sexta-feira, 28 de junho de 2013

NÃO FALTA

       “E, se os deixar ir em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho, porque alguns deles vieram de longe.” — Jesus. (MARCOS, CAPÍTULO 8, VERSÍCULO 3.)

       A preocupação de Jesus pela multidão necessitada continua viva, através do tempo.
       Quantas escolas religiosas palpitam no seio das nações, ao influxo do amor providencial do Mestre Divino?
       Pode haver homens perversos e desesperados que perseveram na malícia e na negação, mas não se vê coletividade sem o socorro da fé. Os próprios selvagens recebem postos de assistência do Senhor, naturalmente de acordo com a rusticidade de suas interpretações primitivistas. Não falta alimento do céu às criaturas. Se alguns espíritos se declaram descrentes da Paternidade de Deus, é que se encontram incapazes ou enfermos pelas ruínas interiores a que se entregaram.
Jesus manifesta invariável preocupação em nutrir o espírito dos tutelados, através de mil modos diferentes, desde a taba do indígena às catedrais das grandes metrópoles.
Nesses postos de socorro sublime, o homem aprende, em esforço gradativo, a alimentar-se espiritualmente, até trazer a igreja ao próprio lar, transportando-a do santuário doméstico para o recinto do próprio coração.
Pouca gente medita na infinita misericórdia que serve, no mundo, à mesa edificante das idéias religiosas.
Inclina-se o Mestre ao bem de todos os homens. Cheio de abnegação e amor sabe alimentar, com recursos específicos, o ignorante e o sábio, o indagador e o crente, o revoltado e o infeliz.
Mais que ninguém, compreende Jesus que, de outro modo, as criaturas cairiam, exaustas, nos imensos despenhadeiros que marginam a senda evolutiva.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

CONDIÇÃO COMUM

       “Imediatamente, o pai do menino, clamando com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor! ajuda a minha incredulidade.” (MARCOS, CAPÍTULO 9, VERSÍCULO 24.)

Aquele homem da multidão, em se aproximando de Jesus com o filho enfermo, constitui expressão representativa do espírito comum da humanidade terrestre.
Os círculos religiosos comentam excessivamente a fé em Deus, todavia, nos instantes da tempestade, são escassos os devotos que permanecem firmes na confiança.
Revelam-se as massas muito atentas aos cerimoniais do culto exterior, participam das edificações alusivas à crença, contudo, ante as dificuldades do escândalo, quase toda gente resvala no despenhadeiro das acusações recíprocas.
Se falha um missionário, verifica-se a debandada. A comunidade dos crentes pousa os olhos nos homens falíveis, cegos às finalidades ou indiferentes às instituições. Em tal movimento de insegurança espiritual, sem paradoxo, as criaturas humanas crêem e descrêem, confiando hoje e desfalecendo amanhã.
Somos defrontados, ainda, pelo regime de incerteza de espíritos infantis que mal começam a conceber noções de responsabilidade.
Felizes, pois, aqueles que, à maneira do pai necessitado, se acercarem do Cristo, confessando a precariedade da posição Intima. Assim, em afirmando a crença com a boca, pedirão, ao mesmo tempo, ajuda para a sua falta de fé, atestando com lágrimas a própria miserabilidade.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

PECADO E PECADOR

       “Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz o bem, é de Deus; mas quem faz o mal, não tem visto a Deus.” — (3ª Epístola à João, 11.)

       A sociedade humana não deveria operar a divisão de si própria, como sendo um campo em que se separam bons e maus, mas sim viver qual grande família em que se integram os espíritos que começam a compreender o Pai e os que ainda não conseguiram pressenti-lo.
       Claro que as palavras “maldade” e “perversidade” ainda comparecerão, por vastíssimos anos, no dicionário terrestre, definindo certas atitudes mentais inferiores; todavia, é forçoso convir que a questão do mal vai obtendo novas interpretações na inteligência humana.
       O evangelista apresenta conceito justo. João não nos diz que o perverso está exilado de nosso Pai, nem que se conserva ausente da Criação. Apenas afirma que “não tem visto a Deus”.
Isto não significa que devamos cruzar os braços, ante as ervas venenosas e zonas pestilenciais do caminho; todavia, obriga-nos a recordar que um lavrador não retira espinheiros e detritos do solo, a fim de convertê-lo em precipícios.
Muita gente acredita que o “homem caído” é alguém que deve ser aniquilado. Jesus, no entanto, não adotou essa diretriz. Dirigindo-se, amorosamente, ao pecador, sabia-se, antes de tudo, defrontado por enfermo infeliz, a quem não se poderia subtrair as características de eternidade.
Lute-se contra o crime, mas ampare-se a criatura que se lhe enredou nas malhas tenebrosas.
O Mestre indicou o combate constante contra o mal, contudo, aguarda a fraternidade legítima entre os homens por marco sublime do Reino Celeste.

terça-feira, 25 de junho de 2013

MONTURO

       “Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” — Jesus. (LUCAS, CAPÍTULO 14, VERSÍCULO 35.)

Segundo deduzimos, Jesus emprestou significação ao monturo.
Terra e lixo, nesta passagem, revestem-se de valor essencial. Com a primeira, realizaremos a semeadura, com a segunda é possível fazer a adubação, onde se faça necessária.
Grande porção de aprendizes, imitando a atitude dos fariseus antigos, foge ao primeiro encontro com as “zonas estercorárias” do próximo; entretanto, tal se verifica porque lhes desconhecem as expressões proveitosas.
O Evangelho está cheio de lições, nesse setor do conhecimento iluminativo.
Se José da Galiléia ou Maria de Nazaré simbolizam terras de virtudes fartas, o mesmo não sucede aos apóstolos que, a cada passo, necessitam recorrer à fonte das lágrimas que escorrem do monturo de remorsos e fraquezas, propriamente humanos, a fim de fertilizarem o terreno empobrecido de seus corações. De quanto adubo dessa natureza precisaram Madalena e Paulo, por exemplo, até alcançarem a gloriosa posição em que se destacaram?
Transformemos nossas misérias em lições.
Identifiquemos o monturo que a própria ignorância amontoou em torno de nós mesmos, convertamo-lo em adubo de nossa “terra íntima” e teremos dado razoável solução ao problema de nossos grandes males.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

CONCILIAÇÃO

       “Concilia-te - depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz e o juiz te entregue ao oficial de justiça, e te encerrem na prisão.” Jesus. (MATEUS, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 25.)

Muitas almas enobrecidas, após receberem a exortação desta passagem, sofrem intimamente por esbarrarem com a dureza do adversário de ontem, inacessível a qualquer conciliação.
A advertência do Mestre, no entanto, é fundamentalmente consoladora para a consciência individual.
Assevera a palavra do Senhor — “concilia-te”, o que equivale a dizer “fazei de tua parte”.
Corrige quanto for possível, relativamente aos erros do passado, movimenta-te no sentido de revelar a boa vontade perseverante. Insiste na bondade e na compreensão.
Se o adversário é ignorante, medita na época em que também desconhecias as obrigações primordiais e observa se não agiste com piores características; se é perverso, categoriza-o à conta de doente e dementado em vias de cura.
Fazei o bem que puderes, enquanto palmilhas os mesmos caminhos, porque se for o inimigo tão implacável que te busque entregar ao juiz, de qualquer modo, terás então igualmente provas e testemunhos a apresentar. Um julgamento legítimo inclui todas as peças e somente os espíritos francamente impenetráveis ao bem, sofrerão o rigor da extrema justiça.
Trabalha, pois, quanto seja possível no capítulo da harmonização, mas se o adversário te desdenha os bons desejos, concilia-te com a própria consciência e espera confiante.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

AJUDA SEMPRE

       “Mas Paulo respondeu: Que fazeis vós, chorando e magoando-me o coração?” — (ATOS, CAPÍTULO 21, VERSÍCULO 13.)

Constitui passagem das mais dramáticas nos Atos dos Apóstolos aquela em que Paulo de Tarso se prepara, A frente dos testemunhos que o aguardavam em Jerusalém.
Na alma heróica do lutador não paira qualquer sombra de hesitação. Seu espírito, como sempre, está pronto. Mas, os companheiros choram e se lastimam; e, do coração sensível e valoroso do batalhador do Evangelho, fluí a indagação dolorosa.
Não obstante a energia serena que lhe domina a organização vigorosa, Paulo sentia falta de amigos tão corajosos quanto ele mesmo.
Os companheiros que o seguiam estavam sinceramente dispostos ao sacrifício, entretanto, não sabiam manifestar os sentimentos da alma fiel. É que o pranto ou a lamentação jamais ajudam, nos instantes de testemunho difícil. Quem chora, ao lado de um amigo em posição perigosa, desorganiza-lhe a resistência.
Jesus chorou no Horto, quando sozinho, mas, em Jerusalém, sob o peso da cruz, roga às mulheres generosas que O amparavam a cessação das lágrimas angustiosas. Na alvorada da Ressurreição, pede a Madalena esclareça o motivo de seu pranto, junto ao sepulcro.
A lição é significativa para todo aprendiz.
Se um ente amado permanece mais tempo sob a tempestade necessária, não te entregues a desesperos inúteis. A queixa não soluciona problemas. Ao invés de magoá-lo com soluços, aproxima-te dele e estende-lhe as mãos.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

É PARA ISTO

       “Não retribuindo mal por mal, nem injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados.” — (1ª EPÍSTOLA A PEDRO, CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 9.)

A fileira dos que reclamam foi sempre numerosa em todas as tarefas do bem.
No apostolado evangélico, reparamos, igualmente, essa regra geral.
Muitos aprendizes, em obediência ao pernicioso hábito, preferem o caminho dos atritos ou das dissidências escandalosas. No entanto, mais algum raciocínio despertaria a comunidade dos discípulos para a maior compreensão.
Convidar-nos-ia Jesus a conflitos estéreis, tão só para repetir os quadros do capricho individual ou da força tiranizante? Se assim fora, o ministério do Reino estaria confiado aos teimosos, aos discutidores, aos gigantes da energia física.
É contrasenso desfazer-se o servidor da Boa Nova em lamentações que não encontram razão de ser.
Amarguras, perseguições, calúnias, brutalidade, desentendimento? São velhas figurações que atormentam as almas na Terra. A fim de contribuir na extinção delas é que o Senhor nos chamou às suas fileiras. Não as alimentes, emprestando-lhes excessivo apreço.
O cristão é um ponto vivo de resistência ao mal, onde se encontre.
Pensa nisto e busca entender a significação do verbo suportar.
Não olvides a obrigação de servir com Jesus. É para isto que fomos chamados.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

EM FAMÍLIA

       “Aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua própria família e a recompensar seus pais, porque isto é bom e agradável diante de Deus.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA A TIMÓTEO, CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 4.)

A luta em família é problema fundamental da redenção do homem na Terra. Como seremos benfeitores de cem ou mil pessoas, se ainda não aprendemos a servir cinco ou dez criaturas? Esta é indagação lógica que se estende a todos os discípulos sinceros do Cristianismo.
Bom pregador e mau servidor são dois títulos que se não coadunam.
O apóstolo aconselha o exercício da piedade no centro das atividades domésticas, entretanto, não alude à piedade que chora sem coragem ante os enigmas aflitivos, mas àquela que conhece as zonas nevrálgicas da casa e se esforça por eliminá-las, aguardando a decisão divina a seu tempo.
Conhecemos numerosos irmãos que se sentem sozinhos, espiritualmente, entre os que se lhes agregaram ao círculo pessoal, através dos laços consangüíneos, entregando-se, por isso, a lamentável desânimo.
É imprescindível, contudo, examinar a transitoriedade das ligações corpóreas, ponderando que não existem uniões casuais no lar terreno. Preponderam aí, por enquanto, as provas salvadoras ou regenerativas. Ninguém despreze, portanto, esse campo sagrado de serviço por mais se sinta acabrunhado na incompreensão. Constituiria falta grave esquecer-lhe as infinitas possibilidades de trabalho iluminativo.
É impossível auxiliar o mundo, quando ainda não conseguimos ser úteis nem mesmo a uma casa pequena — aquela em que a Vontade do Pai nos situou, a título precário.
Antes da grande projeção pessoal na obra coletiva, aprenda o discípulo a cooperar, em favor dos familiares, no dia de hoje, convicto de que semelhante esforço representa realização essencial.

terça-feira, 18 de junho de 2013

OUÇAM-NOS

       “Disse-lhe Abraão: Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. — (LUCAS, CAPÍTULO 16, VERSÍCULO 29.)

       A resposta de Abraão ao rico da parábola ainda é ensinamento de todos os dias, no caminho comum.
       Inúmeras pessoas se aproximam das fontes de revelação espiritual, entretanto, não conseguem a libertação dos laços egoísticos de modo que vejam e ouçam, qual lhes convém aos interesses essenciais.
       Há precisamente um século, estabeleceu-se intercâmbio mais intenso entre os dois planos, na grande movimentação do Cristianismo Rede Vivo; contudo, há aprendizes que contemplam o céu, angustiados tão-só porque nunca receberam a mensagem direta de um pai ou de um filho na experiência humana. Alguns chegam ao disparate de se desviarem da senda alegando tais motivos.
       Para esses, o fenômeno e a revelação no Espiritismo evangélico são simples conjunto de inverdades, porque nada obtiveram de parentes mortos, em consecutivos anos de observação.
Isso, porém, não passa de contra senso.
Quem poderá garantir a perpetuidade dos elos frágeis das ligações terrestres?
O impulso animal tem limites.
Ninguém justifique a própria cegueira com a insatisfação do capricho pessoal.
O mundo está repleto de mensagens e emissários, há milênios. O grande problema, no entanto, não está em requisitar-se a verdade para atender ao círculo exclusivista de cada criatura, mas na deliberação de cada homem, quanto a caminhar com o próprio valor, na direção das realidades eternas.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A PORTA

       “Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas.” — (JOÃO, CAPÍTULO 10, VERSÍCULO 7.)

Não basta alcançar as qualidades da ovelha, quanto à mansidão e ternura, para atingir o Reino Divino.
É necessário que a ovelha reconheça a porta da redenção, com o discernimento imprescindível, e lhe guarde o rumo, despreocupando-se dos apelos de ordem inferior, a eclodirem das margens do caminho.
Daí concluirmos que a cordura, para ser vitoriosa, não dispensa a cautela na orientação a seguir.
Nem sempre a perda do rebanho decorre do ataque de feras, mas sim porque as ovelhas imprevidentes transpõem barreiras naturais, surdas à voz do pastor, ou cegas quanto às saídas justas, em demanda das pastagens que lhes competem. Quantas são acometidas, de inesperado, pelo lobo terrível, porque, fascinadas pela verdura de pastos vizinhos, se desviam da estrada que lhes é própria, quebrando obstáculos para atender a destrutivos impulsos?
Assim acontece com os homens no curso da experiência.
Quantos espíritos nobres hão perdido oportunidades preciosas pela própria imprudência?
Senhores de admiráveis patrimônios, revelam-se, por vezes, arbitrários e caprichosos. Na maioria das situações, copiam a ovelha virtuosa e útil que, após a conquista de vários títulos enobrecedores, esquece a porta a ser atingida e quebra as disciplinas benéficas e necessárias, para entregar-se ao lobo devorador.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

NOVOS ATENIENSES

       “Mas quando ouviram falar da ressurreição dos mortos, uns escarneciam e outros diziam: acerca disso te ouviremos outra vez.” — (ATOS, CAPÍTULO 17, VERSÍCULO 32.)

O contacto de Paulo com os atenienses, no Areópago, apresenta lição interessante aos discípulos novos.
Enquanto o apóstolo comentava as suas impressões da cidade célebre, aguçando talvez a vaidade dos circunstantes, pelas referências aos santuários e pelo jogo sutil dos raciocínios, foi atentamente ouvido. É possível que a Assembléia o aclamasse com fervor, se sua palavra se detivesse no quadro filosófico das primeiras exposições. Atenas reverenciá-lo-ia, então, por sábio, apresentando-o, ao mundo, na moldura especial de seus nomes inesquecíveis.
Paulo, todavia, refere-se à ressurreição dos mortos, deixando entrever a gloriosa continuação da vida, além das ninharias terrestres. Desde esse instante, os ouvintes sentiram-se menos bem e chegaram a escarnecer-lhe a palavra amorosa e sincera, deixando-o quase só.
O ensinamento enquadra-se perfeitamente nos dias que correm. Numerosos trabalhadores do Cristo, nos diversos setores da cultura moderna, são atenciosamente ouvidos e respeitados por autoridades nos assuntos em que se especializaram; contudo, ao declararem sua crença na vida além do corpo, em afirmando a lei de responsabilidade, para lá do sepulcro, recebem, de imediato, o riso escarninho dos admiradores de minutos antes, que os deixam sozinhos, proporcionando-lhes a impressão de verdadeiro deserto.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

TUA FÉ

       “E ele lhe disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz.” — (LUCAS, CAPÍTULO 8, VERSÍCULO 48.)

É importante observar que o Divino Mestre, após o benefício dispensado, sempre se reporta ao prodígio da fé, patrimônio sublime daqueles que O procuram.
Diversas vezes, ouvimo-lo na expressiva afirmação: — “A tua fé te salvou.” Doentes do corpo e da alma, depois do alívio ou da cura, escutam a frase generosa. É que a vontade e a confiança do homem são poderosos fatores no desenvolvimento e iluminação da vida.
O navegante sem rumo e que em nada confia, somente poderá atingir algum porto em virtude do jogo das forças sobre as quais se equilibra, desconhecendo, porém, de maneira absoluta, o que lhe possa ocorrer.
O enfermo, descrente da ação de todos os remédios, é o primeiro a trabalhar contra a própria segurança. O homem que se mostra desalentado em todas as coisas, não deverá aguardar a cooperação útil de coisa alguma.
As almas vazias embalde reclamam o quinhão de felicidade que o mundo lhes deve. As negações, em que perambulam, transformam-nas, perante a vida, em zonas de amortecimento, quais isoladores em eletricidade. Passa corrente vitalizante, mas permanecem insensíveis.
Nos empreendimentos e necessidades de teu caminho, não te isoles nas posições negativas.
Jesus pode tudo, teus amigos verdadeiros farão o possível por ti; contudo, nem o Mestre e nem os companheiros realizarão em sentido integral a felicidade que ambicionas, sem o concurso de tua fé, porque também tu és filho do mesmo Deus, com as mesmas possibilidades de elevação.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

TABERNÁCULOS ETERNOS

       “Também vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.” — Jesus. (LUCAS, CAPÍTULO 16, VERSÍCULO 9.)

Um homem despercebido das obrigações espirituais julgará encontrar nesta passagem um ladrão inteligente comprando o favor de advogados venais, de modo a reintegrar-se nos títulos honrosos da convenção humana. Todavia, quando Jesus fala em amigos, refere-se a irmãos sinceros e devotados, e, quando menciona as riquezas da injustiça, inclui o passado total da criatura, com todas as lições dolorosas que o caracterizam. Assim também, quando se reporta aos tabernáculos eternos, não os localiza em passos celestiais.
O Mestre situou o tabernáculo sagrado no coração do homem.
Mais que ninguém, o Salvador identificava-nos as imperfeições e, evidenciando imensa piedade, ante as deficiências que nos assinalam o espírito, proferiu as divinas palavras que nos servem ao estudo.
Conhecendo-nos os desvios, asseverou, em síntese, que devemos aproveitar os bens transitórios, ao alcance de nossas mãos, mobilizando-os na fraternidade legitima para que, esquecendo os crimes e ódios de outro tempo, nos façamos irmãos abnegados uns dos outros.
Valorizemos, desse modo, a nossa permanência nos serviços da Terra, na condição de encarnados ou desencarnados, favorecendo, por todos os recursos ao nosso dispor, a própria melhoria e a elevação dos nossos semelhantes, agindo na direção da luz e amando sempre, porquanto, dentro dessas normas de solidariedade sublime, poderemos contar com a dedicação de amigos fiéis que, na qualidade de discípulos mais dedicados e enobrecidos que nós, nos auxiliarão efetivamente, acolhendo-nos em seus corações, convertidos em tabernáculos do Senhor, ajudando-nos não só a obter novas oportunidades de reajustamento e santificação, mas também endossando perante Jesus as nossas promessas e aspirações, diante da vida superior.

terça-feira, 11 de junho de 2013

GRANJEAI AMIGOS

       “Também vos digo: granjeai amigos com as riquezas da injustiça.” — Jesus. (LUCAS, CAPÍTULO 16, VERSÍCULO 9.)

       Se o homem conseguisse, desde a experiência humana, devassar o pretérito profundo, chegaria mais rapidamente à conclusão de que todas as possibilidades que o felicitam, em conhecimento e saúde, provêm da Bondade Divina e de que a maioria dos recursos materiais, à disposição de seus caprichos, procede da injustiça.
       Não nos cabe particularizar e, sim, deduzir que as concepções do direito humano se originaram da influência divina, porque, quanto a nós outros, somos compelidos a reconhecer nossa vagarosa evolução individual do egoísmo feroz para o amor universalista, da iniquidade para a justiça real.
Bastará recordar, nesse sentido, que quase todos os Estados terrestres se levantaram, há séculos, sobre conquistas cruéis. Com exceções, os homens têm sido servos dissipadores que, no momento do ajuste, não se mostram à altura da mordomia.
Eis por que Jesus nos legou a parábola do empregado infiel, convidando-nos à fraternidade sincera para que, através dela, encontremos o caminho da reabilitação.
O Mestre aconselhou-nos a granjear amigos, isto é, a dilatar o círculo de simpatias em que nos sintamos cada vez mais intensivamente amparados pelo espírito de cooperação e pelos valores intercessórios.
Se o nosso passado espiritual é sombrio e doloroso, busquemos simplificá-lo, adquirindo dedicações verdadeiras, que nos auxiliem através da subida áspera da redenção. Se não temos hoje determinadas ligações com as riquezas da injustiça, tivemo-las, ontem, e faz-se imprescindível aproveitar o tempo para o nosso reajustamento individual perante a Justiça Divina.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

MAGNETISMO PESSOAL

       “E toda a multidão procurava tocar-lhe, porque saía dele uma virtude que os curava a todos.” — (LUCAS, CAPÍTULO 6, VERSÍCULO 19.)

Na atualidade, observamos toda uma plêiade de espiritualistas eminentes, espalhando conceitos relativos ao magnetismo pessoal, com tamanha estranheza, qual se estivéssemos perante verdadeira novidade do século 19.
Tal serviço de investigação e divulgação dos poderes ocultos do homem representa valioso concurso na obra educativa do presente e do futuro, no entanto, é preciso lembrar que a edificação não é nova.
Jesus, em sua passagem pelo Planeta, foi a sublimação individualizada do magnetismo pessoal, em sua expressão substancialmente divina. As criaturas disputavam-lhe o encanto da presença, as multidões seguiam-lhe os passos, tocadas de singular admiração. Quase toda gente buscava tocar-lhe a vestidura. Dele emanavam irradiações de amor que neutralizavam moléstias recalcitrantes.
Produzia o Mestre, espontaneamente, o clima de paz que alcançava quantos lhe gozavam a companhia.
Se pretendes, pois, um caminho mais fácil para a eclosão plena de tuas potencialidades psíquicas, é razoável aproveites a experiência que os orientadoreS terrestres te oferecem, nesse sentido, mas não te esqueças dos exemplos e das vivas demonstrações de Jesus.
Se intentas atrair, é imprescindível saber amar. Se desejas influência legítima na Terra, santifica-te pela influência do Céu.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

TRÊS IMPERATIVOS

       “E eu vos digo a vós: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.” — Jesus. (LUCAS, CAPÍTULO 11, VERSÍCULO 9.)

Pedi, buscai, batei...
Estes três imperativos da recomendação de Jesus não foram enunciados sem um sentido especial.
No emaranhado de lutas e débitos da experiência terrestre, é imprescindível que o homem aprenda a pedir caminhos de libertação da antiga cadeia de convenções sufocantes, preconceitos estéreis, dedicações vazias e hábitos cristalizados. É necessário desejar com força e decisão a saída do escuro cipoal em que a maioria das criaturas perdeu a visão dos interesses eternos.
Logo após, é imprescindível buscar.
A procura constitui-se de esforço seletivo, O campo jaz repleto de solicitações inferiores, algumas delas recamadas de sugestões brilhantes. É indispensável localizar a ação digna e santificadora. Muitos perseguem miragens perigosas, à maneira das mariposas que se apaixonam pela claridade de um incêndio. Chegam de longe, acercam-se das chamas e consomem a bênção do corpo.
É imperativo aprender a buscar o bem legítimo.
Estabelecido o roteiro edificante, é chegado o momento de bater à porta da edificação; sem o martelo do esforço metódico e sem o buril da boa vontade, é muito difícil transformar os recursos da vida carnal em obras luminosas de arte divina, com vistas à felicidade espiritual e ao amor eterno.
Não bastará, portanto, rogar sem rumo, procurar sem exame e agir sem objetivo elevado.
Peçamos ao Senhor nossa libertação da animalidade primitivista, busquemos a espiritualidade sublime e trabalhemos por nossa localização dentro dela, a fim de converter-nos em fiéis instrumentos da Divina Vontade.
Pedi, buscai, batei!... Esta trilogia de Jesus reveste-se de especial significação para os aprendizes do Evangelho, em todos os tempos.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

ORAÇÃO

       “Perseverai em oração, velando nela com ação de graças.” — Paulo. (COLOSSENSES, CAPÍTULO 4, VERSÍCULO 2.)

Muitos crentes estimariam movimentar a prece, qual se mobiliza uma vassoura ou um martelo.
Exigem resultados imediatos, por desconhecerem qualquer esforço preparatório. Outros perseveram na oração, mantendo-se, todavia, angustiados e espantadiços. Desgastam-se e consomem valiosas energias nas aflições injustificáveis. Enxergam somente a maldade e a treva e nunca se dignam examinar o tenro broto da semente divina ou a possibilidade próxima ou remota do bem. Encarceram-se no “lado mau” e perdem, por vezes, uma existência inteira, sem qualquer propósito de se transferirem para o ‘‘lado bom’’.
Que probabilidade de êxito se reservará ao necessitado que formula uma solicitação em gritaria, com evidentes sintomas de desequilíbrio? O concessionário sensato, de início, adiará a solução, aguardando, prudente, que a serenidade volte ao pedinte.
A palavra de Paulo é clara, nesse sentido.
É indispensável persistir na oração, velando nesse trabalho com ação de graças. E forçoso é reconhecer que louvar não é apenas pronunciar votos brilhantes. É também alegrar-se em pleno combate pela vitória do bem, agradecendo ao Senhor os motivos de sacrifício e sofrimento, buscando as vantagens que a adversidade e o trabalho nos trouxeram ao espírito.
Peçamos a Jesus o dom da paz e da alegria, mas não nos esqueçamos de glorificar-lhe os sublimes desígnios, toda vez que a sua vontade misericordiosa e justa entra em choque com os nossos propósitos inferiores. E estejamos convencidos de que oração intempestiva, constituída de pensamentos desesperados e descabidas exigências, destina-se ao chão renovador qual acontece à flor improdutiva que o vento leva.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

PIEDADE

       “Mas é grande ganho a piedade com contentamento.” — Paulo. (1ª A TIMÓTEO, CAPÍTULO 6, VERSÍCULO 6.)

Fala-se muito em piedade na Terra, todavia, quando assinalamos referências a semelhante virtude, dificilmente discernimos entre compaixão e humilhação.
—    Ajudo, mas este homem é um viciado.
—    Atenderei, entretanto, essa mulher é ignorante e má.
—    Penalizo-me, contudo, esse irmão é ingrato e cruel.
—    Compadeço-me, todavia, trata-se de pessoa imprestável.
Tais afirmativas são reiteradas a cada passo por lábios que se afirmam cristãos.
Realmente, de maneira geral, só encontramos na Terra essa compaixão de voz macia e mãos espinhosas.
Deita mel e veneno.
Balsamiza feridas e dilacera-as.
Estende os braços e cobra dívidas de reconhecimento.
Socorre e espanca.
Ampara e desestimula.
Oferece boas palavras e lança reptos hostis.
Sacia a fome dos viajores da experiência com pães recheados de fel.
A verdadeira piedade, no entanto, é filha legítima do amor.
Não perde tempo na identificação do mal.
Interessa-se excessivamente no bem para descurar-se dele em troca de ninharias e sabe que o minuto é precioso na economia da vida.
O Evangelho não nos fala dessa piedade mentirosa, cheia de ilusões e exigências. Quem revela energia suficiente para abraçar a vida cristã, encontra recursos de auxiliar alegremente. Não se prende às teias da crítica destrutiva e sabe semear o bem, fortificar-lhe os germens, cultivar-lhe os rebentos e esperar-lhe a frutificação.
Diz-nos Paulo que a “piedade com contentamento” é “grande ganho” para a alma e, em verdade, não sabemos de outra que nos possa trazer prosperidade ao coração.

terça-feira, 4 de junho de 2013

HÁ MUITA DIFERENÇA

       “E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou.” — (ATOS, CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 6.)

       É justo recomendar muito cuidado aos que se interessam pelas vantagens da política humana, reportando-se a Jesus e tentando explicar, pelo Evangelho, certos absurdos em matéria de teorias sociais.
       Quase sempre, a lei humana se dirige ao governado, nesta fórmula: — “O que tens me pertence.”
       O Cristianismo, porém, pela boca inspirada de Pedro, assevera aos ouvidos do próximo: 
       — “O que tenho, isso te dou.”
       Já meditaste na grandeza do mundo, quando os homens estiverem resolvidos a dar do que possuem para o edifício da evolução universal?
       Nos serviços da caridade comum, nas instituições de benemerência pública, raramente a criatura cede ao semelhante aquilo que lhe constitui propriedade intrínseca.
Para o serviço real do bem eterno, fiar-se-á alguém nas posses perecíveis da Terra, em caráter absoluto?
O homem generoso distribuirá dinheiro e utilidades com os necessitados do seu caminho, entretanto, não fixará em si mesmo a luz e a alegria que nascem dessas dádivas, se as não realizou com o sentimento do amor, que, no fundo, é a sua riqueza imperecivel e legítima.
Cada individualidade traz consigo as qualidades nobres que já conquistou e com que pode avançar sempre, no terreno das aquisições espirituais de ordem superior.
Não olvides a palavra amorosa de Pedro e dá de ti mesmo, no esforço de salvação, porquanto quem espera pelo ouro ou pela prata, a fim de contribuir nas boas obras, em verdade ainda se encontra distante da possibilidade de ajudar a si próprio.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

OBSERVAÇÃO PRIMORDIAL

       “E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, ó Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é um só.” — (MARCOS, CAPÍTULO 12, VERSÍCULO 29.)

Replicando ao escriba que o interpelou, com relação ao primeiro de todos os mandamentos, Jesus precede o artigo inicial do Decálogo de observação original que merece destacada.
Antes de todos os programas de Moisés, das revelações dos Profetas e de suas próprias bênçãos redentoras no Evangelho, o Mestre coloca uma declaração enérgica de princípios, conclamando todos os espíritos ao plano da unidade substancial. Alicerçando o serviço salvador que Ele mesmo trazia das esferas mais altas, proclama o Cristo à Humanidade que só existe um Senhor Todo Poderoso — o Pai de Infinita Misericórdia.
Sabia, de antemão, que muitos homens não aceitariam a verdade, que almas numerosas buscariam escapar às obrigações justas, que surgiriam retardamento, má vontade, indiferença e preguiça, em torno da Boa Nova; no entanto, sustentou a unidade divina, a fim de que todos os aprendizes se convencessem de que lhes seria possível envenenar a liberdade própria, criar deuses fictícios, erguer discórdias, trair provisoriamente a Lei, estacionar nos caminhos, ensaiar a guerra e a destruição, contudo, jamais poderiam enganar o plano das verdades eternas, ao qual todos se ajustarão, um dia, na perfeita compreensão de que “o Senhor é nosso Deus, o Senhor é um só”.