-feira, 9 de abril de 2013

BOA VONTADE

       “Vede prudentemente como andais.” — Paulo. (EFÉSIOS, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 15.)

       Boa-vontade descobre trabalho.
       Trabalho opera a renovação.
       Renovação encontra o bem.
       O bem revela o espírito de serviço.
       O espírito de serviço alcança a compreensão.
       A compreensão ganha humildade.
       A humildade conquista o amor.
       O amor gera a renúncia.
       A renúncia atinge a luz.
       A luz realiza o aprimoramento próprio.
       O aprimoramento próprio santifica o homem.
       O homem santificado converte o mundo para Deus.
       Caminhando prudentemente, pela simples boa vontade a criatura alcançará o Divino Reino da Luz.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

TENHAMOS PAZ

       “Tende paz entre vós.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 13.)

Se não é possível respirar num clima de paz perfeita, entre as criaturas, em face da ignorância e da belicosidade que predominam na estrada humana, é razoável procure o aprendiz a serenidade interior, diante dos conflitos que buscam envolvê-lo a cada instante.
Cada mente encarnada constitui extenso núcleo de governo espiritual, subordinado agora a justas limitações, servido por várias potências, traduzidas nos sentidos e percepções.
Quando todos os centros individuais de poder estiverem dominados em si mesmos, com ampla movimentação no rumo do legitimo bem, então a guerra será banida do Planeta.
Para isso, porém, é necessário que os irmãos em humanidade, mais velhos na experiência e no conhecimento, aprendam a ter paz consigo.
Educar a visão, a audição, o gosto e os ímpetos representa base primordial do pacifismo edificante.
Geralmente, ouvimos, vemos e sentimos, conforme nossas inclinações e não segundo a realidade essencial. Registramos certas informações, longe da boa intenção em que foram inicialmente vazadas, e, sim, de acordo com as nossas perturbações internas. Anotamos situações e paisagens com a luz ou com a treva que nos absorvem a inteligência. Sentimos com a reflexão ou com o caos que instalamos no próprio entendimento.
Eis por que, quanto nos seja possível, façamos serenidade em torno de nossos passos, ante os conflitos da esfera em que nos achamos.
Sem calma, é impossível observar e trabalhar para o bem.
Sem paz, dentro de nós, jamais alcançaremos os círculos da paz verdadeira.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

MELHOR SOFRER NO BEM

       “Porque melhor é que padeçais fazendo bem (se a vontade de Deus assim o quer), do que fazendo mal.” — Pedro. (1ª EPÍSTOLA A PEDRO, CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 17.)

Para amealhar recursos financeiros que será compelido a abandonar precipitadamente, o homem muitas vezes adquire deploráveis enfermidades, que lhe corroem os centros de força, trazendo a morte indesejável.
Comprando sensações efêmeras para o corpo de carne, comumente recebe perigosos males que o acompanham até aos últimos dias do veículo em que se movimenta na Terra.
Encolerizando-se por insignificantes lições do caminho, envenena órgãos vitais, criando fatais desequilíbrios à vida física.
Recheando o estômago, em certas ocasiões, estabelece a viciação de aparelhos importantes da instrumentalidade fisiológica, renunciando à perfeição do vaso carnal pelo simples prazer da gula.
Por que temer os percalços da senda clara do amor e da sabedoria, se o trilho escuro do ódio e da ignorância permanece repleto de forças vingadoras e perturbantes?
Como recear o cansaço e o esgotamento, as complicações e incompreensões, os conflitos e os desgostos decorrentes da abençoada luta pela suprema vitória do bem, se o combate pelo triunfo provisório do mal conduz os batalhadores a tributos aflitivos de sofrimento?
Gastemos nossas melhores possibilidades a serviço do Cristo, empenhando-lhe nossas vidas.
A arma criminosa que se quebra e a medida repugnante consumada provocam sempre maldição e sombra, mas para o servo dilacerado no dever e para a lâmpada que se apaga no serviço iluminativo reserva-se destino diferente.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

O SENHOR DÁ SEMPRE

       “Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai Celestial o Espírito Santo aqueles que lho pedirem?” — Jesus. (LUCAS, CAPÍTULO 11, VERSÍCULO 13.)

Um pai terrestre, não obstante o carinho cego com que muitas vezes envolve o coração, sempre sabe cercar o filho de dádivas proveitosas.
Por que motivo o Pai Celestial, cheio de sabedoria e amor, permaneceria surdo e imóvel perante as nossas súplicas?
O devotamento paternal do Supremo Senhor nos rodeia em toda parte. Importa, contudo, não viciarmos o entendimento.
Lembremo-nos de que a Providência Divina opera invariavelmente para o bem infinito.
Liberta a atmosfera asfixiante com os recursos da tempestade.
Defende a flor com espinhos.
Protege a plantação útil com adubos desagradáveis.
Sustenta a verdura dos vales com a dureza das rochas.
Assim também, nos círculos de lutas planetárias, acontecimentos que nos parecem desastrosos, à atividade particular, representam escoras ao nosso equilíbrio e ao nosso êxito, enquanto que fenômenos interpretados como calamidades na ordem coletiva constituem enormes benefícios públicos.
Roga, pois, ao Senhor a bênção da Luz Divina para o teu coração e para a tua inteligência, a fim de que te não percas no labirinto dos problemas; contudo, não te esqueças de que, na maioria das ocasiões, o socorro inicial do Céu nos vem ao caminho comum, através de angústias e desenganos. Aguarda, porém, confiante, a passagem dos dias. O tempo é o nosso explicador silencioso e te revelará ao coração a bondade infinita do Pai que nos restaura a saúde da alma, por intermédio do espinho da desilusão ou do amargoso elixir do sofrimento.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

JESUS PARA O HOMEM

       “E achado em forma como homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” — Paulo. (FILIPENSES, CAPÍTULO 2, VERSÍCULO 8.)

       O Mestre desceu para servir,
       Do esplendor à escuridão...
       Da alvorada eterna à noite plena...
       Das estrelas à manjedoura...
       Do infinito à limitação...
       Da glória à carpintaria...
       Da grandeza à abnegação...
       Da divindade dos anjos à miséria dos homens...
       Da companhia de gênios sublimes à convivência dos pecadores...
       De governador do mundo a servo de todos...
       De credor magnânimo a escravo...
       De benfeitor a perseguido...
De salvador a desamparado...
De emissário do amor a vítima do ódio...
De redentor dos séculos a prisioneiro das som¬bras...
De celeste pastor a ovelha oprimida...
De poderoso trono à cruz do martírio...
Do verbo santificante ao angustiado silêncio...
De advogado das criaturas a réu sem defesa...
Dos braços dos amigos ao contacto de ladrões...
De doador da vida eterna a sentenciado no vale da morte...
Humilhou-se e apagou-se para que o homem se eleve e brilhe para sempre!
Oh! Senhor, que não fizeste por nós, a fim de aprendermos o caminho da Gloriosa Ressurreição no Reino?

terça-feira, 2 de abril de 2013


O HOMEM COM JESUS

       “Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.” — Paulo. (FILIPENSES, CAPÍTULO 4, VERSÍCULO 4.)

Com Jesus, ergue-se o Homem
Da treva à luz...
Da inércia ao serviço...
Da ignorância à sabedoria...
Do instinto à razão...
Da força ao direito...
Do egoísmo à fraternidade...
Da tirania à compaixão...
Da violência ao entendimento...
Do ódio ao amor...
Da posse mentirosa à procura dos bens imperecíveis...
Da conquista sanguinolenta à renúncia edificante...
Da extorsão à justiça...
Da dureza à piedade...
Da palavra vazia ao verbo criador...
Da monstruosidade à beleza...
Do vício à virtude...
Do desequilíbrio à harmonia...
Da aflição ao contentamento...
Do pântano ao monte...
Do lodo à glória...
Homem, meu irmão, regozijemo-nos em plena luta redentora!
Que píncaros de angelitude poderemos alcançar se nos consagrarmos realmente ao Divino Amigo que desceu e se humilhou por nós?

segunda-feira, 1 de abril de 2013


LÓGICA DA PROVIDÊNCIA

       “Depois que fostes iluminados, suportastes grande combate de aflições.” — Paulo. (HEBREUS, CAPÍTULO 10, VERSÍCULO 32.)

Os cultivadores da fé sincera costumam ser indicados, no mundo, à conta de grandes sofredores.
Há mesmo quem afirme afastar-se deliberadamente dos círculos religiosos, temendo o contágio de padecimentos espirituais.
Os ímpios, os ignorantes e os fúteis exibem-se, espetacularmente, na vida comum, através de traços bizarros da fantasia exterior; todavia, quando se abeiram das verdades celestes, antes de adquirirem acesso às alegrias permanentes da espiritualidade superior, atravessam grandes túneis de tristeza, abatimento e taciturnidade. O fenômeno, entretanto, é natural, porquanto haverá sempre ponderação após a loucura e remorso depois do desregramento.
O problema, contudo, abrange mais vasto círculo de esclarecimentos.
A misericórdia que se manifesta na Justiça de Deus transcende à compreensão humana.
O Pai confere aos filhos ignorantes e transviados o direito às experiências mais fortes somente depois de serem iluminados. Só após aprenderem a ver com o espírito eterno é que a vida lhes oferece valores diferentes. Nascer-lhes-á nos corações, daí em diante, a força indispensável ao triunfo no grande combate das aflições.
Os frívolos e oportunistas, não obstante as aparências, são habitualmente almas frágeis, quais galhos secos que se quebram ao primeiro golpe da ventania. Os espíritos nobres, que suportam as tormentas do caminho terrestre, sabem disto.
Só a luz espiritual garante o êxito nas provações.
Ninguém concede a responsabilidade de um barco, cheio de preocupações e perigos, a simples crianças.